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Foro de SP condena violações em El Salvador e defende Nicarágua e Venezuela

Foto do 26º encontro do Foro de São Paulo, em Brasília - Reprodução/Foro de SP
Foto do 26º encontro do Foro de São Paulo, em Brasília Imagem: Reprodução/Foro de SP

Do UOL, em São Paulo

04/07/2023 13h14

O Foro de São Paulo divulgou uma declaração hoje em que condena o regime de exceção do presidente de direita de El Salvador, Nayib Bukele, mas defende as ditaduras de Cuba, Venezuela e da Nicarágua, chefiadas por líderes de esquerda.

O que aconteceu:

O 26º encontro da congregação de partidos e movimentos de esquerda da América Latina e Caribe ocorreu em Brasília. A decisão de sediar o encontro na capital federal, entre quinta-feira (29) e domingo (2), foi uma maneira de prestigiar a eleição de Lula. O presidente participou do encontro e argumentou que era preferível ter companheiros de esquerda cometendo "alguns erros" em seus governos, do que países controlados pela extrema-direita.

O Foro de São Paulo diz apoiar "as lutas do povo salvadorenho pela restituição de seus direitos políticos e constitucionais". O presidente do país se tornou popular graças a sua guerra contra a criminalidade, mas que é criticada pelo desrespeito aos direitos humanos e vista como ameaça à democracia.

El Salvador vive um regime de exceção, em vigor desde março de 2022. A medida suspendeu direitos constitucionais, permitindo à polícia deter pessoas sem provas. Em um ano, mais de 65 mil pessoas foram detidas, acusadas de pertencer a gangues ou de colaborar com elas — a polícia não precisa provar nada para prender, basta suspeitar. Organizações de defesa dos direitos humanos afirmam que entre os detidos estão milhares de inocentes e denunciam violações dos direitos humanos e enfraquecimento da democracia e do Estado de Direito.

No mesmo documento, o Foro condena o bloqueio comercial dos Estados Unidos contra Cuba e as sanções contra a Nicarágua e a Venezuela. Em relação aos últimos dois países, a congregação cita a "interferência nos assuntos internos".

Sucessor de Hugo Chávez, Nicolás Maduro é líder da Venezuela desde 2013. A Assembleia Constituinte instalada em 2017 não é reconhecida por vários países, incluindo o Brasil. No ano passado, a ONU denunciou que agências do governo cometem crimes contra a humanidade para reprimir a oposição. O líder venezuelano foi recebido por Lula em maio.

Na Nicarágua há centenas de opositores ao regime de Daniel Ortega presos. Ele está no poder desde 2007 e foi reeleito em 2021, em eleições questionadas pela comunidade internacional e pela OEA (Organização dos Estados Americanos). A organização pediu no dia 23 de junho que o governo "cesse toda violação dos direitos humanos" e liberte os presos políticos.

O que é dito no documento do Foro?

A realização deste XXVI Encontro em Brasília é um significativo acontecimento político e simbólico, justamente quando, por meio da mobilização do povo e da formação de um amplo movimento pelo resgate da democracia brasileira, conseguiram uma esplêndida vitória eleitoral e a nova Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva, sendo esta a mais contundente resposta histórica ao golpe parlamentar contra a presidenta Dilma Rousseff, ao qual se seguiu a famigerada e injusta prisão do presidente Lula, que resultou em golpe eleitoral, ao impedir - violar as leis e direitos humanos direitos - sua participação nas eleições de 2018.

Apoiamos as lutas do povo salvadorenho pela restituição de seus direitos políticos e constitucionais (...) Condenamos e exigimos o levantamento incondicional do criminoso e intensificado bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelo governo dos Estados Unidos contra o povo cubano, há mais de 60 anos, e exigimos a exclusão de Cuba da lista de Estados patrocinadores do terrorismo.

Também condenamos as sanções unilaterais contra a Nicarágua e a Venezuela e a interferência nos assuntos internos desses países. Condenamos a aplicação das 927 medidas penais coercitivas unilaterais e o bloqueio econômico e financeiro contra a Venezuela.