Ban Ki-moon pede 'compromisso firme' sobre o clima em Doha e defende Protocolo de Kyoto

Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), afirmou nesta terça-feira (4) que espera um "compromisso firme" dos quase 190 países presentes na COP 18, cúpula sobre as mudanças climáticas que ocorre em Doha, no Catar, para alcançar um acordo até o fim da reunião, no fim de semana.

"Conto realmente com um esforço de sua parte", discursou Ban às delegações. "Temos uma responsabilidade. Uma responsabilidade moral, e vocês, ministros e dirigentes, têm uma responsabilidade política com as gerações futuras.”

Os ministros da Energia, do Meio Ambiente e de Relações Exteriores começaram a chegar hoje na capital do Catar para concluir, até a próxima sexta-feira, as negociações iniciadas em 26 de novembro. Os dois temas principais que devem ser solucionados são a prorrogação do Protocolo de Kyoto e a ajuda financeira aos países do hemisfério Sul.

Ban manifestou "sentimentos misturados, otimistas e pessimistas" sobre os resultados da conferência de Doha. "Mas temos que trabalhar com uma base otimista, ou não teremos resultados.” 

Ao afirmar que as emissões de dióxido de carbono estão nos níveis mais altos, o secretário da ONU disse que o mundo está em uma luta contra o tempo para permanecer abaixo da marca de 2 graus Celsius como acordado.

Crise climática

Ban afirmou que o clima extremo representa uma grande ameaça à raça humana e disse que "o anormal é o novo normal". Para ele, o degelo do Ártico, que deve atingir um nível recorde este ano, as supertempestades e a elevação do nível dos mares são sinais de uma "crise" e que ninguém "deve se iludir" sobre o problema.  

Segundo o chefe da ONU, o aquecimento global é uma grave ameaça a todos, à economia, à segurança e ao bem-estar das crianças e das gerações futuras. Ele falou que cerca de 1,5 bilhão de pessoas são afetadas pela degradação do solo, e das geleiras, que estão derretendo a níveis jamais vistos.

Ban quis enfatizar, com sua fala, que nenhum país está livre dos efeitos da mudança climática, seja ele rico ou pobre. Ao mencionar o furacão Sandy, que devastou a costa nordeste dos Estados Unidos entre outubro e novembro, Ban afirmou que China, Moçambique, Colômbia e Austrália sofreram com as enchentes neste ano. E ele lembrou, também, que a seca do Brasil, assim como as da Ucrânia e da Índia, dizimou grande parte das colheitas globais.

"Ninguém está imune à mudança climática - rico ou pobre. Esse é um desafio existencial para toda a raça humana, nosso modo de vida, nossos planos para o futuro."