Gwyneth como cliente e sexo forçado: 'guru' prometia orgasmos em 15 minutos

Nicole Daedone, fundadora da OneTaste —uma empresa de bem-estar que promovia o que chamava de "meditação orgástica" para mulheres— teve de comparecer ao tribunal de Nova York na última semana, após se declarar inocente de uma acusação de trabalho forçado.

Quem é Nicole Daedone?

Nicole Daedone é uma empresária norte-americana de Los Gatos, Califórnia. Segundo o The Sun, ela tem bacharelado em comunicação pela Universidade Estadual de São Francisco e também afirma ter estudado com professores de ioga, Cabala e meditação budista.

Daedone, no entanto, é mais conhecida como a fundadora da empresa de bem-estar sexual OneTaste. Ela ficou conhecida como uma "guru do orgasmo", e se tornou milionária vendendo cursos e vivências sexuais.

A empresa norte-americana foi fundada em 2004, tinha como foco a prática da "meditação orgástica" —ou "OM"— e chegou a ser considerada um "culto do orgasmo". Daedone prometia que a prática poderia melhorar a vida sexual dos clientes, tratar traumas sexuais e ajudá-los a "recuperar a sexualidade".

Prática durava 15 minutos. A prática da "meditação orgástica" envolvia uma mulher se despindo da cintura para baixo e se deitando em um "ninho de travesseiros" para ter seus órgãos genitais acariciados por exatamente 15 minutos. Geralmente, quem acariciava a mulher era um homem —que poderia ser seu próprio parceiro ou outro cliente pagante— usando uma luva de látex. Daedone afirmou que aprendeu a técnica com um monge budista.

Valores altos. Segundo o New York Post, os cursos da empresa começavam em US$ 195 (R$ 967) por workshop, mas chegavam a US$ 2 mil (R$ 9,9 mil) por semana; e US$ 16 mil (R$ 79,3 mil) para se tornar um treinador "certificado". Em 2017, a OneTaste promoveu cursos e retiros por até US$ 60 mil (R$ 298 mil).

Apoio de famosas. A atriz Gwyneth Paltrow e a socialite Khloe Kardashian estavam entre as celebridades de destaque que endossaram a empresa e seus métodos.

Com sua fama, Daedone conseguiu até mesmo um lugar no palco do TedX Talks, para uma palestra de 15 minutos sobre "o orgasmo feminino".

No evento, que aconteceu em 2011, ela disse:

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Experimente. A pior coisa que você tem a perder são apenas 15 minutos da sua vida. A melhor coisa que você tem a perder é aquela sensação de desesperança de que você algum dia será alcançado profundamente.

As acusações

"O orgasmo era Deus e Nicole era como Jesus". Em 2018, a Bloomberg trouxe alegações de ex-funcionários e membros de que a administração da OneTaste os obrigava a fazer sexo entre si e com clientes em potencial com o intuito de fazer vendas. Uma fonte chamou a empresa de "rede de prostituição", outro de "religião". "O orgasmo era Deus e Nicole era como Jesus", afirmou.

Práticas controversas. As alegações de violação, abuso sexual e manipulação desencadearam uma investigação do FBI sobre a empresa. Com isso, Daedone, a fundadora que atuou como presidente-executiva da empresa até 2017, e Rachel Cherwitz, ex-chefe de vendas da empresa, foram acusadas de de dirigir uma conspiração semelhante a um culto envolvendo trabalho forçado.

Abuso financeiro. Segundo o New York Post, Daedone também é acusada de reter salários dos funcionários e submetê-los a "abuso econômico, sexual, emocional e psicológico, vigilância, doutrinação e intimidação."

Na época, os promotores responsáveis pelo caso afirmaram que a dupla administrava o negócio como um culto, recrutando aqueles que sofreram traumas anteriores com a promessa de que poderiam melhorar a disfunção sexual das vítimas.

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Empresa fechou. Meses depois da publicação da reportagem da Bloomberg —e durante a investigação das autoridades— a OneTaste fechou as portas. Daedone e Cherwitz se declararam inocentes.

Acusação nas telas. Em 2022, o documentário "Orgasmos à Venda: O Lado Sombrio da OneTaste", disponível na Netflix, mostrou a queda da empresa de bem-estar sexual fundada no início dos anos 2000 e que prometia "iluminação espiritual e comunidade por meio de orgasmos femininos de 15 minutos".

Desde que a investigação começou, a OneTaste e as mulheres envolvidas no processo gastaram US$ 15 milhões (cerca de R$ 74,3 milhões pela cotação atual) em honorários advocatícios e processaram a Netflix, a BBC e um ex-membro, também de acordo com o New York Post.

Daedone pode pegar até 20 anos de prisão se for considerada culpada. O julgamento acontecerá somente em 2025 e pode durar até um mês.

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