Acordo Mercosul-UE deve sair mesmo após vitória de Milei, diz Itamaraty
Maria Luisa Escorel, secretária de Europa e América do Norte do Itamaraty, disse estar "otimista" com a conclusão do acordo entre Mercosul e União Europeia mesmo após Javier Milei vencer as eleições presidenciais na Argentina. A declaração foi dada ao jornal O Globo.
O que aconteceu
A diplomata levou em consideração uma entrevista da possível futura chanceler de Milei, Diana Mondino, a respeito do acordo.
"As prioridades neste momento são múltiplas, como a assinatura do acordo entre Mercosul e União Europeia", disse a aliada de Milei em uma entrevista hoje.
"Sou otimista. Estamos fechando os últimos pontos do acordo", declarou Escorel ao O Globo. "Vamos nos relacionar de maneira madura e adulta com esse presidente", complementou a secretária, apesar dos ataques de Milei contra Lula durante a campanha.
Milei assume presidência da Argentina em 10 de dezembro. Ele já declarou que poderia retirar o país do Mercosul, o que abalaria as negociações com os europeus, e anunciou o fim do Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável na Argentina.
Lula quer concluir acordo este ano
O presidente quer fechar o acordo enquanto ainda preside o bloco sul-americano. Esta semana, ele conversou com a presidente da Comissão Europeia, Úrsula von der Leyen, para tentar fechar negócio. Segundo Lula, ela ficou de tentar apresentar resposta definitiva na COP 28, conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas que acontece em Dubai entre os dias 30 de novembro e 12 de dezembro.
Chefe da diplomacia da União Europeia também demonstrou interesse em acelerar negociação de acordo. "O novo governo da Argentina, que assume o cargo em circunstâncias econômicas desafiadoras, pode contar com a UE para fortalecer ainda mais nossa parceria, a fim de obter resultados positivos para nossas sociedades, inclusive com a finalização, o mais rápido possível, das negociações sobre o Acordo de Associação UE-Mercosul", afirmou Joseph Borell.
Futura ministra disse que não quer manter relação com Brasil
Mondino disse recentemente que a Argentina não vai manter relações com o Brasil e com a China. As declarações foram dadas à agência de notícias russa RIA Novosti. Ela também criticou ao jornal argentino Clarín a entrada da Argentina no Brics.
Já acerca de um eventual afastamento do Mercosul, ela disse que a ruptura não será tão brusca. "Uma união aduaneira de 30 anos tem de ser revista, e queremos participar dessa revisão. Quando o Mercosul começou, Uruguai e Paraguai eram países pequenos. Hoje são economias maiores, merecem outro tratamento", afirmou à Folha de S.Paulo.
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