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Em carta, Castillo chama Boluarte de 'usurpadora' e diz que não renunciará

Presidente Pedro Castillo em pronunciamento oficial na quarta-feira (7) - Reprodução
Presidente Pedro Castillo em pronunciamento oficial na quarta-feira (7) Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

12/12/2022 16h15Atualizada em 12/12/2022 16h15

O presidente deposto Pedro Castillo, do Peru, publicou hoje nas redes sociais uma carta escrita à mão em que ele afirmou que não irá renunciar e chamou Dina Boluarte, a nova presidente e que era sua vice, de "usurpadora". Ele está detido desde quarta-feira (7), com previsão de ficar preso por 7 dias.

"Sou incondicionalmente fiel ao mandato popular e constitucional que tenho como presidente, e não renunciarei e nem abandonarei minhas sagradas funções", falou. Castillo foi deposto pelo Congresso na última quarta por ser considerado sem capacidade moral para liderar o país. Horas antes de perder o cargo, o então presidente havia tentado dissolver o Parlamento. Boluarte, como vice, foi empossada para a Presidência.

O ex-presidente ainda disse que "a usurpadora", em referência a Boluarte, faz as mesmas falas do que a "direita golpista". "O povo não deve cair no seu jogo sujo de novas eleições. Basta de abusos! Assembleia constituinte agora! Liberdade imediata!", escreveu.

A nova presidente havia descartado a possibilidade de adiantar as eleições no país, mas voltou atrás. Na madrugada de hoje, Boluarte disse que apresentará um projeto de lei ao Parlamento para antecipar as eleições para abril de 2024 após as manifestações em várias cidades do país que deixaram dois mortos.

Em pronunciamento na quinta-feira (8), ela havia falado que o pedido de novas eleições é democrático, mas que seu papel é "reorientar o país". O mandato da chapa dela com Castillo deveria ser até 2026.

No sábado (10), a nova chefe do governo peruano anunciou seu gabinete, formado por 19 ministros. Os perfis escolhidos apontam para um grupo mais técnico que político, tentando acalmar os ânimos de um país em cólera.

"As circunstâncias nas quais assumi essa responsabilidade não foram boas e é por isso que estou despachando e atendendo, para fazer frente às necessidades do país", acrescentou a presidente. "Mais à frente, estaremos vendo alternativas para melhorar o destino do país."

Protestos

As manifestações aumentaram em várias cidades do norte e do sul andino em repúdio ao Congresso e também para pedir a libertação do ex-presidente esquerdista Pedro Castillo. Na cidade andina de Andahuaylas, no sul, o Ministério do Interior informou que duas pessoas morreram e cinco ficaram feridas, incluindo um policial, após confrontos violentos em uma tentativa de manifestantes de invadir o aeroporto da cidade.

A tropa de choque da polícia foi enviada ao aeroporto para conter os milhares de manifestantes em Andahuaylas, que fica na região de Apurimac, de onde Boluarte é originária. A delegacia de Huancabamba, uma localidade da região de Apurímac, foi incendiada, segundo a rádio RPP.

No sábado, confrontos em Andahuaylas terminaram com 16 civis e quatro policiais feridos. Milhares de pessoas protestaram nas ruas de Cajamarca, Arequipa, Tacna, Andahuaylas, Huancayo, Cusco e Puno.

(Com AFP e RFI)