'Hoje começa a reconstrução da Argentina', diz Milei em primeiro discurso

"A Argentina tem futuro e é liberal", disse Milei. "Abraçaremos o modelo da liberdade para ser uma potência mundial". "Quero um governo que cumpra os seus compromissos, que respeite a propriedade privada e o livre comércio".

"Chega do modelo empobrecedor das castas (...) Acaba o modelo empobrecedor do Estado onipresente e que só privilegia alguns", discursou. "De país mais rico do mundo, hoje somos 130 [no ranking]. Metade dos argentinos são pobres e 10% são indigentes. Vamos ser uma potência mundial", discursou.

"Todos que queiram a nova visão de Argentina serão bem-vindos. O mais importante é o que nos une, do que o que nos separa. Dentro da lei tudo, fora da lei, nada", falou o presidente eleito.

Agradecimentos

Na fala, Milei fez menção especial a sua irmã Karina, "La Jefa" [a chefe], um dos principais nomes da sua campanha. Também citou Santiago Caputo, seu conselheiro.

Dirigiu-se ainda a Mauricio Macri, ex-presidente da Argentina, que havia declarado apoio a Milei. No X (antigo Twitter), Macri celebrou a vitória de Milei, dizendo que a Argentina terá um "futuro espetacular".

Milei citou também Patricia Bullrich, a terceira colocada no primeiro turno, com 23,8%, que ficou ao lado dele no segundo turno.

No discurso de comemoração, Milei pediu que o governo atual, do presidente Alberto Fernández, seja "responsável" e "que compreenda que chegou uma nova Argentina". "Que assuma a sua responsabilidade até ao final do mandato. Assim, uma vez terminado o mandato podemos transformar esta realidade tão trágica para milhões de argentinos", falou Milei.

Discurso no centro de Buenos Aires

Depois da fala no hotel, Milei fez um segundo discurso na Avenida Córdoba, onde seus apoiadores estão reunidos.

"Esta não é uma tarefa para os mornos ou para os covardes, muito menos para os corruptos. É uma tarefa para nós, que queremos colocar a Argentina de pé, vamos fazê-lo como foi feito em século XIX"

Milei disse que enfrentou as "eleições mais importantes dos últimos 100 anos". "Uau, hoje mudamos a história", falou.

"Temos a determinação de colocar as contas fiscais em xeque, de resolver os problemas do Banco Central, de colocar a Argentina de pé e seguir em frente".

Quem é Milei

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O novo presidente da Argentina é considerado um outsider na política. Foi eleito deputado federal em 2021 e ficou conhecido por participações em talk shows.

Milei se declara "anarcocapitalista", corrente ultraliberal que defende privatizações e ausência do Estado.

Uma de suas propostas polêmicas é dolarizar a economia e abandonar o desvalorizado peso argentino. Já falou em fechar o Banco Central e facilitar a posse de armas de fogo para a população. Chamou as mudanças climáticas de "farsas da esquerda" e considera a educação sexual como uma manobra para destruir a família.

Diferença maior que o esperado

Milei recebeu 55,7% dos votos, contra 44,3% de Sergio Massa. Até as 23h30 (horário de Brasília), mais de 99% das urnas haviam sido apuradas.

A larga diferença entre os candidatos, de mais de 10 pontos percentuais, surpreendeu observadores eleitorais. Pesquisas de intenção de voto mostravam uma distância menor entre os candidatos.

No primeiro turno, Milei havia ficado atrás de Massa. Mas um terço dos eleitores argentinos haviam votado em outros candidatos e eram considerados cruciais para definir o resultado deste domingo.

Em comparação com o primeiro turno, Milei conquistou mais de 6 milhões de votos a mais, um acréscimo de mais de 70%. No primeiro turno, teve 7,88 milhões. No segundo, com pouco mais de 95% dos votos computados, 13,95 milhões.

Já Massa aumentou sua votação em cerca de 1,4 milhão de voto, ganho de menos de 15%. Conquistou 9,6 milhões de votos no primeiro turno. No segundo, pouco mais de 11 milhões, faltando cerca de 5% dos votos para apurar.

Os números mostram que a maior parte dos eleitores que não votaram em nenhum dos dois candidatos no primeiro turno optou por Milei no segundo.