Conteúdo publicado há 3 meses

'Resposta inevitável e legítima', diz Israel sobre ataques a Hezbollah

Em nota obtida pelo UOL, o Consulado Geral de Israel no Brasil declarou que a atuação do país no Líbano e Irã contra o Hezbollah ocorre por "autodefesa".

O que aconteceu

"Maior organização terrorista do mundo", diz Israel sobre o Hezbollah. Na nota, Israel estima que o Hezbollah tem cerca 100 mil membros e mais de 150 mil mísseis e foguetes, "superando o arsenal de muitos países da OTAN". Ainda afirmam que "o Hezbollah tem sido responsável pela maior parte dos ataques terroristas ocorridos no mundo nas últimas décadas" e que o grupo "atua como braço direito do Irã".

Israel diz ter "direito à autodefesa" contra o Hezbollah. A publicação defende ainda que "a presença militar e os ataques do Hezbollah na fronteira representam uma ameaça constante à estabilidade do Oriente Médio e à segurança internacional" e que a resposta de Israel é "inevitável e legítima, respaldada pelo direito à autodefesa previsto no artigo 51 da Carta da ONU".

Hezbollah causou "morte de dezenas de civis inocentes", acusa Israel. "As consequências vão além da perda de vidas, gerando uma crise humanitária com o deslocamento forçado de mais de 100 mil civis, que abandonaram suas casas destruídas, além da devastação de mais de 250 mil hectares", publicam.

Israel anunciou que não vai parar ataques em Beirute. O ministro de Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse em suas redes sociais que a "nova fase da guerra vai continuar". "A série de operações continuará até que alcancemos nosso objetivo: garantir o retorno seguro das comunidades do norte de Israel para seus lares. Continuaremos perseguindo nossos inimigos para defender nossos cidadãos - até mesmo no Dahiyeh em Beirute", escreveu.

O grupo viola flagrantemente o direito internacional, desrespeitando as resoluções 1559 e 1701 do Conselho de Segurança da ONU, que exigem seu desarmamento e retirada das áreas fronteiriças ao sul do Líbano. A persistência do Hezbollah em ignorar essas decisões pacificadoras revela o comprometimento do grupo com uma agenda beligerante e genocida, que ultrapassa qualquer esforço legítimo de Israel para alcançar a paz na região. [...] As ações de Israel devem ser entendidas não apenas como uma defesa de sua soberania, mas como uma reação justificada à violência indiscriminada e às ameaças existenciais representadas pelo Hezbollah. A autodefesa, nesse contexto, é uma obrigação frente às tentativas constantes de desestabilizar a região.
Consulado Geral de Israel, em carta

Israel explodiu pagers de membros do Hezbollah

Homem mostra como ficou pager após explosão no Líbano
Homem mostra como ficou pager após explosão no Líbano Imagem: Reprodução/Telegram

Explosões de pagers e walkie-talkies deixaram 37 pessoas mortas e milhares feridas.

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Foram 12 mortos após explosões simultâneas de 'pagers' do Hezbollah, no Líbano, na terça-feira (17). Explosões aconteceram de forma simultânea. Uma fonte próxima ao Hezbollah atribuiu as explosões a um ataque cibernético "israelense".

O número de mortos após explosões simultâneas de 'walkie-talkies' do Hezbollah, no Líbano, subiu para 25. Entre os mortos, 20 eram integrantes do grupo islamista libanês Hezbollah. Mais 450 pessoas ficaram feridas. Número foi atualizado em coletiva de imprensa pelo ministro da Saúde do país, Firass Abiad, nesta quinta-feira (19).

Walkie-talkies do Hezbollah explodiram no subúrbio de Beirute no fim da tarde de quarta-feira (18). Uma das explosões ocorreu perto de um funeral organizado pelo Hezbollah para os mortos no dia anterior, após "pagers" também explodirem. Os ataques aconteceram em todo o sul do país e nos subúrbios ao sul da capital Beirute. Os rádios portáteis foram adquiridos pelo Hezbollah há cinco meses, na mesma época em que os pagers foram comprados, disse uma fonte de segurança à Reuters.

Entenda a história dos embates entre Israel e o Hezbollah no Líbano

Embora a violência tenha recentemente aumentado, há décadas a fronteira entre Israel e o Líbano é cenário de conflitos. Veja nesta linha do tempo as principais fases da série de hostilidades entre os dois lados.

O Líbano tornou-se independente de seus governantes coloniais franceses em 1943. Mesmo antes do estabelecimento do Estado de Israel, os libaneses já estavam debatendo que tipo de relacionamento poderiam ter com seus vizinhos.

