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Tribunal russo ordena prisão de cinco ativistas do Greenpeace

Em Moscou

26/09/2013 11h07

Um tribunal russo ordenou nesta quinta-feira (26) a permanência em detenção durante dois meses de três ativistas estrangeiros e de dois russos do Greenpeace, acusados de pirataria por uma ação de protesto contra o gigante do gás Gazprom no Ártico.

Os cinco ecologistas contra os quais foi ditado este período de prisão preventiva são o polonês Tomasz Dziemianczuk, o neozelandês David John Haussmann, o canadense Paul Douglas Ruzycki e dois cidadãos russos: o fotógrafo Denis Sinyakov e o porta-voz do Greenpeace Roman Dolgov, indicou a ONG em sua conta no Twitter.

Os membros do grupo de 30 detidos de dezoito nacionalidades - entre eles a brasileira Ana Paula Maciel e dois argentinos - são acusados de pirataria, um crime passível de até 15 anos de prisão.

Eles foram presos no dia 19 de setembro por um comando das forças de segurança russas que tomaram o controle do quebra-gelos Artic Sunrise, de bandeira holandesa. A embarcação, que navegava no Ártico para denunciar projetos de exploração petroleira, foi rebocada até o porto de Murmansk, no Noroeste da Rússia.

A comissão judicial russa a cargo da investigação do caso advertiu antes das audiências desta quinta-feira (26) que pediria que todos os militantes continuassem detidos.

Segundo o Greenpeace, os investigadores realizaram este pedido ao estimarem que, se fossem colocados em liberdade, os ativistas poderiam fugir da Rússia ou continuar com suas atividades criminosas.

Holanda pede libertação

O assunto pode se converter em um conflito diplomático. A Holanda pediu a libertação da tripulação do Artic Sunrise e indicou que poderia iniciar "diligências legais [para obtê-la], inclusive ante o Tribunal Internacional da ONU para o Direito do Mar", anunciou na quarta-feira (25) o chefe da diplomacia holandesa, Frans Timmermans.

A chancelaria argentina, através de seu embaixador na Rússia, Juan Carlos Kreckler, apresentou um documento pedindo a libertação dos dois argentinos detidos, disse na quarta-feira o diretor-executivo do Greenpeace em Buenos Aires, Martín Prieto, em declarações à imprensa. A AFP não pôde confirmar o envio ou o conteúdo da carta.

Já o governo brasileiro trabalhava para saber a situação da bióloga detida, nascida no Rio Grande do Sul.

O presidente russo, Vladimir Putin, admitiu na quarta-feira (25) que os 30 tripulantes do barco do Greenpeace não são piratas, mas atacou os métodos da organização.

"É completamente óbvio que estas pessoas violaram a lei internacional", disse Putin em um fórum internacional sobre o Ártico na cidade de Salejard, no Norte do país, antes de acrescentar que a guarda-costeira russa não sabia quem tentava escalar a plataforma petrolífera da Gazprom.

Kumi Naidoo, diretor do Greenpeace International, que classificou as acusações de pirataria de absurdas, não acredita que a guarda-costeira desconhecia que a operação era realizada pela organização ecologista.

"Eles nos seguiram durante 24 horas antes do início do protesto. Temos uma longa história de militância pacífica na Rússia e as autoridades nos conhecem muito bem", acrescentou em um comunicado.