Mudança climática é 'um dos principais perigos' para o patrimônio mundial, diz Unesco
A mudança climática é "um dos principais perigos" para nosso patrimônio mundial. Um relatório divulgado nesta quinta-feira (26), intitulado "Patrimônio mundial e turismo diante da mudança climática", diz que todos os 31 locais naturais e culturais analisados no estudo feito pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura) e por ONGs (Organizações Não-Governamentais) já sofrem certos impactos.
"O problema já existe e vai se agravar", declarou Adam Markham, da ONG UCS (Union of Concerned Scientists), um dos autores do relatório. O relatório concentra-se nos locais que têm um grande interesse turístico, como Veneza (Itália), a Estátua da Liberdade e o Parque de Yellowstone (EUA), as Ilhas Galápagos (Equador), Cartagena (Colômbia), o Parque Nacional de Shiretoko (Japão), a região protegida de Wadi Rum (Jordânia), as Lagoas da Nova Caledônia.
Excesso de turistas
A mudança climática se soma a outros elementos que contribuem para degradar os locais, como "o excessivo número de turistas em Veneza ou nas Ilhas Galápagos", as atividades mineiras na Nova Caledônia, a caça predatória e a crescente presença humana na selva de Bwindi, completa o funcionário da ONG.
Em vários locais, os impactos do aquecimento ameaçam "seu excepcional valor", informa este relatório.
Se a indústria do turismo se vê afetada, a economia dos países que dependem dela podem sofrer muito, afirma. Esse é o caso de Uganda, conhecido pelos gorilas de montanha que vivem na selva de Bwindi.
A longo prazo, o aumento das temperaturas reduzirá provavelmente a superfície da selva à disposição dos gorilas. Também poderá elevar a pressão humana sobre seu habitat se os camponeses ampliarem seus cultivos nas zonas que circundam o parque.
Liberdade sob risco
A respeito da Estátua da Liberdade, "apesar de sua aparência sólida e invulnerável", "corre um considerável risco" devido ao aumento do nível do mar, às inundações costeiras e às tempestades cada vez mais violentas causadas pelo aquecimento, informa o relatório.
Conter o aquecimento, abaixando a temperatura em até dois graus até 2050, como prevê o acordo de Paris, fechado em dezembro, é de "uma vital importância para proteger nosso patrimônio mundial", resume a diretora do Centro do Patrimônio Mundial, Mechtildd Rössler.
Por fim, dado que os locais do Patrimônio Mundial devem ter um "valor universal excepcional", o relatório recomenda que o Comitê do Patrimônio Mundial leve em conta o risco de possíveis locais que sejam degradados pela mudança climática antes de colocá-los na lista, segundo o comunicado da Unesco.
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