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O governo libanês sempre representou uma ampla gama de diferentes grupos religiosos e étnicos. Alguns achavam que poderiam se alinhar com os sionistas que queriam estabelecer um Estado judeu. Entretanto, outros elementos do Estado libanês acreditam que seria impossível ter um bom relacionamento com Israel e também com os Estados árabes vizinhos.

1948:

Em 14 de maio, no mesmo dia em que é declarada a fundação do Estado de Israel, Egito, Síria, Jordânia, Iraque e Líbano declaram guerra ao novo Estado. Já havia incidentes violentos no que era o Mandato Britânico da Palestina obrigatória, controlada pelo Reino Unido. As Nações Unidas concordaram que o Mandato deveria ser dividido em dois Estados - um judeu e um árabe, ou palestino -, mas muitos países árabes discordam e se recusam a aceitar o plano.

A guerra continua até o início de 1949, quando Israel e alguns Estados árabes, incluindo o Líbano, concordam com as linhas formais do armistício. Esse acordo resulta no que seria conhecido como a Linha Verde ou Fronteira do Armistício de 1949. A maioria dos Estados árabes insiste que essas fronteiras são temporárias, embora o Líbano não o faça.

No final da guerra, Israel detém cerca de 40% da área inicialmente destinada aos palestinos pelo Plano de Partilha da ONU de 1947.

Naquela época, cerca de 100 mil refugiados palestinos, que haviam sido forçados a deixar suas casas, haviam fugido para o Líbano. Em 1949, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA), foi criada para ajudá-los.

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1965:

Até esse ano, a fronteira entre Líbano e Israel era relativamente pacífica. Mas então um novo grupo nacionalista palestino, o Fatah, começa a lançar ataques contra Israel do outro lado da fronteira.

Outros novos grupos militantes palestinos também lançam ataques a partir da Síria e da Jordânia. No próprio Líbano, a opinião pública continua dividida em relação ao conflito, devido ao fato de vários grupos demográficos terem opiniões diferentes sobre ele.

1967:

As tensões entre Israel e seus vizinhos árabes aumentam, e o Egito, a Síria e a Jordânia se mobilizam contra Israel. Após um ataque preventivo de Israel à Força Aérea egípcia em reação à mobilização, Israel derrota as nações árabes alinhadas contra ele, no que agora é conhecido como a Guerra dos Seis Dias. O Líbano não se envolveu fortemente nos combates, mas milhares de refugiados palestinos fugiram pela fronteira para o Líbano.

1969:

O Líbano concorda que a então recém-criada Organização para a Libertação da Palestina passe a administrar 16 campos de refugiados palestinos no Líbano, sob o nome de Comando da Luta Armada Palestina. Essa organização acaba se tornando uma espécie de força policial nos campos.

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1970:

Após iniciar uma revolta fracassada contra a família real jordaniana, a OLP muda sua sede principal da Jordânia para a capital do Líbano, Beirute. A entidade transfere seu quartel-general militar para o sul do Líbano. Isso leva ao aumento dos conflitos entre o Líbano e Israel.

1973:

Forças especiais israelenses aterrissam na costa libanesa e, como parte da Operação Cólera de Deus, de Israel, assassinam três líderes da OLP. As mortes são uma retaliação à operação de tomada de reféns de atletas israelenses pela organização militante palestina Setembro Negro durante as Olimpíadas de Munique em 1972.

1978:

Israel invade o sul do Líbano, perseguindo militantes palestinos que continuaram a realizar ataques transfronteiriços. Isso inclui combatentes que mataram mais de 30 civis israelenses em um ônibus sequestrado.

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O Exército de Israel avança até o rio Litani, a cerca de 29 quilômetros da fronteira, e o Conselho de Segurança da ONU exige sua retirada imediata na Resolução 425 da ONU. Como parte da resolução, a ONU estabelece uma "força interina para o sul do Líbano com o objetivo de confirmar a retirada das forças israelenses, estabelecer a paz e a segurança internacionais" e garantir que o governo libanês recupere o controle da área.

A Força Interina da ONU no Líbano, continua operando no local até hoje.

1982:

Em junho, Israel invade o Líbano, perseguindo os combatentes da OLP que realizam ataques transfronteiriços. Israel também começou a financiar e treinar uma milícia cristã libanesa chamada Exército do Sul do Líbano (ESL) que se opõe à OLP.

