Cebolinha nas eleições: hortaliça vira símbolo de protesto na Coreia do Sul

Uma hortaliça ganhou protagonismo nas eleições sul-coreanas: a cebolinha. O país tem eleições legislativas nesta quarta-feira (10), e o pleito é considerado crucial para que Yoon Suk Yeol consiga prosseguir com a agenda conservadora.

Por que a cebolinha virou um símbolo?

Tudo começou com uma visita do presidente a um mercado. Yoon foi recentemente a um mercado para observar os preços. Ao se aproximar de uma área com cebolinha, comentou: "Já fui a muitos mercados e acho que 875 won (0,65 dólar, 3,37 reais) é um preço razoável".

O mercado teria reduzido o preço da cebolinha antes da visita. O preço normal do produto é três a quatro vezes superior ao valor mencionado pelo presidente. A imprensa sul-coreana informou que o estabelecimento comercial visitado havia reduzido o preço antes da ida de Yoon. A cebolinha é essencial em diversos pratos sul-coreanos, como no tradicional kimchi.

O comentário do presidente rapidamente virou objeto de piadas e memes. Além disso, a hortaliça virou um símbolo da oposição, a ponto de a Comissão Nacional Eleitoral proibir que os eleitores a apresentem nos locais de votação. Nas redes sociais, os eleitores levantaram a hashtag #cebolinha875won.

Eleitores tinham esperança de recuperação econômica. O ex-deputado Yoo Seung-min declarou, em uma entrevista recente, que os sul-coreanos votaram em Yoon com a esperança de uma recuperação econômica, mas ficaram decepcionados.

A declaração equivocada de Yoon sobre a cebolinha adicionou fogo a este sentimento [de decepção].
Ex-deputado Yoo Seung-min

Agricultores sul-coreanos levam cebolinhas a protesto, em 25 de março de 2024
Agricultores sul-coreanos levam cebolinhas a protesto, em 25 de março de 2024 Imagem: YONHAP / AFP

Eleições nesta quarta

A votação para definir os 300 membros da Assembleia Nacional é vista como um referendo sobre Yoon. Ele venceu a eleição presidencial de 2022 com a margem mais estreita na história do país.

Continua após a publicidade

O partido do presidente quer recuperar o controle. O Partido Poder Popular espera retomar o controle do legislativo, que está nas mãos da oposição desde 2016, o que permitiria promover sua agenda, que inclui a reforma do sistema de saúde, uma política severa com a Coreia do Norte e a promessa de acabar com o Ministério da Igualdade de Gênero.

A oposição pode ganhar força. Um triunfo da oposição, como apontam as pesquisas, pode enfraquecer a posição de Yoon, que tem índices reduzidos de aprovação.

Outros temas movimentam o país. A população sul-coreana também discute outros temas antes das eleições, incluindo uma greve dos médicos e uma bolsa Dior.

Greve médica e bolsa Dior

Líder da oposição do Partido Democrata da Coreia do Sul, Lee Jae-myung segura cebolinhas durante um evento de campanha
Líder da oposição do Partido Democrata da Coreia do Sul, Lee Jae-myung segura cebolinhas durante um evento de campanha Imagem: YONHAP / AFP

Médicos estão em greve. O sistema de saúde sul-coreano enfrenta desde 20 de fevereiro uma greve de médicos, o que obrigou os hospitais a cancelar cirurgias e tratamentos. Os médicos rejeitam as reformas de Yoon, que aumentarão consideravelmente as admissões nas faculdades de medicina para reduzir a escassez de profissionais do setor. A reforma de Yoon tem amplo apoio popular e "poderia ajudar o seu partido na votação", afirmou Shin Yul, professor de Ciências Políticas da Universidade Myongji.

Continua após a publicidade

Bolsa de grife foi registrada por câmeras. Yoon ainda enfrenta uma dor de cabeça devido a um escândalo: imagens registradas por câmeras escondidas mostram a primeira-dama, Kim Keon Hee, recebendo uma bolsa de luxo Dior avaliada em 2.200 dólares (R$ 11.000). O presente viola as leis sul-coreanas que proíbem funcionários públicos e cônjuges de receber qualquer objeto de valor superior a US$ 750 (R$ 3.770). Yoon chamou o vídeo de "armação política" e afirmou que sua esposa só aceitou a bolsa porque era difícil recusá-la.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.