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'Luta diária', diz mãe de brasileiro morto pelo Hamas após 1 ano de ataque

A mãe do brasileiro Ranani Nidejelski Glazer, morto pelo Hamas após o ataque do grupo em Israel, afirmou que é uma "luta constante e diária" se manter bem diante da morte do filho de 24 anos. A declaração foi dada nesta segunda-feira (7), data em que o conflito completa um ano.

O que aconteceu

Tatiana Nidejelski disse nas rede sociais que no último ano conheceu mães maravilhosas e que a ajudaram muito. Ela mencionou ter conhecido, inclusive, muheres que "tiveram que aceitar a vontade de Deus e entregar suas joias preciosas e raras ao plano espiritual".

Ranani Nidejelski Glazer foi o primeiro brasileiro a ter a morte confirmada pelo Itamaraty em 10 de outubro de 2023. O gaúcho e a namorada eram alguns dos brasileiros que estavam em uma rave nas proximidades da Faixa de Gaza quando o Hamas invadiu a região.

Ela também agradeceu pelo apoio que recebeu dos amigos do filho e da espiritualidade. Tatiana citou sonhos e cartas "consoladoras de psicografia" que a enchem de orgulho. "Agradeço a Deus por ter me dado o privilégio de ter um filho tão perfeito, incrível e de alma tão gigante e cheio de amor pela vida." A genitora também relembrou que o governo de Israel "em nenhum momento desviou de seus deveres e que tenho todo apoio".

A mãe de Ranani disse ainda que nunca conseguiria expressar o amor que recebeu e recebe do filho. A mulher relatou que o jovem a salva todos os dias e segue firme por ele. "Se Deus permitir, quero poder honrar sua existência e levar adiante esse amor do Ranani que transborda em mim. Continuarei orando por todos e buscando ter uma fé sincera. E, nesse momento de transição planetária, fica uma das frases do Ranani e que resume bem tudo: O que salva o mundo é só o amor".

Ranani nasceu em Porto Alegre, (...) foi viver em Israel e lá venceu. Sei que quem teve o privilégio de conhecê-lo, irá levar para sua vida a alegria, coragem e garra de viver que ele transbordava. Ele é e sempre será essa vibração de amor. Toda vez que me sinto com medo ou angustiada sinto ele falando: 'Relaxa, minha linda, um dia de cada vez. Te amo e viva o agora, logo ali nos reencontramos'. Estou nessa busca de fortalecimento diário e sei que ele quer ver a mãe e todos bem. Estamos seguindo, meu herói. Meu amor sem limites. Infinito.
Tatiana Nidejelski, mãe de Ranani

Quem era Ranani Glazer?

Ranani teve a morte confirmada pelo Itamaraty
Ranani teve a morte confirmada pelo Itamaraty Imagem: Instagram/31.dez.2020-@reineinai

Ranani Glazer estava presente com sua namorada, Rafaela Treistman, e um amigo na rave que aconteceu próxima à Faixa de Gaza. Ele conseguiu se abrigar em um bunker e chegou a gravar um vídeo relatando que presenciou uma situação que parecia uma "cena de guerra". No entanto, após o abrigo ser invadido, o rapaz desapareceu. Rafaela e o amigo também estavam no local, mas conseguiram se salvar.

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O jovem morava em Israel. Ele chegou a prestar serviço militar nas Forças de Defesa israelenses, mas trabalhava como entregador em Tel Aviv antes de ser morto. O rapaz também trabalhou anteriormente como editor de vídeos e designer, segundo a CNN.

Raves, música e viagens. Ele costumava demonstrar seu gosto por raves, música e viagens nas redes sociais. Em publicações mais antigas, ele já apareceu em outros festivais de música eletrônica e fez visitas a Holanda, França e Inglaterra, entre outros países.

Além de Ranani, outros brasileiros também morreram na invasão do Hamas em Israel. Entre eles estão Bruna Valeanu, de 24 anos, Karla Stelzer Mendes, de 42 anos, e a filha de brasileira, a israelense Celeste Fishbein, 18, que era uma das reféns do Hamas.

Conflito prossegue mesmo após um ano

Há exatamente um ano, israelenses acordavam com rastros de fumaça no céu e dezenas de explosões em um ataque surpresa do grupo armado Hamas. Israel reagiu e, desde então, milhares de pessoas morreram, outras ficaram gravemente feridas e o centro do conflito entre os dois, a Faixa de Gaza, foi arrasada. A troca de ataques levou a uma escalada na tensão do Oriente Médio, já marcado por conflitos históricos.

Israel se defende das críticas pela destruição em Gaza. Em discurso na Assembleia Geral da ONU em 27 de setembro, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que, se o Hamas "permanecer no poder", vai se reagrupar e atacar os israelenses novamente. Ele também justificou os ataques recentes ao grupo libanês Hezbollah. "Continuaremos destruindo o Hezbollah até que todos os nossos objetivos sejam alcançados."

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Cerca de 42 mil pessoas foram mortas em Gaza desde o início do conflito e mais de 96 mil ficaram feridas, segundo o Ministério de Saúde palestino. A pasta é subordinada à Autoridade Nacional Palestina, mas Gaza é governada desde 2007 pelo Hamas.

Já Israel contabiliza pouco mais de 1,2 mil pessoas mortas e cerca de 9 mil feridos durante o conflito. O país tem, ainda, quase 100 reféns sob poder do Hamas em Gaza, sendo 33 corpos e, entre os 64 que continuariam vivos, 52 homens, 10 mulheres e duas crianças. A situação das vítimas é ainda uma justificativa do governo Netanyahu para a continuidade dos ataques.

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