'Ele não treinou antes', diz amigo de brasileiro que tentou matar Kirchner
Um amigo de infância de Fernando Andrés Sabag Montiel, 35 anos, brasileiro preso por tentar atirar na vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, afirmou que o agressor lhe disse há 10 meses que planejava comprar uma arma e afirmou que Montiel "infelizmente não ensaiou" antes ir ao local em que o ataque ocorreu, na noite de quinta-feira (1).
"Acho que a intenção original dele era matá-la, sim, mas infelizmente ele não ensaiou antes", afirmou. "Se Cristina tivesse sido assassinada, fariam dela uma mártir, ela apareceria nos livros de história e se livraria de todas as acusações de corrupção, então ainda bem que ele não atirou nela", disse.
Segundo ele, Montiel era solitário e um mentiroso compulsivo que costumava inventar histórias para se sentir reconhecido. "Esse ataque era esperado porque ele não tinha mais nada a perder", disse.
"Eu o conheço desde 2004. Sempre nos encontrávamos. Fazíamos parte de uma subcultura urbana. Ele sempre tinha um frasco na mão, sempre sacudia nas pessoas, sempre parecia magoado. Se estivéssemos na escola, ele seria o pária gordinho. Éramos crianças e tínhamos que descontar em alguém, e ele era esse alguém", disse à emissora argentina Telefe. "Quanto mais repressão, mais revolução. Ele não tinha mais nada a perder", repetiu.
Descrito como "um cara solitário, muito dependente da falecida mãe", Montiel uma vez tentou comprar uma arma para matar seus algozes, segundo o relato à TV argentina. "Ele sempre contava que tinha armas e ia atirar no campo, mas como o tínhamos como mitômano, ninguém o levava a sério", disse.
Sobre o ataque a Kirchner, o amigo de Fernando Andrés se disse chocado. "Não consigo acreditar. Deixa-me muito triste, mas quando você é adulto você decide e tem que assumir", afirmou.
Amigo de Sabag Montiel deverá depor
O amigo do agressor da vice-presidente Cristina Kirchner foi intimado a depor pela juíza federal María Eugenia Capuchetti , após as declarações na televisão. A medida é uma das muitas tomadas pelos investigadores, que tentam descobrir se a ação foi previamente planejada ou discutida pelo agressor com pessoas próximas.
Quem é Fernando André Sabag Montiel
Brasileiro, Fernando André Sabag Montiel foi detido depois de tentar atirar na vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner. O presidente Alberto Fernández classificou a tentativa de atentado como "o incidente mais grave a acontecer desde que recuperamos a democracia". Em um vídeo postado nas redes sociais, ouve-se um clique quando a arma de fogo é brandida a poucos centímetros do rosto de Kirchner.
Não há provas imediatas de que Sabag Montiel tenha tido motivação política. Ele tem uma tatuagem de um símbolo nazista no braço. O presidente argentino pediu à Justiça para garantir a segurança do agressor enquanto estiver detido.
Quem é Cristina Kirchner
Considerada uma populista de esquerda, Kirchner foi presidente da Argentina de 2007 a 2015 e primeira-dama de 2003 a 2007. O incidente ocorreu perto de sua residência, onde dezenas de pessoas se reuniram para mostrar seu apoio ao vice-presidente, que está sendo julgada por corrupção no país. Figura importante no cenário político da Argentina, ela pode pegar até 12 anos de prisão por suposto envolvimento num esquema ilegal sobre contratos públicos. Ela negou envolvimento e chamou o julgamento de "perseguição política".
A Argentina enfrenta atualmente uma das crises de inflação mais graves do mundo, com taxas de juros em torno de 70%. O país teve três ministros da economia desde julho.
O falecido marido de Kirchner e antecessor presidencial, Néstor Kirchner, ajudou a Argentina a sair do colapso econômico. Juntos, eles construíram um movimento econômico definido por forte intervenção e crescimento, mas seu legado foi marcado por acusações de corrupção.
Fernando André Sabag Montiel não morava no Brasil
Filho do chileno Fernando Ernesto Araya, 64, e da argentina Viviana Beatriz Sabag, Fernando André Sabag Montiel nasceu em São Paulo, em 13 de janeiro de 1987. Em 1993, quando ele tinha 6 anos, a família se mudou para Buenos Aires. O autor da tentativa de atentado trabalhava como motorista de aplicativo e morava em La Paternal, bairro pobre de Buenos Aires.
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