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'Se pudesse, voltaria atrás', diz capitão do barco do Greenpeace preso

Em Moscou

14/10/2013 12h52

Peter Willcox, o capitão do Arctic Sunrise, o barco do Greenpeace cujos membros foram acusados de pirataria na Rússia depois de um protesto contra uma plataforma petroleira no Ártico, disse nesta segunda-feira (14) que, se pudesse, voltaria atrás.

"Se pudesse voltar atrás, ficaria em Nova York [EUA]. Lamento muito", afirmou o capitão de 60 anos, citado pela agência Ria Novosti.

Willcox cumpre uma pena de prisão preventiva de dois meses junto a seus tripulantes, entre eles a brasileira Ana Paula Maciel.

"Há 40 anos pratico este ofício e jamais houve uma acusação semelhante", declarou Peter Willcox diante do tribunal de Murmansk, no noroeste da Rússia, que rejeitou seu recurso de apelação.

O tribunal também decidiu nesta segunda-feira (14) manter em prisão preventiva a argentina Camila Speziale, de 21 anos, que tentou escalar a plataforma petroleira russa Gazprom, antes de ser detida pela guarda-costeira russa.

"Sou inocente, não entendo do que me acusam", disse a jovem no tribunal. "Fui detida por algo que não fiz. Quero retornar ao meu país e seguir trabalhando e estudando. Consideram que sou perigosa para a sociedade, mas como isso pode ser possível?", acrescentou a jovem.

O capitão do barco também declarou ante ao tribunal que sofre de problemas cardíacos.

Em 1985, Peter Willcox comandava um barco da organização de defesa do meio ambiente Greenpeace, o Rainbow Warrior, quando ele foi explodido por agentes secretos franceses no porto de Auckland, na Nova Zelândia, enquanto fazia uma campanha contra os testes nucleares na Polinésia.

Esta operação, que deixou um morto, o fotógrafo Fernando Pereira, de 35 anos, provocou um enorme escândalo internacional.

Assim como os outros membros da tripulação, o capitão já foi condenado a pagar uma multa de 20 mil rublos (450 euros) por se negar a obedecer as autoridades.

A tripulação era composta por pessoas de 18 países diferentes, entre eles Rússia, Estados Unidos, Argentina, França, Brasil, Holanda e Reino Unido, mas apenas a Holanda solicitou publicamente que estas pessoas fossem libertadas.

O Arctic Sunrise foi abordado e posteriormente rebocado por um comando transportado por helicóptero da guarda-costeira russa no Mar de Barents, no Ártico russo, depois que vários de seus tripulantes, a bordo de botes infláveis, se aproximaram de uma plataforma petroleira russa e tentaram escalá-la para, segundo eles, colocar uma bandeira denunciando os riscos ecológicos.

Toda a tripulação do barco - 28 militantes do Greenpeace, 26 deles estrangeiros, e dois jornalistas freelancer - foi acusada de "pirataria em grupo organizado" e pode ser condenada a 15 anos de prisão.

Na última quarta-feira (9), o comitê investigador russo anunciou que estudava novas acusações por crimes agravados contra a tripulação, afirmando que foram apreendidos produtos entorpecentes a bordo do Arctic Sunrise.