Chega de filme plástico: vem aí a embalagem comestível feita de leite
Boa parte das embalagens plásticas que compramos nos supermercados pode ser reciclada, como as que contêm ovos, leite e manteiga. Mas e aquele filme plástico finíssimo que protege queijos e carnes?
Esse tipo de plástico (geralmente feito de policloreto de polivinila, ou PVC) é mais difícil de reciclar e até pode contaminar a comida com substâncias químicas nocivas. Além disso, sequer cumpre direito sua função de impedir que o alimento estrague.
Felizmente, pesquisadores estudam alternativas para acondicionamento de alimentos -- e essas alternativas são comestíveis.
Pesquisadores do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) descobriram que uma proteína do leite chamada caseína pode ser usada para desenvolver um filme comestível e biodegradável.
O filme à base de caseína é até 500 vezes melhor do que o filme plástico em isolar o oxigênio da comida.
Isso porque as proteínas formam uma rede mais fechada quando se polimerizam, de acordo com a pesquisa. A descoberta também é mais eficaz do que as atuais embalagens comestíveis à base de amido e protege alimentos sensíveis à luz.
"Tudo vem em embalagens cada vez menores, que são ótimas para levar para o almoço e para o lanche da escola, mas criam tanto lixo", disse Laetitia Bonnaillie, pesquisadora do USDA que foi uma das responsáveis pela pesquisa sobre embalagens de caseína. "Embalagens comestíveis podem ser excelentes para isso."
A fim de produzir embalagens mais práticas, a equipe adicionou glicerol e pectina cítrica ao filme de caseína, que é feito a partir de uma mistura de água e pó de caseína já disponível comercialmente. O glicerol torna o filme de proteína mais macio e a pectina cítrica proporciona mais estrutura, garantindo maior resistência a umidade e temperaturas elevadas.
Segundo Bonnaillie, os aditivos usados pela equipe também tornam a embalagem superior porque a pectina é boa para a saúde.
Sabores, vitaminas e outros aditivos podem ser acrescentados para tornar a embalagem e o alimento que envolve mais saborosos e nutritivos.
"Esses filmes serão melhores para a saúde do que os de amido", disse Bonnaillie.
Uma das possibilidades seria dissolver a embalagem como um sachê de café ou sopa. Em vez de cortar a parte superior e despejar o conteúdo, daria para dissolver tudo em água quente e o processo de dissolução aumentaria o conteúdo proteico.
Outro potencial uso seria em invólucros unitários com alto conteúdo de plástico, como aqueles que envolvem rolinhos individuais de queijo industrializado.
"Eu consumo muito disso e toda vez penso que há tanto plástico quanto queijo", disse Bonnaillie.
Como o filme de caseína se dissolve em água, um dos pontos negativos quando se trata de porções individuais é a necessidade de caixas maiores de papelão ou plástico não dissolúvel para manter o conteúdo limpo e seco. De acordo com Bonnaillie, muitos desses produtos já vêm com outra embalagem exterior, portanto, em um sistema de camadas e embalagem secundária, a caseína ainda ajudaria o meio ambiente.
A caseína líquida pode servir como embalagem e como alimento, polvilhada sobre cereais matinais e barrinhas. Muitos cereais matinais atualmente se mantêm crocantes por causa do açúcar, mas o mesmo objetivo poderia ser alcançado sem açúcar, usando a proteína do leite.
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