Autor de estudo citado pelo governo diz que pesca não está liberada no NE
Resumo da notícia
- Ministério da Agricultura usou estudo da PUC-Rio para dizer que consumir peixe do NE é seguro
- Um dos autores da pesquisa diz que 'não é bem assim'
- Estudo se limita a 21 amostras de pescados embalados para consumo
O ministério da Agricultura afirmou ontem, com base em estudo da PUC-Rio, que amostras de peixes coletadas em áreas atingidas por óleo estão "próprias para o consumo". Mas o professor Renato Carreira, coordenador do laboratório que participou da pesquisa, afirma que os dados não permitem dizer que a pesca esteja liberada, nem que não haja animais contaminados.
Os pesquisadores analisaram 21 amostras de peixes e lagostas coletados em Bahia, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte. O resultado de 12 dessas amostras já foi divulgado —- o que resultou na nota do ministério —, e conclusões sobre as outras 9 são aguardadas para amanhã.
"Nunca, em momento algum nosso laudo serve para dizer que a pesca está liberada", diz ao UOL o pesquisador, que trabalhou com mais nove pessoas no estudo.
"[A forma como eles divulgaram o estudo] pode levar a interpretação que não é a que eu acho mais correta", afirma.
No acordo firmado entre a universidade e o ministério, ficou estabelecido que o estudo ficaria a cargo do laboratório, enquanto a divulgação seria competência exclusiva da pasta.
"A gente fez um retrato, um primeiro esboço de divulgar níveis de contaminantes. Fizemos isso sem cobrar, como um esforço para divulgar a qualidade do pescado", diz o pesquisador.
Estudo não abrange 'pesca artesanal'
O estudo avaliou os níveis de contaminação nas amostras por HPAs (hidrocarbonetos policíclicos aromáticos), elemento presente no petróleo e nocivo à saúde.
Os peixes coletados vieram de estabelecimentos registrados no Serviço de Inspeção Federal (SIF), ou seja, pertencem ao segmento da pesca industrial. A pesca artesanal e recreativa não foi contemplada pelo estudo.
"Isso é uma primeira informação dentro de uma escuridão total", diz o pesquisador da PUC-Rio.
Na última semana de outubro, a Universidade Federal da Bahia (UFBA) realizou uma pesquisa com 50 animais marinhos. Foram detectados metais pesados em todos eles.
A análise do laboratório da PUC-RJ foi feita em peixes e lagostas embalados para consumo.
Carreira ainda alerta para as consequências na vida marinha da região a longo prazo.
"É compreensível a preocupação com a qualidade do pescado para consumo, porque há pescadores em situação econômica crítica e impacto sobre o turismo. No entanto, outra face que pouco se fala é o impacto de longo prazo da presença do óleo na região. Animais e vegetais expostos a concentrações pequenas, mas por longo período, podem levar a bioacumulação de compostos em animais como golfinhos e tartarugas", destaca.
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