Conteúdo publicado há 3 meses

EUA são suspeitos de usar Tinder para fazer marketing de guerra no Líbano

Usuários do aplicativo de relacionamento Tinder no Líbano se depararam com anúncios dizendo que aviões do Exército dos Estados Unidos estavam prontos para responder a provocações em conflitos do Oriente Médio.

O que aconteceu

O aviso, escrito em árabe, apareceu com imagens de aviões de guerra dos EUA. ''Não peguem em armas contra os Estados Unidos e seus aliados'', dizia. ''A América protegerá seus parceiros diante das ameaças do regime iraniano e seus representantes'', completava. Ameaças ocorrem em meio a um crescente temor no Oriente Médio após ataque do Hezbollah a Israel e uma possível represália iraniana ao país israelense.

Anúncio afirmava que Comando Central estava "totalmente preparado" para empregar aeronaves caso fosse preciso. Usuários que clicavam no anúncio eram direcionados a um tweet do Comando Central dos EUA, responsável por operações e atividades militares em outros países, que trazia detalhes sobre os aviões. A publicação informava que as aeronaves F-16 Fighting e A-10 Thunderbolt estavam no espaço aéreo pertencente ao órgão e incluía imagens dos aviões.

Mensagem repercutiu negativamente entre militares. Um oficial de operações psicológicas do exército americano duvidou da efetividade do anúncio. "Qual mensagem eles acham que isso vai ressoar? Isso é apenas um 'não mexa comigo' na cara [das pessoas]", comentou ao Washington Post em anonimato.

Uso do Tinder foi provavelmente escolha ruim de plataforma, disse um oficial aposentado de operações psicológicas do Exército. "A mensagem em si pode ser eficaz se fizer parte de uma campanha de longo prazo apoiando uma política contínua, e não uma compra única de anúncios", explicou Gittipong "Eddie" Paruchabutr ao jornal americano. O ex-agente acrescentou que a disseminação da mensagem seria mais eficiente se fosse direcionado a um público-alvo mais específico, como "homens em idade militar", que poderiam ser encontrados em comunidades do Facebook ou do Telegram.

Tinder removeu anúncio após ser questionado pelo jornal Washington Post, informando que a imagem "violava as políticas" sobre mensagens violentas ou de cunho político. O Comando Central dos EUA, acusado de ser responsável pelas mensagens, se recusou a comentar alegando que geralmente não discute sobre as operações de informação. O Pentágono também não quis se pronunciar sobre o anúncio.

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