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'Nosso sangue vale menos', diz embaixador sobre brasileiros ainda em Gaza

O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, disse, em entrevista ao UOL News nesta sexta (3), que parece haver mais valor à "vida e ao sangue" de cidadãos de países ricos na elaboração das listas de cidadãos estrangeiros autorizados a deixar a Faixa de Gaza pela fronteira de Rafah. Os brasileiros ainda não constam das relações divulgadas até o momento.

Não quero exagerar, mas possivelmente é porque somos de Terceiro Mundo e o sangue e a vida daquele Primeiro Mundo vale mais. É uma realidade. O mundo está tendo um desequilíbrio. Quando se trata da morte de palestinos, parece um 'efeito colateral' e que a vida deles não vale tanto quanto a dos outros. Esta é uma realidade que sentimos e o mundo está sentindo. Ibrahim Alzeben, embaixador da Palestina no Brasil

Ao falar sobre o ataque ocorrido hoje a um comboio de ambulâncias em Gaza, Alzeben disse não ter dúvidas sobre a responsabilidade de Israel. Para o embaixador, colocar em dúvida a autoria do bombardeio é uma "estratégia para encobrir os crimes de guerra" cometidos pelos israelenses.

Claro que é Israel que está bombardeando. Fica meio esquisito pensar em outro. De onde vai vir? Israel está atacando e ameaçando. Esta forma de colocar em dúvida [a autoria dos ataques] é para, lamentavelmente, encobrir este crime. Israel está fazendo um genocídio nestes 28 dias. Estes bombardeios de Israel levam a este ambiente de genocídio e de crime de guerra. Ibrahim Alzeben, embaixador da Palestina no Brasil

Para Alzeben, os EUA têm nas mãos o poder para ao menos estabelecer uma pausa humanitária em Gaza. O embaixador, porém, condenou a postura do governo americano, que vetou a resolução proposta pelo Brasil no Conselho de Segurança da ONU.

O apoio dos EUA é incondicional aos israelenses aos seus ataques. Quem pode parar esse conflito são os EUA, que estão praticamente dando carta branca para que Israel siga cometendo, durante 28 dias, todos os massacres e esse genocídio contra o povo palestino.

O Brasil tentou usar sua influência no Conselho de Segurança para pôr fim a este conflito. Os EUA sempre usaram seu direito ao veto. O conflito poderia ser parado há sete, dez dias. Os EUA podem parar a guerra já, deixando passar uma resolução e obrigar Israel a parar com sua chacina. O povo palestino está pagando e os EUA, permitindo isso

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h com apresentação de Fabíola Cidral e às 17h com Diego Sarza. O programa é sempre ao vivo.

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