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Castillo, Dilma, Collor: os líderes latinos que caíram nas últimas décadas

Pedro Castillo, Dilma Rousseff e Fernando Collor - REUTERS/Sebastian Castaneda, Estadão Conteúdo e Jefferson Rudy/Agência Senado
Pedro Castillo, Dilma Rousseff e Fernando Collor Imagem: REUTERS/Sebastian Castaneda, Estadão Conteúdo e Jefferson Rudy/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo*

08/12/2022 13h26Atualizada em 08/12/2022 18h14

Destituído e preso ontem por uma tentativa falha de dissolver o Congresso, o ex-presidente do Peru Pedro Castillo entrou para a lista de líderes da América Latina que foram obrigados a deixar seus cargos ou afastados.

Com sua medida, que também incluiu a tentativa de instituir um "governo de emergência", Castillo causou uma aceleração no Congresso, que aprovou o impeachment dele por "incapacidade moral".

Castillo foi substituído pela sua vice, a agora presidente Dina Boularte, que corre contra o tempo para construir sua equipe de governo. Ainda ontem, ao menos 12 ministros peruanos renunciaram.

A seguir, veja os líderes latino-americanos que foram destituídos ou forçados a renunciar nas últimas décadas.

Peru

Em 9 de novembro de 2020, o Congresso destituiu o presidente Martín Vizcarra do cargo também por "incapacidade moral" em um contexto de acusações de corrupção.

O presidente do Parlamento, Manuel Merino, o sucedeu, mas renunciou após cinco dias.

Em 21 de março de 2018, o presidente Pedro Pablo Kuczynski renunciou às vésperas de uma provável votação parlamentar para derrubá-lo no contexto de um escândalo de corrupção em torno da construtora brasileira Odebrecht.

Em novembro de 2000, o Congresso também destituiu o presidente Alberto Fujimori "por incapacidade moral permanente".

O líder fugiu para o Japão, mas foi extraditado anos depois. Em 2009, foi condenado a 25 anos de prisão por dirigir massacres de civis e, posteriormente, por corrupção. Foi libertado em 17 de março de 2022.

Equador

O vice-presidente equatoriano Jorge Glas, condenado no escândalo da Odebrecht a seis anos de prisão, foi deposto no início de 2018 após três meses afastado de suas funções devido à prisão.

Em abril de 2005, o presidente Lucio Gutiérrez também foi afastado do cargo após ser acusado, em meio a uma revolta popular, de ter colocado pessoas próximas a ele no Supremo Tribunal de Justiça.

Um de seus antecessores, Abdala Bucaram, acusado de desvio de dinheiro público, foi destituído em fevereiro de 1997, apenas seis meses após sua posse.

Brasil

A presidente Dilma Rousseff foi destituída em 31 de agosto de 2016 por mais de dois terços dos senadores, que a consideraram culpada de maquiar contas públicas num processo de impeachment altamente polêmico.

Em setembro de 2019, seu sucessor Michel Temer, rotulado de "golpista" pela esquerda, acabou definindo o impeachment como um "golpe", embora tenha negado participação.

Acusado de corrupção, o próprio Temer evitou por duas vezes, em 2017, um processo no STF graças ao voto dos deputados.

Em dezembro de 1992, Fernando ColLor de Mello, acusado de corrupção, renunciou antes de decisão sobre o impeachment. Por 76 votos a favor e 2 contra, ele foi condenado à inabilitação e perdeu seus direitos políticos por oito anos.

Guatemala

Em setembro de 2015, o presidente Otto Pérez, acusado de dirigir um esquema de corrupção nas alfândegas, perdeu sua imunidade. Diante do risco de impeachment, ele renunciou e foi preso posteriormente.

Em 7 de dezembro de 2022, foi condenado a 16 anos de prisão.

Paraguai

Fernando Lugo foi destituído em 2012 devido a uma operação policial contra camponeses sem-terra que terminou com 17 mortos.

Venezuela

O presidente Carlos Andrés Pérez, acusado de peculato e enriquecimento ilícito, foi suspenso do cargo em maio de 1993 após votação no Senado. Em 1996, ele foi condenado a 2 anos e 4 meses de prisão.

Outras crises

A região também foi palco de golpes de Estado, como ocorreu em Honduras em junho de 2009, quando o presidente Manuel Zelaya foi preso e expulso para a Costa Rica enquanto preparava um plebiscito para reformar a Constituição e ser reeleito.

O presidente venezuelano Hugo Chávez também foi alvo de um golpe militar em abril de 2002, no qual foi preso antes de retornar ao poder dois dias depois, graças a manifestações populares.

Em outubro de 2019, o então presidente boliviano Evo Morales concorreu a um quarto mandato, apesar de ter perdido um referendo para habilitá-lo concorrer à reeleição. Em meio a uma forte convulsão social e acusações de fraude, ele renunciou e deixou o país.

Jeanine Áñez, que o substituiu no cargo, foi condenada em junho passado a dez anos de prisão por assumir o comando de forma irregular.

* Com informações da AFP