Lula diz que Zelensky não apareceu para encontro no G7: 'Fiquei chateado'
O presidente Lula (PT) afirmou que esperou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para um encontro no Japão, mas que a delegação do país atrasou e ao final não apareceu, durante o G7 — encontro de algumas das maiores economias do mundo. O petista disse ter ficado "chateado", mas avaliou que "não faltará oportunidade" para uma conversa.
Tinha uma entrevista bilateral com a Ucrânia aqui nesse salão às 15h15 da tarde [de ontem, no horário do Japão]. Nós esperamos e ficamos recebendo a informação de que eles tinham atrasado. Enquanto isso atendi o presidente do Vietnã. E quando o presidente do Vietnã foi embora, o presidente da Ucrânia não apareceu. Certamente teve outros compromissos e não pôde vir aqui. Foi, infelizmente, isso que aconteceu.
Lula, em entrevista a jornalistas em Hiroshima
O que mais disse Lula
O brasileiro avaliou que Rússia e Ucrânia "não querem conversar sobre paz". O petista tem insistido em uma solução pacifista desde que foi eleito, em novembro. Entretanto já foi criticado por igualar Rússia e Ucrânia como culpados pela guerra, sendo que foram os russos que invadiram o país vizinho.
A proposta da Ucrânia, que vocês já devem ter lido, é na verdade uma proposta de rendição da Rússia. A Rússia não vai aceitar. A proposta da Rússia é a rendição da Ucrânia, que não vai aceitar. Então é preciso criar as condições. E só é possível, na minha opinião, quando parar o tiroteio. E os dois sentarem na mesa."
Agenda de Lula no G7 priorizou laços com países africanos e com a Índia. O brasileiro tratou de questões ambientais e de erradicação da fome, além de defender a entrada da União Africana no G20. Zelensky havia pedido o encontro na última sexta (19), mas o Planalto alegou "incompatibilidade de agendas".
Sinceramente, eu não vim para o G7 para discutir a guerra da Ucrânia. Eu disse, no meu discurso, que a discussão da guerra da Ucrânia deveria estar sendo feita na ONU."
Zelensky foi ao G7 para buscar o apoio de países como Indonésia, Índia, Brasil e Vietnã, entre outros motivos. Segundo jornais internacionais, a presença do presidente ucraniano seria um elemento de pressão pelo apoio ao seu país.
Lula tratou da questão ucraniana em encontro bilateral com Narendra Modi, presidente da Índia. Os dois líderes afirmaram, após o encontro, que não há neutralidade e que Brasil e Índia estão do lado da paz.
Diante de Zelensky, Lula condenou invasão russa
O governo brasileiro disse que ofereceu três horários a Zelenski, que deixou a delegação esperando, segundo informou a Folha, com base em fontes que solicitaram anominato. De acordo com jornalistas no Japão, a sala para a reunião estava pronta, com a bandeira da Ucrânia.
O único compromisso em comum entre Lula e Zelensky foi a sessão de trabalho pela paz. Em seu discurso diante do líder ucraniano, o brasileiro afirmou: "Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia".
Zelensky teve reuniões bilaterais com outros líderes que estavam em Hiroshima. Após encontro com Biden, foi anunciado um novo pacote de ajuda dos Estados Unidos de US$ 375 milhões (R$ 1,8 bilhão) em munições, artilharia e veículos.
Zelensky convida Lula à Ucrânia desde março
Durante reunião por videoconferência, em março, Zelensky fez o primeiro convite para Lula ir a Kiev. Na ocasião, o petista manifestou disposição de atender o convite em um "momento adequado".
No dia 9 de maio, o assessor especial para política externa do Brasil, Celso Amorim, viajou a Kiev. A reunião com Zelensky marcou uma tentativa do governo brasileiro mostrar ao Ocidente a disposição de dialogar com todos os lados.
Lula começou a defender uma mediação por paz entre Ucrânia e Rússia ainda durante a campanha eleitoral. Quando era candidato, afirmou que, como "ninguém está procurando contribuir para ter paz, é preciso estimular um acordo".
No ano passado, Lula chegou a afirmar que Zelensky "é tão responsável quanto Putin", e que o ucraniano poderia ter negociado mais com a Rússia. "Putin não deveria ter invadido a Ucrânia, mas não é só Putin que é culpado, são culpados os EUA e a União Europeia", declarou.
Em janeiro, já presidente, Lula recusou um pedido do premiê alemão, Olaf Scholz, para enviar munição à Ucrânia. Lula sugeriu "um clube das pessoas que vão querer construir a paz no planeta".
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