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"Não existe anistia para o Ártico", dizem ativistas anistiados na Rússia

18/12/2013 15h22

Os 28 ativistas do Greenpeace Internacional e dois jornalistas que enfrentaram dois meses de prisão na Rússia após protesto pacífico receberam com alívio a aprovação do parlamento do país de uma anistia que encerra as investigações de vandalismo. Por outro lado, o momento não permite celebração: “Não existe anistia para o Ártico”, declarou o grupo.

O decreto aprovado hoje (18) anistia tanto as pessoas condenadas quanto acusadas de vandalismo, o que contempla do grupo dos 30 do Ártico. Agora, após os trâmites burocráticos, as 26 pessoas de nacionalidade não russa poderão voltar para casa.

“Estou aliviada, mas não celebrando. Fui acusada e permaneci dois meses presa por um crime que não cometi, o que é um absurdo. Mas finalmente parece que essa saga está chegando ao fim e em breve estaremos com nossas famílias”, disse a ativista brasileira Ana Paula Maciel. “Mas ainda penso em meus colegas russos que ficarão com a ficha suja em seu país por algo que eles não fizeram. Tudo isso porque eles lutaram pela proteção do Ártico.”

No momento, os 26 estrangeiros do grupo não possuem um visto de saída do território russo, uma vez que foram trazidos a força, após terem sido presos ilegalmente em águas internacionais por um protesto pacífico contra uma plataforma de petróleo no Ártico. Ao aceitar a anistia, o grupo não assume sua culpa, mas as investigações contra eles chegam ao fim.

O destino do navio Arctic Sunrise, entretanto, ainda é incerto. Atualmente, ele se encontra detido no porto da cidade de Murmansk (noroeste da Rússia), apesar de uma ordem do Tribunal Internacional do Mar para sua soltura.

A mobilização internacional pela libertação dos 30 do Ártico contou com mais de 860 protestos em 46 países e mais de 2,6 milhões de e-mails enviados para as embaixadas russas de todo o mundo – 230 mil apenas no Brasil. Artistas e políticos declararam seu apoio à campanha.

No Brasil, além do pronunciamento da presidenta Dilma, o presidente do Senado Renan Calheiros enviou um pedido oficial de libertação de Ana Paula Maciel ao parlamento russo e o próprio Congresso votou uma moção de apoio, que foi entregue ao embaixador russo no Brasil.