'Cena apocalíptica, corpos pela rua', relata brasileiro ferido em Israel
O brasileiro Rafael Birman afirmou à GloboNews que o que se viu após o lançamento de mísseis contra Israel no sábado (7) foi uma 'cena apocalíptica', com 'corpos pela rua e carros baleados'. Ele participava de um festival de música que ocorria no sul do país e conseguiu deixar a região durante os ataques.
O que aconteceu
O brasileiro deixou o festival junto com alguns amigos para escapar dos ataques com mísseis em Israel. "Estou tendo um nível de ansiedade muito alto, a memória de ser alvejado no carro é muito ruim", afirma. Segundo ele, bombas caíram perto do escritório em que trabalha."
Ele relata que quando começaram os estrondos durante a festa, ele e os amigos decidiram deixar o local. "Peguei o carro e comecei a desviar da linha de saída do estacionamento, tinha uma barreira policial para o norte, já havia alguns carros que tinham conseguido passar para o norte", diz. "Um carro totalmente destruído na direção oposta."
No veículo, Birman diz que viu uma mulher ferida. "Vimos uma menina gritando 'terrorista, terrorista', falando para as pessoas irem em direção ao sul. Ela estava ensanguentada, nesse momento as pessoas começaram a entender que era algo além dos mísseis e que algo mais grave estava acontecendo."
O brasileiro relata ainda que precisou desviar do trajeto habitual que faria para sair do local da festa. "Tinha uma estradinha paralela. Nessa rua paralela começamos a ser baleados, a janela traseira explodiu, entendemos que estávamos sendo baleados por terroristas. Um jeep da Defesa israelense da fronteira chegou para nos proteger. Saímos do carro, deitamos no chão, abaixamos a cabeça, rezando. Os militares começaram a abrir fogo contra os terroristas"
Áudio para a mãe e refúgio em bunker
O brasileiro conta que, em meio à tentativa de se proteger e deixar o local, mandou uma mensagem de áudio para a mãe. "Mandei áudio para minha mãe falando que achava que não ia sair dessa situação. Falei que amava ela. Achei que não teria uma solução", relata. "Olhei para o lado e vi um míssil que foi lançado na gente, mas erraram."
Momentos depois, o brasileiro diz que conseguiu se abrigar em um bunker. "Já tinham uns 10, 15 israelenses lá dentro. Fomos para trás do bunker. Vi corpos na rua, carros baleados, começamos a ter uma noção que algo maior estava acontecendo. Ficamos 40 minutos no bunker enquanto o tiroteio não parava. Achamos abrigo numa cidade vizinha e conseguimos ficar lá por 5 horas até voltar para Tel Aviv", relata.
Foram momentos muito tensos, foi muito assustador. Infelizmente, ainda tem muitas pessoas desaparecidas, muitos não tiveram a mesma sorte que eu e meus amigos. Na volta para Tel Aviv, na estrada, uma cena apocalíptica, corpos pelas ruas, corpos baleados, carros baleados pegando fogo. Algo que você nunca espera ver na vida.
Rafael Birman, brasileiro que participou de festival em Israel
Festa e mísseis
Muitos brasileiros estavam no festival de música próximo a região da Faixa de Gaza quando os mísseis foram lançados. "Foi uma festa planejada por muitos meses, mas só liberam [a informação] do local 1 hora antes do evento, as pessoas não sabiam que seria tão próximo de Gaza. Não me senti confortável com essa informação, mas como já tinha planejado, decidimos ir', diz.
"Chegamos por volta das 2 horas, 3 horas da manhã. Por volta das 6h, ouvimos as primeiras explosões. A produção rapidamente parou a música e as pessoas começaram a correr buscando o abrigo", lembra.
O brasileiro relata que como era uma área florestal não havia opções de áreas adequadas para proteção. "Eu e meus amigos optamos por sair o mais rápido possível. Decidi imediatamente sair de lá."
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