As tensões estavam aumentando no Líbano e isso deu início à Guerra Civil Libanesa de 1975 a 1990. Israel apoia o ESL contra outras forças na guerra que são apoiadas pela Síria.

Forças cristãs nacionalistas de direita e outras forças matam centenas de civis em campos de refugiados palestinos, no que ficou conhecido como o Massacre de Sabra e Shatila. Posteriormente, várias comissões de inquérito descobriram que, embora as forças israelenses estacionadas no local não tenham sido diretamente responsáveis pelo massacre, elas foram culpadas por permiti-lo. As fontes divergem quanto ao número de mortos, mas os especialistas mais tarde afirmaram que cerca de 3 mil civis foram mortos.

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Essa invasão israelense do Líbano acabou resultando na criação do Hezbollah. Quando um grupo de clérigos muçulmanos xiitas no Líbano decidiu pegar em armas contra os israelenses, o novo governo teocrático do Irã - também muçulmano xiita - forneceu-lhes fundos e treinamento.

1985:

Depois de três anos, Israel acaba se retirando da área de Beirute em direção ao rio Litani, onde ocupa oficialmente uma área de cerca de 850 quilômetros quadrados entre o rio e a fronteira israelense. Israel argumenta que precisa de uma zona tampão de segurança nessa área para proteger os civis israelenses nas cidades fronteiriças. Isso é feito com a ajuda do ESL.

Nos anos seguintes, os israelenses na zona de segurança tornam-se alvo de militantes. Em 2000, Israel se retira do território libanês, de acordo com a Resolução 425 de 1978 do Conselho de Segurança da ONU.

1993:

Em julho, Israel lança o que chama de Operação Responsabilidade. no Líbano, ela é conhecida como a Guerra dos Sete Dias. Os combates começaram após uma série de ataques de combatentes de Israel e do Hezbollah perto da fronteira, que mataram civis e soldados de ambos os lados. Centenas de milhares de pessoas ficaram desabrigadas. Depois de uma semana, os EUA negociam um cessar-fogo.

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1996:

Em abril, Israel inicia o que chama de Operação Vinhas da Ira. Essa foi uma aparente tentativa de deslocar civis em direção a Beirute, para pressionar o governo libanês a desarmar o Hezbollah. Israel aconselha os moradores dos vilarejos do sul do Líbano a saírem e começa a bombardear pesadamente a área.

Durante a operação de 17 dias, Israel realiza cerca de 600 ataques aéreos, bombardeia o aeroporto e as usinas de energia de Beirute e também bloqueia vários portos libaneses. O Hezbollah responde com disparos de foguetes. Centenas de milhares de civis são deslocados em ambos os lados da fronteira.

Um bombardeio israelense contra um complexo da ONU perto da aldeia libanesa de Qana mata mais de 100 pessoas que estavam abrigadas no local, incluindo cerca de 37 crianças. Centenas de outras pessoas ficaram feridas, incluindo as forças de paz da ONU. Israel afirma que o bombardeio foi acidental. O incidente atrai a condenação internacional e, mais tarde, membros da Al Qaeda diriam que o massacre de Qana os motivou a começar a atacar os EUA.

A operação dura 17 dias e termina com um entendimento mútuo, mediado pelos EUA, de que civis não são alvos legítimos.

2000:

Israel se retira do sul do Líbano até a Linha Azul. A demarcação foi estabelecida pela ONU como linha de fronteira temporária para que a Unifil pudesse monitorar a retirada israelense.

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2006:

O Hezbollah captura dois soldados israelenses em um ataque transfronteiriço e mata vários outros. O grupo exige a libertação de prisioneiros palestinos em troca dos soldados reféns. Israel se recusa e lança uma campanha militar de cinco semanas, que ficou conhecida como no Líbano como a Guerra de Julho.

O conflito desloca até um milhão de libaneses e meio milhão de israelenses. Cerca de 1.200 libaneses são mortos, assim como 158 israelenses, quase todos soldados. A infraestrutura libanesa é muito danificada.

A luta termina com uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que exige que o Hezbollah se desarme e que o Exército israelense se retire, além de expandir o mandato da Unifil para que possa usar a força para impedir atividades hostis na área de fronteira que supervisiona.

Tanto Israel quanto o Hezbollah consideram isso uma vitória. Em outubro, Israel já havia se retirado em sua maior parte.

2023:

Desde 2006, tem havido ataques regulares na fronteira sul do Líbano. Tudo isso mudou após o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro - o conflito se intensificou.

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*Com Deutsche Welle

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