Ação federal na crise do óleo só melhorou com Mourão, diz governador de PE
Resumo da notícia
- Governador de Pernambuco se queixa de lentidão do Planalto
- Segundo ele, ações ganharam mais velocidade quando Mourão assumiu a Presidência
- Bolsonaro está em viagem na Ásia
Desde a semana passada, Pernambuco viu algumas de suas principais praias serem invadidas por manchas de óleo. De novo: o problema havia surgido em setembro, o material foi retirado, mas voltou em maior quantidade.
O desastre ambiental, diz o governador do estado, Paulo Câmara (PSB), tem impacto agravado pelo que classifica de demora do governo federal — situação que só mudou, em sua avaliação, quando o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) assumiu a Presidência nesta semana, já que Jair Bolsonaro (PSL) está na Ásia.
"Essa priorização com mais efetividade, a gente só conseguiu ver da última segunda pra cá, quando o presidente em exercício anunciou reforço [de 5.000 homens do Exército] para cuidar desses vazamentos", afirmou.
Em entrevista ao UOL, Câmara afirma esperar que, a partir de agora, o problema seja tratado como prioridade no país.
Leia os principais trechos da conversa:
UOL - Como o senhor avalia a condução do governo federal nessa crise ambiental no Nordeste?
Paulo Câmara - São 50 dias desde que começaram essas manchas de óleo, e a gente continua sem resposta. No caso de Pernambuco, onde a gravidade foi maior a partir da quinta da última semana, a gente buscou dar respostas dentro das nossas possibilidades. Sentimos muitas dificuldades, mas melhorou desde a segunda-feira, quando houve o anúncio do incremento efetivo das Forças Armadas. Precisamos preparar o futuro para que a gente tenha condições de atacar de forma mais rápida essa questão.
O que o senhor tem achado do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles?
A preocupação maior é poder prevenir. Saber origem e aonde o óleo pode chegar. Claro que tem de investigar de onde veio, mas mais importante é garantir a preservação do meio ambiente. Precisamos evitar um dano maior, já que temos impactos incalculáveis já vistos até agora. Ontem lancei um edital de R$ 2,5 milhões para fazerem pesquisa aqui e sabermos os efeitos disso em médio e longo prazo. Quero trabalhar rápido para minimizar isso, mas carece de muito estudo e muita pesquisa ainda.
Procurar culpados agora, em meio a emergência, é a melhor ideia?
Tem de cuidar de buscar respostas, não adianta ficar fazendo afirmações sem ter respostas. Não podemos perder energia com assuntos menores, temos de gastar para evitar que óleo chegue nas praias. Caso chegue, limpar e destinar de maneira adequada. A gente não quer culpar A e B, a gente quer barrar o óleo.
Em que o governo federal tem falhado?
Tenho tido contato aqui muito próximo com a Marinha, que é quem coordena aqui, e há um esforço dela para dar repostas. Tem muita coisa para melhorar porque ainda faltam equipamentos, barreiras, uma série de ações. Recebi os ministros da Defesa e do Desenvolvimento Regional, também há interesse em buscar caminhos e alternativas. Espero que haja realmente a colocação desse assunto como central no país. Enquanto não tiver uma resolução, que seja a prioridade máxima. São 50 dias, e essa priorização com mais efetividade a gente só conseguiu ver da última segunda pra cá, quando o presidente em exercício anunciou reforço para cuidar desses vazamentos.
Está faltando um maior engajamento de Bolsonaro?
Isso é considerado pela academia como o maior acidente ambiental do Brasil das últimas décadas. Assuntos como esse têm de ter prioridade máxima do governo, que só está vendo isso, no caso, quase 50 dias depois. Agora é que começa a ter uma estruturação e uma preocupação maior. Se tivesse redobrado a atenção, tivesse tido um esforço maior, talvez tivesse evitado um dano maior. A gente espera que a partir de agora não falte apoio aos estados e municípios. Não tem outra prioridade, estou cuidando 24 horas. Tem de ser considerado que atinge nove estados, é uma situação gravíssima, tem que ser colocada na prioridade do governo federal.
Pernambuco não decretou emergência como Sergipe e Bahia. O senhor pensa nisso?
Estou analisando a cada dia. Por enquanto, não está decretado, não vi necessidade. Vamos aguardar os próximos dias, se entender que é necessário, faremos.
O senhor acha que decretar afetaria o turismo?
Afetaria. Aliás, já está afetando. A notícia já afeta, a gente também tem de pensar também. Claro que primeiro vamos pensar na saúde das pessoas e não vamos omitir caso haja necessidade. Agora a decretação não vai mudar a situação atual: todas as ações são feitas, todos os protocolos a gente tem seguido.
Recentemente o senhor foi vítima de ataque nas redes sociais do presidente Jair Bolsonaro [por conta da 'paternidade' do 13º do Bolsa Família]. Havia algum desentendimento que justificasse?
Não. Foi uma agressão de um grau de desinformação muito grande, e isso preocupa porque veio do maior expoente da República. Acho que os assuntos brasileiros são muito maiores que esses do que ficar em discussão de presidente contra um governador ou estado que só quer ajudar o Brasil.
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