Rússia x Ucrânia: por que maior usina nuclear da Europa alerta autoridades
O Ministério da Defesa da Rússia alertou hoje que, se ocorrer um acidente numa usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, o material radioativo cobriria Alemanha, Polônia e Eslováquia. Igor Kirillov, chefe das Forças de Defesa Radioativa, Química e Biológica da Rússia, disse que os sistemas de apoio de backup da usina foram danificados como resultado do bombardeio, e que vários países da Europa podem estar em risco se houver um acidente.
O alerta ocorre no mesmo momento em que as tensões sobre o status da usina vieram à tona, com o destino da instalação —a maior planta do tipo da Europa— a ser discutido em conversas entre o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy em reunião marcada para a tarde desta quinta-feira (18).
O governo russo afirma que pode fechar a usina nuclear se as forças ucranianas continuarem a bombardear a instalação. A Ucrânia nega ter bombardeado a fábrica e, em vez disso, culpa a Rússia por colocar a instalação em perigo, dizendo que está armazenando munição e equipamento militar lá.
O assunto provoca preocupação na comunidade internacional. A Ucrânia e outros países já alertaram para o potencial de um acidente catastrófico na usina. Na quarta-feira (17), o Ministério de Emergências da Ucrânia realizou um exercício de catástrofe nuclear na cidade de Zaporizhzhia, localizada no sudeste da Ucrânia, no rio Dnipro, em caso de acidente.
Zelenskyy disse ontem à noite que diplomatas e cientistas nucleares ucranianos estão em "contato constante" com a Agência Internacional de Energia Atômica e trabalhando para colocar uma equipe de inspetores na usina que está ocupada por tropas russas desde os estágios iniciais da guerra.
As tensões sobre a usina aumentaram nas últimas semanas com a Ucrânia acusando a Rússia de usar a instalação como um escudo e parte de uma estratégia de "chantagem nuclear".
Os riscos envolvidos nessa questão apontam para a possibilidade de um acidente na maior usina nuclear da Europa. Essa é uma perspectiva aterrorizante para a Ucrânia, um país que ainda vive com as cicatrizes do desastre de Chernobyl em 1986, que continua sendo o pior acidente nuclear da história e que levou à disseminação de material radioativo pela Europa.
"Provavelmente mais do que qualquer país do mundo, a Ucrânia está ciente das consequências de uma explosão e incêndio em uma usina nuclear", afirmou na semana passada o thinktank britânico Chatham House. No entanto, a entidade aponta que os reatores de Zaporizhzhia são diferentes dos que estavam em Chernobyl, mas que, no entanto, um acidente na usina pode ter consequências significativas para a Ucrânia.
Otan pede inspeção "urgente". A entidade considera "urgente" que o órgão de controle nuclear da ONU realize uma inspeção da usina nuclear ucraniana de Zaporizhzhia, que se encontra sob controle militar da Rússia, afirmou o secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg, ontem.
"É urgente autorizar uma inspeção por parte da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) e garantir a retirada de todas as forças russas do local", declarou Stoltenberg em coletiva de imprensa em Bruxelas. A ocupação russa da usina de Zaporizhzha "representa uma ameaça séria para as instalações [e] aumenta o risco de um acidente ou um incidente nuclear", alertou ela.
Ucrânia e Rússia se acusam dos ataques. Os governos da Ucrânia e da Rússia se acusam mutuamente de ataques contra a central nuclear. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia de "chantagem" nuclear no sábado, dizendo que Moscou usa a usina para "intimidar as pessoas de uma maneira muito cínica", em seu discurso diário na televisão.
"Eles organizam constantes provocações com bombardeios contra o território da usina nuclear e tentam trazer forças adicionais nessa direção para chantagear nosso Estado e todo o mundo livre", acrescentou.
Ele assegurou que as forças russas estão "escondidas" na usina para bombardear as cidades de Nikopol e Marganets, que estão sob controle ucraniano.
Por sua vez, as autoridades de ocupação instaladas pela Rússia em partes do sul da Ucrânia acusaram Kiev de estar por trás dos ataques.
"Enerhodar e a central nuclear de Zaporizhzhia estão sob fogo de militantes [do presidente Volodimir] Zelensky", declarou no Telegram Vladimir Rogov, membro da administração militar e civil pró-Rússia.
Os projéteis caíram "em áreas situadas nas margens do [rio] Dnieper e na central", afirmou Rogov, sem provocar vítimas nem danos. Desde a semana passada, os dois países se acusam da autoria dos bombardeios contra usina de Zaporizhzhia, gerando temor de uma catástrofe nuclear.
O primeiro ataque, ocorrido em 5 de agosto, danificou um transformador elétrico de alta tensão, o que provocou a paralisação automática do reator número 3 da maior usina nuclear da Europa.
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