Seria Djokhar Tsarnaev um terrorista ou um adolescente manipulado por seu irmão?

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Teria Djokhar Tsarnaev agido deliberadamente, ou era ele um adolescente perdido influenciado por seu irmão mais velho? É isso que vai decidir o júri no julgamento dos atentados da maratona de Boston, que começa nesta terça-feira (7) suas deliberações.

Djokhar Tsarnaev, 21, jovem muçulmano de origem tchetchena, pode ser condenado à pena de morte por esses ataques que deixaram três mortos e 264 feridos no dia 15 de abril de 2013 em Boston. Vestindo camisa com gola aberta e um blazer escuro, ele não demonstrou qualquer emoção na segunda-feira (6) ao ouvir as últimas declarações dos promotores, e depois da defesa, durante a primeira fase de seu julgamento, que começou no dia 4 de março.

"Punir os Estados Unidos"

Para o promotor-assistente Aloke Chakravarty, Djokhar Tsarnaev "queria aterrorizar esse país". "Ele queria punir os Estados Unidos pelo que fizeram ao seu povo, e foi isso que ele fez" junto com seu irmão. "Naquele dia, eles pensaram que eram soldados, que eram mujahidins, e que estavam transpondo seu combate para Boston", ele afirmou.

"O acusado fez isso junto com seu irmão. Ele plantou uma bomba, seu irmão pôs outra. Foi um atentado coordenado, para maximizar o terror. Nada naquele dia foi por acaso. Foi um ato de terrorismo frio e calculado."

Após a morte de seu irmão durante a perseguição pela polícia três dias depois da tragédia, Djokhar Tsarnaev se escondeu em um barco guardado em um quintal do subúrbio de Boston. Ele havia escrito na parede interna do barco que ele queria vingar a morte de civis muçulmanos mortos pelos Estados Unidos. "Ele fez aquilo que os terroristas fazem... ele queria dizer ao mundo por que ele fez isso. Ele queria o mérito daquilo para si", afirmou o promotor, lendo trechos do que Tsarnaev havia escrito: "O governo americano mata nossos civis inocentes. Não aguento que uma maldade como essa permaneça impune."

Envolvimento "injustificável"

A defesa não negou o envolvimento "injustificável" do jovem acusado. "Não contestamos as acusações", declarou a advogada Judy Clarke. "Não há desculpa para esse sofrimento, essa destruição, essas perdas. Ninguém está tentando achar uma."

Mas ela insistiu no "porquê", afirmando que sem Tamerlan Tsarnaev, o irmão mais velho de 26 anos, não teria havido atentados. Ela explicou que foi ele que matou um policial três dias depois dos atentados para lhe roubar sua arma, foi ele que baixou as informações para fabricar as bombas caseiras, foi ele que comprou as panelas de pressão nas quais elas foram montadas. "Tamerlan conduzia e Djokhar seguia", ela disse.

Djokhar Tsarnaev só teria sido "atraído pela paixão e pelas opiniões de seu irmão mais velho, uma vez que ele levava uma vida de adolescente", ela disse sobre o estudante nascido no Quirguistão, que chegara aos Estados Unidos com seus pais aos 8 anos de idade e obteve a cidadania americana em 2012. Ela pediu aos jurados que mantivessem a mente aberta para a segunda parte do julgamento, quando eles deverão decidir entre pena de morte e prisão perpétua.

Pena capital ou prisão perpétua

Os jurados deverão decidir nesta terça-feira sobre a culpabilidade de Tsarnaev para cada uma das 30 acusações mantidas contra ele. Dezessete dessas acusações são passíveis de pena de morte, entre elas o "uso de arma de destruição em massa". O veredito de culpabilidade é quase certo, em razão do grande número de acusações.

Após o veredito, terá início a segunda fase do julgamento, com novos testemunhos e deliberações.

Tradutor: UOL

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