Com Biden e Xi Jinping juntos, Brasil quer usar G20 para destravar COP29
O Brasil, os Estados Unidos e a China se mobilizam para articular no G20 uma solução para a COP29, que acontece em Baku, no Azerbaijão, até o dia 22.
O que aconteceu
Da COP29 para G20, do G20 para COP29. O embaixador brasileiro André Corrêa do Lago e o enviado americano para o clima, John Podesta, deixaram Baku na quarta-feira (13) para participar do G20 nos próximos dias 18 e 19. Ambos devem voar novamente para a COP29 a tempo de trazer uma mensagem política sobre uma nova meta de financiamento — principal nó das negociações climáticas.
Costura de mensagem sobre meta de financiamento. Para isso, Podesta pretende aproveitar uma reunião bilateral entre o presidente dos EUA John Biden e o presidente chinês, Xi Jinping, ainda no Peru, durante o encontro da cooperação Ásia-Pacífico. A China, contudo, ainda não confirmou a agenda.
Encontro pode reafirmar cooperação na agenda climática. Oficiais da Casa Branca conversaram com a imprensa na quinta (14) sobre o futuro encontro entre os dois presidentes e esperam confirmar o entendimento construído nos últimos três anos, durante os quais a administração Biden e o governo de Xi Jinping produziram declarações em prol da cooperação na agenda climática.
Financiamento climático é entrave para os dois países. No topo do ranking dos maiores emissores de gases causadores do aquecimento global, os dois países também protagonizam a briga sobre financiamento climático.
Pressão sobre a China
Há pressão para a China contribuir mais. O país está sendo pressionado pelo bloco desenvolvido para que passe a contribuir com o financiamento do acordo climático junto aos países doadores. A China concorda em ampliar suas contribuições na cooperação Sul-Sul voluntariamente. Mas reforça que a obrigação financeira é do bloco rico, que historicamente mais contribuiu para as emissões de gases-estufa.
Dúvida sobre participação futura dos EUA. Um dos maiores doadores do acordo climático, os Estados Unidos geram receio no bloco rico em relação à capacidade de se chegar a uma nova meta financeira sem a participação americana, já que o presidente reeleito Donald Trump deve desembarcar mais uma vez do Acordo de Paris de combate às mudanças climáticas.
Para a China, novo cenário não muda nada. Assim como na primeira eleição de Trump, a China reagiu imediatamente na COP29 do Clima, reafirmando que sua ação climática seguirá com a mesma consistência sob diferentes quadros ou circunstâncias.
Democratas tentam amplificar recado. Visando a um último aceno à comunidade internacional antes de passar o bastão a Donald Trump, a gestão Biden busca reforçar a marca de liderança climática que o presidente americano buscou criar no início do mandato, registrando sua diferença em relação a Trump.
Os mais ricos e os mais difíceis estarão no Rio de Janeiro. É com esse entendimento que a diplomacia brasileira busca aproveitar a reunião dos Chefes de Estado do G20 para destravar a COP29 do Clima da ONU.
De olho em azeitar o caminho para a COP30 do Clima da ONU. O encontro deve ser presidido pelo Brasil no final de 2025. Assim, o Itamaraty tenta buscar no G20 uma solução política para a nova meta de financiamento climático, que é também a condição para que países definam metas climáticas mais altas no próximo ano e indiquem um final bem-sucedido para a COP30. Como em um efeito dominó.
Novas estratégias
Abrindo caminho para um entendimento coletivo. A pavimentação dessa ideia começou com a mobilização de ministros das pastas econômicas dos países do G20 em torno de uma declaração sobre finanças climáticas, que foi assinada em Washington no final de outubro.
Valores maiores e novas estratégias de financiamento. O texto mostra consenso não só sobre a necessidade de aumentar os valores dos recursos a serem mobilizados para a agenda climática, como também sobre outras estratégias de financiamento, especialmente a reforma da arquitetura financeira multilateral para alinhá-la com os objetivos climáticos e o desenvolvimento sustentável.
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Quero receberPauta deve seguir para declaração do nível presidencial do G20, em uma indicação pública de apoio às negociações da COP29. Nos bastidores, no entanto, os líderes do G20 devem avaliar uma proposta mais específica para levar a Baku: um número, na casa dos trilhões.
Uma das propostas prevê mobilização global de US$ 1 trilhão, através de diversas fontes e condições de financiamento, até 2030. Os detalhes de implementação seriam definidos nas próximas reuniões, deixando para Baku apenas o anúncio de um número maior para a nova fase de financiamento.
Antes, promessa (não cumprida) era de US$ 100 bilhões anuais. A fase anterior do compromisso financeiro para o clima se baseava na promessa do bloco rico de levantar o dinheiro até 2020 e passar a prover esse montante anualmente entre 2020 e 2025. No entanto, os países atrasaram três anos na mobilização da primeira leva do recurso e não chegaram a cumprir o ritmo anual que haviam prometido.
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