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Desmatamento no cerrado em fevereiro dobra em relação a 2022, diz Ipam

Desmatamento crescente no Cerrado tem preocupado autoridades - Marcelo Camargo/Agência Brasil
Desmatamento crescente no Cerrado tem preocupado autoridades Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Do UOL, em São Paulo

15/03/2023 00h00

O Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) identificou um salto no desmatamento no cerrado no mês passado. Segundo a entidade, o bioma perdeu 86.782 hectares de vegetação em fevereiro deste ano, área equivalente a mais da metade da cidade de São Paulo.

O número quase dobrou em relação a fevereiro de 2022. Naquele mês, o Ipam havia registrado a destruição de 44.700 hectares no cerrado.

Nos estados de Goiás, Bahia e Minas Gerais, fevereiro foi o mês com maior devastação do bioma desde que começaram as medições do Ipam, em setembro de 2020.

O aumento mais expressivo do desmatamento ocorreu na Bahia. Em fevereiro de 2022, segundo o Ipam, o cerrado havia perdido 6.778 hectares de vegetação. Já no mês passado, a taxa mais do que triplicou, chegando a 22.187 hectares. A área equivale a mais de 22 mil campos de futebol.

O crescimento preocupa especialistas, já que o início do ano havia sido animador. Em janeiro, o desmatamento total no cerrado havia sido de 46.540 hectares, pouco mais da metade do registrado no mês seguinte.

A área mais atingida foi o oeste baiano. Apenas cinco municípios da região (São Desidério, Correntina, Barreiras, Jaborandi e Cocos) representaram, juntos, 16% de todo o desmatamento do cerrado no primeiro bimestre de 2023, ainda de acordo com o Ipam.

A pesquisadora Fernanda Ribeiro, que trabalha para o instituto, explica que o desmatamento nessa região prejudica a formação de corredores ecológicos, responsáveis por conectar grandes remanescentes de vegetação nativa em áreas distintas.

Essa perda, segundo ela, ameaça o isolamento de áreas protegidas e a preservação de espécies locais, inclusive algumas ameaçadas de extinção.

As áreas remanescentes de vegetação nativa no oeste baiano têm um papel chave na manutenção da biodiversidade na região pois servem como habitats importantes para espécies endêmicas e ameaçadas, como o arapaçude-wagler e a arara azul grande"
Fernanda Ribeiro, pesquisadora do Ipam