Prigozhin não é o primeiro: as mortes em circunstâncias nebulosas na Rússia
A morte de Yevgeny Prigozhin, líder do grupo mercenário Wagner, se soma a uma lista de mortes misteriosas, em circunstâncias suspeitas ou mal explicadas, de lideranças e magnatas russos.
Prigozhin estava a bordo de um avião que ia de Moscou a São Petersburgo nesta quarta-feira (23). Outras nove pessoas que também estavam na aeronave morreram. Veja outros casos:
- Kristina Baikova
Em junho, a executiva Kristina Baikova, vice-presidente do banco russo Loko-Bank, morreu. Ela teria caído da janela do apartamento onde morava, no 11º andar de um prédio em Moscou.
- Pavel Antov
No fim do ano passado, Pavel Antov, um dos deputados mais ricos do país, morreu na Índia depois de cair da sacada de um hotel de luxo. Antov tinha uma fortuna estimada em US$ 150 milhões (R$ 727 milhões) e era crítico ao presidente russo Vladimir Putin.
- Yuri Voronov
Chefe de uma empresa ligada à Gazprom, o multimilionário morreu em junho do ano passado, aos 61 anos. Voronov foi encontrado com um tiro na cabeça na piscina de sua mansão, que fica na região de São Petersburgo.
- Ravil Maganov
Tinha 67 anos e morreu em setembro de 2022 na Clínica Central Hospitalar de Moscou. Em nota oficial, a LukOil, em que Maganov era presidente do Conselho de Administração, informou que o executivo morreu "após lutar contra uma grave doença", sem dar detalhes.
"Maganov caiu da janela de seu quarto do hospital nesta manhã. Ele morreu por conta dos ferimentos", informou uma fonte à agência de notícias estatal Interfax. O oligarca havia lamentado publicamente os "trágicos acontecimentos na Ucrânia".
- Alexander Subbotin
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Quero receberTinha 43 anos e foi diretor da LukOil, companhia petrolífera russa, e membro do conselho de administração da Lukoil Trading House LLC. Também se tornou proprietário de uma companhia de transporte marítimo nas margens do golfo da Finlândia.
De acordo com o canal de comunicação Mash, o corpo foi encontrado por dois xamãs na casa dele, na cidade russa de Mytishchi, após um ritual de cura que teria utilizado veneno de sapo contra uma ressaca.
- Sergey Protosenya
Ex-diretor executivo da Novatek, a segunda maior empresa de gás da Rússia, foi encontrado morto em abril do ano passado, aos 55 anos, enforcado no jardim de uma mansão em Lloret del Mar, na Espanha, ao lado dos cadáveres esfaqueados de sua esposa Natalya, 53, e da filha Maria, de 16 anos.
A polícia espanhola investigava a hipótese de um duplo homicídio perpetrado pelo oligarca, seguido de suicídio. Protosenya tinha uma fortuna avaliada em mais de US$ 400 milhões.
- Vladislav Avaev
Também em abril de 2022, o corpo de Avaev, ex-vice-presidente do banco russo Gazprom e ex-oficial do Kremlin, e os de sua esposa grávida e de sua filha de 13 anos foram descobertos em um apartamento em Moscou com marcas de balas.
Como uma arma foi encontrada ao lado do corpo de Vladislav e o apartamento estava trancado por dentro, a polícia priorizou a hipótese de suicídio.
- Leonid Schulman
Diretor da Gazprom, Schulman foi encontrado morto no banheiro de sua residência, em São Petersburgo, em janeiro do ano passado. No local, foi encontrada uma carta falando sobre suicídio.
- Alexander Tyulyakov
Vice-diretor da Gazprom, de 61 anos, foi encontrado enforcado em um chalé, na região de São Petersburgo, em fevereiro do ano passado. Uma carta de despedida foi encontrada.
- Mikhail Watford
O magnata do petróleo, de 66 anos, foi encontrado enforcado na garagem de sua mansão, no subúrbio de Londres, em março do ano passado.
- Vasily Melnikov
Ex-funcionário da empresa de equipamentos médicos MedStom, ele foi encontrado morto em março do ano passado em seu apartamento na cidade de Nizhny Novgorod, ao lado da esposa e dos filhos de 4 e 10 anos. Nenhum vestígio de luta ou de invasão de domicílio foi registrado.
Quem foi Prigozhin
Prigozhin ganhou notoriedade após organizar um motim contra o presidente da Rússia, Vladimir Putin, no fim de junho. Ele acusava o mandatário do país de mentir ao povo russo sobre a guerra na Ucrânia.
Como resultado, combatentes do grupo Wagner marcharam em direção a Moscou, no que foi considerada uma das mais graves crises políticas internas desde que Putin assumiu o poder, em 1999.
Em um primeiro momento, Putin prometeu "esmagar" a rebelião. No entanto, houve um acordo entre as partes e Prigozhin foi enviado a Belarus, junto com membros do grupo Wagner, com a promessa de que não seriam processados.
Antes de se rebelar, o grupo Wagner teve papel importante na invasão da Ucrânia pela Rússia. Moscou inicialmente usou os mercenários para reforçar as forças da linha de frente, mas, desde então, passou a contar cada vez mais com eles em batalhas críticas, como nas cidades de Bakhmut e Soledar.
O que sabe sobre a morte
Aliados de Prighozin acusaram, no canal do Telegram ligado ao Wagner Greyzone, Moscou pela morte. Prigozhin viajava com outros seis passageiros, além de três tripulantes, em um jato particular do modelo Legacy 600.
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