'Morrer de fome pra ver Jesus': o líder de culto preso por mortes no Quênia
Acusado de ter levado seus seguidores a jejuarem até a morte para conhecer Jesus, Paul Mackenzie Nthenge é um taxista que virou "pastor" em 2003. Sua pregação extrema e repleta de ensinamentos controversos já o levou duas vezes para a prisão.
Mackenzie tem um canal no YouTube desde 2017. Lá, publica vídeos falando para congregações lotadas sobre assuntos baseados na Bíblia e também em temas atuais.
Doutrina baseada na propagação do medo
Os ensinamentos do religioso eram controversos. Segundo o site de notícias queniano Citizen Digital, os avisos iam desde desencorajar pessoas a terem acesso a tratamentos de saúde até punir o envolvimento em atividades sociais, como assistir jogos de futebol.
Em uma de suas pregações, ele disse que o ciclo menstrual das mulheres era "o diabo sugando sangue". Dito isso, estimulava suas seguidoras a orarem muito durante a menstruação.
O religioso teria feito seus seguidores acreditarem que todas as doenças, incluindo o câncer, poderiam ser curadas por meio da oração e do jejum, e não por tratamentos médicos.
Mackenzie teria denunciado até mesmo a Constituição do Quênia, dizendo que ela é "satânica", ainda de acordo com a mídia local.
Ele também já teria dito que estava pronto para ser preso, porque acreditava estar pregando o evangelho de Cristo. O pronunciamento aconteceu após ele ter sido acusado de passar os ensinamentos controversos aos fiéis.
"Não consegui mais reconhecer minha família"
Parentes de alguns fiéis têm compartilhado que os seguidores de Mackenzie teriam "queimado suas credenciais acadêmicas", vendido suas propriedades e doado seus patrimônios à igreja.
Em entrevista à Citizen TV, Roseline Asena contou que seu irmão proibiu o filho de ir à escola e também deixou de buscar médicos desde quando passou a frequentar o culto. O discurso adotado, inclusive, era repleto de advertências sobre o fim do mundo.
Ele se tornou uma pessoa diferente que eu não conseguia reconhecer. Tentei conversar com ele, mas acabava em briga.
O que aconteceu?
A polícia do Quênia descobriu a existência de dezenas de corpos de seguidores de um culto que forçava as pessoas a jejuarem até a morte para alcançarem Jesus.
Número de mortos chegou a 89. Os restos mortais começaram a ser exumados na sexta-feira (21) em uma vala na floresta de Shakahola, no condado de Kilifi, no leste do país.
Acredita-se que as sepulturas continham os corpos de seguidores da Good News International Church ("Igreja Internacional da Boa Nova", em tradução livre), uma seita cristã extremista que preconiza que, morrendo de fome, os seguidores encontram o caminho para o céu.
O fundador da igreja, Paul Mackenzie Nthenge, é conhecido por incentivar os fiéis a práticas radicais "pela fé". As autoridades prenderam o líder do grupo há 10 dias, mas ele negou qualquer envolvimento.
Mackenzie já havia sido preso indiciado em março, depois que duas crianças, cujos pais são membros da seita, morreram de fome. Mas, ele pagou uma fiança de 100.000 xelins quenianos (cerca de R$ 3,7 mil, na cotação atual) e foi solto.
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