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Guerra da Rússia-Ucrânia

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'Drone kamikaze': como funciona a arma descartável que a Rússia usa em Kiev

Moradores locais observam partes do que as autoridades ucranianas consideram ser um drone kamikaze russo em Kiev - Reuters
Moradores locais observam partes do que as autoridades ucranianas consideram ser um drone kamikaze russo em Kiev Imagem: Reuters

Luan Martendal

Colaboração para o UOL

17/10/2022 13h23Atualizada em 17/10/2022 17h06

Pela primeira vez desde o início da guerra, a Rússia usou drones kamikaze para atacar Kiev. Os equipamentos começaram a ser utilizados nesta segunda-feira (17), levando terror e destruição ao centro da capital ucraniana, um dia após o presidente russo Vladimir Putin declarar que o Kremlin não via necessidade de bombardear massivamente o país vizinho.

A Rússia tem utilizado drones Shahed-136 (chamados de Geranium-2, na Rússia) contra a infraestrutura de energia da Ucrânia desde setembro e, agora, iniciou seus ataques em Kiev.

A ofensiva sobre as áreas centrais da capital ocorre dias depois da explosão da ponte de Kerch, principal rota de ligação entre a Crimeia e a Rússia. Nos ataques desta segunda-feira, uma pessoa morreu e três ficaram feridas durante os bombardeios.

Segundo o site especializado em notícias aeroespaciais, aviação e veículos de defesa "Military Factory", os drones kamikaze têm fabricação iraniana e são usados para neutralizar alvos terrestres à distância.

Eles levam esse nome por ser descartáveis, ou seja, ao atingir o alvo eles são destruídos, ao contrário dos drones militares tradicionais, que voltam para sua base após o lançamento dos mísseis.

O jornal britânico "The Guardian" define esses drones como pequenos mísseis de cruzeiro com uma capacidade de destruição relativamente limitada devido à sua carga útil, que não ultrapassa os 50 quilos.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirma que a Rússia comprou ao menos 2,4 mil drones kamikaze para atacar o país.

O Irã negou ter fornecido armas à Rússia, apesar das evidências contrárias.

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Pessoas fogem de ataques russos em Kiev, capital da Ucrânia
Imagem: GLEB GARANICH/REUTERS

Especialista em poder aéreo do think tank Royal United Services Institute, Justin Bronk afirmou ao "Guardian" que os drones são mais difíceis de interceptar, embora sua velocidade no ar seja comparativamente lenta em relação aos mísseis de cruzeiro, o que dá chance às defesas aéreas ucranianas para combatê-los.

"Em última análise, os drones dão à Rússia mais uma maneira de causar baixas civis e militares na Ucrânia, mas não mudarão a maré da guerra", disse o especialista à publicação.

Pequenos e portáteis, esses drones são difíceis de ser detectados quando disparados à distância.

A emissora de televisão estadunidense CNN confirmou que somente em um único dia os militares de Kiev conseguiram derrubar 17 drones Kamikaze.

Autoridades dos Estados Unidos também relataram ter evidências de que os drones iranianos "sofreram inúmeras falhas" no campo de batalha.

Em meio a ofensiva, os Estados Unidos também sinalizam que devem acelerar a entrega dos sistemas de defesa aérea prometidos pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos (que controla a NSA, a Agência Nacional de Segurança), os mesmos usados para proteger o Pentágono.

Em setembro, a Ucrânia recebeu o primeiro Sistema Nacional Avançado de Mísseis Terra-Ar para ajudar a combater os ataques russos.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Quem prometeu o sistema de defesa aérea foi o Departamento de Defesa dos Estados Unidos. O texto já foi corrigido.