EUA perdem força de pressão sobre Israel; quadro vai piorar, diz professor

Israel não aceita mais a pressão dos Estados Unidos e esse fato pode ser o detonador de situações graves, como o ataque a palestinos nesta quinta (29), na Faixa de Gaza, afirmou o professor de relações internacionais da PUC-SP Leonardo Trevisan ao UOL News. As forças israelenses bombardearam milhares de pessoas que buscavam ajuda humanitária.

São pessoas que estavam pura e simplesmente com fome, estavam buscando comida, chegando aos caminhões. Há uma semana, os caminhões da ONU não conseguiam entrar nessa área de Gaza. Há 10 dias, a ONU pedia um mínimo de segurança, porque entravam e acabam atacados pela aviação israelense. Leonardo Trevisan, professor de relações internacionais

O professor lembrou que os Estados Unidos têm feito sucessivos pedidos para a solução do conflito, com visitas quase semanais de seu secretário de Estado, Antony Blinken, ao primeiro-ministro de Israel, Benyamin Netanyahu. E destacou a resposta israelense ao pedido de paz do presidente dos EUA, Joe Biden.

Netanyahu recebe os pedidos e não os atende em nada. Quando o secretário está lá, ele faz alguma declaração conciliatória do ponto de vista diplomático. E as decisões são as mais graves possíveis. Um exemplo concreto é a resposta ao plano de paz de [Joe] Biden, articulado entre Egito, Catar, Emirados Árabes Unidos, Hamas e a diplomacia israelense. O pedido era o cessar-fogo que de alguma forma a Casa Branca promete para esta semana. Qual foi a resposta de Netanyahu? Ele votou no parlamento israelense, onde ele tem maioria, a absoluta recusa de dois estados e de absoluta recusa de cessar-fogo. Esse quadro mostra um dado importante: Os EUA perderam o seu papel de pressão sobre Israel. Israel não aceita a pressão e esse quadro vai de algum modo complicar, ser um detonador de situações ainda mais graves, como essa que vimos hoje. Leonardo Trevisan, professor de relações internacionais

Trevisan ressaltou a fala secretário de Defesa norte-americano Lloyd Austin, que afirmou publicamente haver 25 mil mulheres e crianças palestinas mortas em Gaza.

Ele não é inimigo de Israel, é um militar impecável. Quando ele faz uma declaração dessa é porque o limite está próximo. Não está fazendo uma declaração política, mas uma declaração humanitária. Esse quadro é extremamente preocupante. E por que Biden não faz? (Suspender o apoio militar e financeiro a Israel). Talvez a resposta está no fato de que é impossível hoje conter a ação do governo israelense, porque Israel com o governo Netanyahu sabe de duas realidades: que a guerra em Gaza não tem outra solução, a não ser que seja um morticínio, que Israel se retirar. No dia em que Israel se retirar a guerra acaba. E no dia em que a guerra acabar o governo dele cai. Leonardo Trevisan, professor de relações internacionais

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