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Reféns sobrevivem distraindo extremistas com café e biscoitos em Israel

Um casal israelense descreveu como sobreviveu a 15 horas sendo mantido como refém em sua casa, na cidade de Ofakim, no sul de Israel, por extremistas palestinos. Eles revelaram que distraíram o grupo com café e biscoitos até a polícia ter tempo para entrar no imóvel.

O que se sabe:

David e Rachel foram mantidos reféns por mais de 15 horas, sofrendo ameaças de morte, até que a polícia invadiu a residência e os libertou, segundo informou o jornal The Times of Israel.

O casal, cujos filhos são policiais, foi feito prisioneiro ontem, em meio a uma invasão massiva de centenas de terroristas do Hamas, que entraram em Israel na manhã de sábado e atacaram o sul do país. Os cinco homens armados entraram pela janela de um quarto no piso térreo e tornaram reféns o casal, identificado apenas por David e Rachel.

"Eles tinham maldade, vieram para matar", disse David ao Canal 12. "Eu disse ao meu marido: 'Se morrermos, morreremos juntos", completou Rachel.

David disse que os terroristas não os espancaram, mas afirmaram que eles se tornariam "mártires". "Eles ameaçaram nos matar", relatou David. "Eu estava tremendo e suando."

O superintendente-chefe Arkadi Schuster disse que as forças de segurança perceberam que estavam sendo alvejadas do prédio e seu primeiro plano de ação foi lançar uma granada na casa para matar os terroristas.

Enquanto os policiais se preparavam para executar o plano, outras pessoas gritaram que a casa pertencia aos pais de um colega policial, e que o casal ainda estava lá dentro.

Depois disso, foram abertas negociações, disse Schuster, com os terroristas exigindo comida e água, e equipamento médico para um deles, ferido em uma troca de tiros com as forças de segurança. Um dos terroristas foi morto.

Pude ver que eles estavam com raiva. Perguntei se eles estavam com fome. Preparei café e biscoitos para eles
Rachel, refém dos extremistas

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Segundo o marido, a atitude da esposa deixava os extremistas confusos. "Ela ficava perguntando se eles queriam alguma coisa", contou Enquanto Rachel trabalhava para distrair seus captores, os terroristas começaram a cantar canções da cantora israelense Lior Narkis, contou ela.

Do lado de fora do prédio, o filho policial, Evyatar, descrevia a planta da casa para as forças antiterroristas.

Os policiais conseguiram chegar até a entrada da casa e foi de lá que conversaram com os pistoleiros, pela porta aberta. Evyatar também estava lá, às vezes a poucos metros de seus pais cativos.

Durante as negociações, um dos terroristas usou uma mesa como barricada improvisada enquanto segurava uma granada de mão sobre a cabeça de Rachel, tendo removido o pino. Outro estava sentado no topo da escada apontando uma arma para a polícia.

Rachel disse que os terroristas estavam fortemente armados, inclusive com um míssil antitanque. Durante as negociações, Evyatar sinalizou para sua mãe não dar qualquer indicação de que ele era filho dela, para que os terroristas não percebessem.

Comunicação em código

A certa altura, um policial perguntou a um dos terroristas quantos homens armados havia e Rachel levou a mão ao rosto em um movimento casual, com os dedos abertos, para indicar que eram cinco.

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O terrorista, no entanto, percebeu e alertou-a para não tentar nenhuma "coisa engraçada", disse ela ao Canal 13, outra emissa de TV que entrevistou o casal. Rachel disse a ele que sua cabeça doía e ela apenas a esfregava para se consolar, mas a informação sobre o número de atiradores havia sido transmitida com sucesso.

Ela também disse que enfaixou a mão de um dos terroristas feridos, tentando confortá-lo, e conversou com os outros para mantê-los distraídos.

O tempo todo, disse ela, um dos agressores ainda segurava uma granada sobre sua cabeça enquanto outro apontava uma arma para ela.

Por volta das 2h30, as forças de segurança conseguiram avançar para uma tentativa de resgate. Quando as equipes de resgate entraram na casa, um dispositivo explosivo foi acionado, ferindo um deles, e outros agentes conseguiram invadir a casa e libertar os reféns, disse Schuster.

O casal disse à mídia que a equipe de resgate, instruída pelo filho, aparentemente entrou por uma claraboia no banheiro. "Estávamos muito próximos dos terroristas, mas fomos salvos. Agradeço a Deus por estar viva, não conseguia acreditar", disse Rachel ao Canal 12.

Eu pulei na minha esposa. Os tiros vieram sobre nós, bem perto da minha cabeça. Não sei como sobrevivi. Quando um policial agarrou minha mão, percebi que estava livre.
David, refém dos extremistas

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Imagens da casa do casal mostraram a devastação causada pelo tiroteio e pela invasão, com paredes marcadas por buracos de bala e passagens chamuscadas, além de sangue espalhado pelo chão.

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