Anistia pede que Haia investigue repressão na Venezuela após eleição
A entidade Anistia Internacional fez um apelo, nesta sexta-feira, para que o procurador do Tribunal Penal Internacional investigue a repressão ocorrida na Venezuela desde a eleição, há duas semanas.
Nicolas Maduro foi declarado como vitorioso. Mas a oposição alega que houve fraude. Brasil, México e Colômbia tentam atuar como mediadores, mas exigem que Maduro apresente as atas de cada uma das sessões eleitorais. Enquanto isso, entidades de direitos humanos e mesmo a ONU denunciam um incremento da repressão por parte das forças do estado e a prisão de manifestantes e opositores.
Haia já conta com um processo de investigação desde 2021 contra o regime de Nicolas Maduro. Mas, para a Anistia Internacional, a atual crise e o aumento da repressão precisam entrar no radar da corte.
"Os eventos que se seguiram à eleição presidencial realizada em 28 de julho de 2024 se enquadram perfeitamente na investigação do seu Gabinete", disse a Anistia, em uma carta ao procurador do Tribunal.
"De fato, desde que os resultados contestados e não publicados foram anunciados, as autoridades estatais aumentaram a política de repressão em uma escala generalizada", disse. Segundo a entidade, isso incluo detenções arbitrárias em massa com motivação política, desaparecimentos forçados e tortura.
"Da mesma forma, a organização recebeu relatos confiáveis sobre o uso de força letal e excessiva menos letal por parte de funcionários públicos e grupos armados pró-governo, o que resultou em pelo menos 17 pessoas mortas, invasões ilegais de residências com uso excessivo de força, envio de forças de segurança não uniformizadas e um discurso fortemente estigmatizante contra ativistas políticos, defensores de direitos humanos e ONGs", disse.
Para a entidade, o silêncio do procurador diante dos acontecimentos recentes é "alarmante".
Diante da situação, a entidade pede que a procuradoria de Haia:
- Emita urgentemente uma declaração preventiva sobre a situação na Venezuela, alertando aos supostos responsáveis por crimes de acordo com o direito internacional e que serão levados à justiça.
"O TPI realmente representa um último recurso para as vítimas dos crimes mais graves na Venezuela. Essa não é uma noção meramente retórica. Não é exagero dizer que a perspectiva genuína de ser responsabilizado individualmente pelo TPI pode dissuadir os atores de cometerem crimes internacionais", disse.
- Apoie publicamente todas as ONGs venezuelanas e todas aquelas que são parte integrante da realização das investigações na Venezuela. TPI deve ainda condenar os ataques às ONGs.
- Agilize urgentemente a investigação sobre a situação na Venezuela.
"Cada dia que é marcado por um atraso no progresso tangível da investigação é acompanhado por mais violações graves dos direitos humanos e crimes de acordo com o direito internacional", alertou.
"Podemos afirmar com certeza que a impunidade dos principais responsáveis por crimes de direito internacional na Venezuela continua a dar poder àqueles que cometem tais crimes no país", disse. "Até que todos os responsáveis individuais (até os níveis mais altos) sejam levados à justiça, é quase certo que a repressão violenta que os venezuelanos estão sofrendo continuará", alertou a carta.
Na avaliação da Anistia, o aparato do Estado - incluindo as forças armadas, a polícia e outras autoridades investigativas e judiciais - está implicado, se não for central, no cometimento de ataques generalizados e sistemáticos contra a população civil.
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JAMIL CHADE
Todo sábado, Jamil escreve sobre temas sociais para uma personalidade com base em sua carreira de correspondente.
Quero receber"Além disso, altos funcionários do Estado estão implicados como sendo individualmente responsáveis pelo cometimento de crimes dentro da jurisdição do TPI", disse, numa alusão ao presidente Maduro.
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