Risos e mistério: o que se sabe sobre soldado que foi para Coreia do Norte
Um soldado do exército dos Estados Unidos cruzou, sem autorização, a fronteira da Coreia do Norte. O caso aconteceu na última terça-feira (18) e está cercado de mistérios.
Identificado como Travis King, o jovem de 23 anos estava no serviço militar norte-americano há três anos e servia na Coreia do Sul. Ele deveria ter voltado aos EUA para enfrentar consequências disciplinares no início desta semana, após cumprir uma condenação no país asiático, mas em vez disso ele se juntou a uma excursão em grupo pela Zona Desmilitarizada (DMZ).
O motivo exato que levou o soldado a cruzar a fronteira — de maneira voluntária — segue desconhecido.
Quem é Travis King?
Ingressou no Exército dos Estados Unidos em janeiro de 2021. Na instituição, se tornou um batedor de cavalaria designado para a Primeira Brigada de Combate, segundo o The New York Times. Ele também tem um irmão mais velho que é policial e um primo que serve na Marinha dos EUA.
Membros da brigada de King começaram a chegar à Coreia do Sul no final de fevereiro de 2022, de acordo com um comunicado feito à imprensa na época.
Durante a curta carreira, ganhou prêmios como a Medalha do Serviço de Defesa Nacional e a Medalha de Serviço de Defesa da Coreia.
Em outubro do ano passado, no entanto, ele teve problemas com a lei na Coreia do Sul. Ainda segundo o jornal norte-americano, o soldado se envolveu em uma briga com moradores locais e danificou um carro da polícia.
Depois de passar um tempo em uma prisão sul-coreana por acusações de agressão, ele deveria ter voltado nesta semana para Fort Bliss, no Texas (EUA), para enfrentar uma ação disciplinar.
O dia da 'fuga'
Na última terça-feira (18), King foi escoltado até o Aeroporto Internacional de Incheon. Porém, ele conseguiu sair do local e se juntou a uma excursão turística para a fronteira entre as duas Coreias, conhecida como Panmunjom. Não ficou claro como o soldado conseguiu deixar o aeroporto.
O que aconteceu na fronteira?
King saiu correndo enquanto fazia o passeio na fronteira com outros turistas. De acordo com relatos de testemunhas em reportagens locais e internacionais, soldados desarmados que acompanhavam a excursão não conseguiram pegá-lo enquanto ele corria para a Coreia do Norte.
Na última vez que o jovem norte-americano foi visto, ele estava sob custódia de soldados norte-coreanos. Segundo o site NK News, uma turista que também estava no grupo de King publicou sobre o ocorrido no Facebook. "Ouvimos um alto HA-HA-HA e um cara do nosso grupo, que esteve conosco o dia todo, correu para o outro lado!", escreveu.
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Quero receberExército dos EUA diz estar 'muito preocupado'
Uma integrante do alto escalão do Exército dos Estados Unidos se manifestou sobre o caso. Ela demonstrou profunda preocupação pelo destino do soldado e relembrou o caso de Otto Warmbier, um norte-americano que ficou preso por um ano e meio na Coreia do Norte, até ser liberado em coma para os EUA e morrer seis dias depois.
Me causa muita preocupação que o soldado King esteja nas mãos das autoridades norte-coreanas. [...] Me preocupa o tratamento que podem lhe dar.
Christine Wormuth, secretária do Exército, durante o Fórum de Segurança de Aspen
Família acredita que soldado estava com medo
A família de King acredita que ele tenha ficado com medo de perder seu posto no exército, segundo a agência de notícias Associated Press. "Não consigo vê-lo fazendo isso intencionalmente se ele estivesse em seu juízo perfeito", disse o avô materno de King, Carl Gates.
Ele era quieto e solitário, não bebia, não fumava e adorava ler a Bíblia.
A mãe de King disse à ABC News que ouviu falar do filho pela última vez "alguns dias atrás", quando ele disse que voltaria em breve para sua base em Fort Bliss.
O que pode acontecer agora?
A Coreia do Norte ainda não comentou o caso, e o destino de King dependerá se o país o tratará como um desertor ou como um invasor ilegal. Enquanto um desertor teria permissão para viver no país, um acusado de entrar ilegalmente no território costuma ser usado como instrumento de barganha, segundo o The New York Times.
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