Irã ameaça retaliação a Israel, e mundo teme nova guerra: entenda o cenário
O Irã rejeitou os apelos feitos pelo Ocidente para abandonar as ameaças contra Israel e afirmou que não precisa de "autorização" para responder a seu inimigo. Agora, os Estados Unidos e a Europa temem que uma possível retaliação dê início a uma nova guerra na região, afetando também as negociações por um cessar-fogo na Faixa de Gaza.
Irã x Israel
Irã prometeu vingança após ataques atribuídos a Israel no mês passado. As ofensivas mataram o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, e o comandante do Hezbollah, Fuad Shukr. Haniyeh estava em Teerã para a posse do novo presidente iraniano, em 31 de julho, quando foi assassinado. Um dia antes, um ataque em Beirute, no Líbano, causou a morte de Shukr.
Aliados regionais do Irã no Líbano, Iraque e Iêmen participariam da investida. "A República Islâmica está determinada a defender sua soberania (...) e não pede a autorização de ninguém para usar seus direitos legítimos", declarou nesta terça-feira (13) o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Naser Kanani.
Não é a primeira vez que o país planeja uma retaliação contra Israel. Em abril, o Irã lançou drones e mísseis contra Israel, em resposta a um ataque contra o prédio da embaixada iraniana na Síria em que vários membros do alto escalão da Guarda Revolucionária foram mortos. Na ocasião, o governo israelense estimou que mais de cem drones foram lançados pelo Irã.
Hoje inimigos jurados, Irã e Israel já foram aliados no passado. O Irã, que à época abrigava a maior comunidade judaica do Oriente Médio, foi o segundo país muçulmano a reconhecer o Estado de Israel, criado em 1948. Tudo mudou em 1979, com a República Islâmica, quando o Irã cortou todas as suas relações oficiais com Israel, ainda que alguns laços comerciais informais tenham sido mantidos.
Apelos do Ocidente
Países haviam pedido ao Irã que abandonasse a ideia de retaliação. Os governos dos EUA, França, Reino Unido, Itália e Alemanha fizeram um apelo para que o Irã renunciasse às "ameaças contínuas" contra Israel. A Casa Branca alertou que um ataque "poderia ter um impacto" nas negociações previstas para quinta (15) sobre um cessar-fogo em Gaza. Rússia e China também buscam evitar uma escalada.
Apelo não tem lógica política e constitui 'apoio a Israel', alega o Irã. O chanceler alemão Olaf Scholz e o primeiro-ministro britânico Keir Starmer chegaram a conversar por telefone com o presidente iraniano Masud Pezeshkian, que reforçou: "O Irã nunca se submeterá à pressão".
Irã poderia desistir da vingança em caso de trégua em Gaza, diz agência. Uma autoridade militar disse à Reuters que o Irã lançaria um ataque direto se as negociações em Gaza fracassassem ou se percebesse que Israel está arrastando as tratativas. Mais cedo, um bombardeio israelense matou dez membros de uma família em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza. Apenas um bebê de 3 meses sobreviveu.
EUA preveem 'série de ataques' e reforçam presença militar no Oriente Médio. A expectativa do governo americano é de que a retaliação aconteça ainda nesta semana, com "graves consequências" para a segurança na região. Os EUA enviaram um submarino com capacidade de lançar mísseis e um porta-aviões, em uma forte demonstração de apoio a Israel, seu tradicional aliado.
Receio de uma guerra levou companhias a suspenderem voos à região. As empresas têm evitado o espaço aéreo iraniano e libanês e cancelado voos. Hoje, no Aeroporto Internacional de Tel Aviv, os painéis indicavam que várias viagens programadas não aconteceriam mais. "Não há transparência, nada pode ser previsto", lamentou à AFP a israelense Chava Ben-Yehonatan, uma aposentada de 75 anos.
(Com AFP, Deutsche Welle e Reuters)
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