EUA se prepararam para ataque nuclear russo na Ucrânia em 2022, diz TV
Os Estados Unidos se prepararam "rigorosamente", no final de 2022, para a possibilidade da Rússia atacar a Ucrânia com uma bomba nuclear, informou o canal de televisão CNN hoje
O que aconteceu
O governo Joe Biden se preparou para uma possível resposta nuclear à Rússia. As informações do plano são detalhadas no livro "O Retorno das Grandes Potências", do jornalista da CNN Internacional Jim Sciutto, que será publicado em 12 de março.
Conselho de Segurança Nacional convocou uma série de reuniões para implementar planos de contingência. Segundo apuração da CNN, no livro, uma autoridade explica que, no caso de haver a indicação de um ataque com uma arma nuclear, o governo norte-americano estaria preparado para evitar o cenário catastrófico ou dissuadir o governo de Vladimir Putin.
Guerra Rússia x Ucrânia
Possível perda de território. No verão de 2022, os ucranianos começavam a avançar sobre Kherson, região ocupada pela Rússia e que representava a maior vitória do governo Putin desde o início das invasões. Com a contraofensiva da Ucrânia, os russos corriam o risco de perder o território.
A perda de territórios conquistados pela Rússia durante a guerra poderia ser o estopim para um ataque com arma nuclear, acendendo um alerta as autoridades do Ocidente.
Rússia estava perdendo terreno dentro da Ucrânia e não o seu próprio. Entretanto, as autoridades norte-americanas estavam preocupadas com o fato de o presidente russo ver as coisas de forma diferente. Putin chegou a afirmar aos russos em Kherson que a cidade era agora parte da própria Rússia.
"Bomba suja"
Alerta. Em outubro de 2022, o ministro da defesa da Rússia, Sergei Shoigu, fez uma série de telefonemas para autoridades de defesa nos EUA, Reino Unido, França e Turquia, dizendo-lhes que o Kremlin estava "preocupado com possíveis provocações de Kiev envolvendo o uso de uma arma suja".
O embaixador da Rússia ainda entregou na ONU uma carta diretamente detalhando as ameaças, além de sinalizar que a Ucrânia culparia a Rússia pelo ataque. Entretanto, as autoridades ocidentais e norte-americana rejeitaram as advertências russas pela falta de fundamentação.
As agências de inteligência ocidentais receberam informações de que havia agora comunicações entre autoridades russas discutindo explicitamente um ataque nuclear, o que elevou o nível de preocupação. Apesar disso, em nenhum momento os EUA detectaram informações de inteligência indicando que a Rússia estava tomando medidas para mobilizar as suas forças nucleares para realizar de fato o ataque.
Armas nucleares táticas. O governo Biden também tinha receio de que os russos pudessem utilizar armas menores — do que as utilizadas nos ataques de Hiroshima e Nagasaki — que podem ser transportadas facilmente. Porém, dependendo da quantidade de artefatos explosivos reunidos, elas têm o potencial de destruir uma cidade inteira.
Na época, diante desse cenário, Joe Biden enviou o diretor da CIA, Bill Burns, para conversar com o chefe do serviço de inteligência estrangeiro da Rússia, Sergey Naryshkin, na Turquia para comunicar as preocupações sobre a ocorrência de um ataque nuclear e avaliar as intenções russas, segundo um alto funcionário dos EUA.
O governo norte-americano também trabalhou com os seus aliados para desenvolver planos de contingência para um ataque nuclear russo.
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