Mamífero raro é fotografado pela primeira vez: 'Tamanho de um inseto'
Em parceria com o Museu de Zoologia de Vertebrados da Universidade da Califórnia em Berkeley, estudantes da Academia de Ciências da Califórnia conseguiram um feito inédito: registrar em vida um pequeno mamífero na região montanhosa de Sierra Nevada, nos Estados Unidos.
O que aconteceu
Em uma expedição de três noites, uma equipe de pesquisadores se dedicou à busca pelo Musaranho do Monte Lyell (Sorex lyelli). O estudo foi focado em registrar a espécie, identificada há mais de 100 anos. O resultado foi compartilhado pelos responsáveis em suas redes sociais. "Mais de um século após a sua descoberta, o Musaranho do Monte Lyell foi finalmente fotografado vivo pela primeira vez. [...] O Musaranho do Monte Lyell era a única espécie de mamífero conhecida na Califórnia que nunca havia sido fotografada viva", diz o perfil oficial da Academia de Ciências da Califórnia.
Para capturar o musaranho, a equipe se concentrou nos riachos e nas zonas úmidas da região. Foram espalhadas iscas em armadilhas nas quais o pequeno animal caía em um copo de plástico colocado no buraco feito pelos pesquisadores, que os levavam para pequenos locais cercados especialmente elaborados para que pudessem fotografá-los em atividade. Ao final da pesquisa, os animais foram devolvidos à natureza.
Para encontrar esse animal, trabalhamos dia e noite, ficando acordados a noite toda para manter e monitorar nossas armadilhas. Encontramos e fotografamos com sucesso cinco indivíduos e aprendemos informações ecológicas valiosas sobre a espécie - e seus vizinhos! Por meio de um planejamento cuidadoso e testes genéticos na Cal Academy, confirmamos a identificação das espécies Academia de Ciências da Califórnia no Instagram
A espécie é conhecida pelo tamanho e por pesarem poucos gramas. Segundo o jornal britânico The Guardian, um dos animais capturados em Sierra Nevada tinha menos de 10 centímetros de comprimento, e o mais leve tinha somente 1,5 grama. "Era muito diferente de segurar um rato ou um hamster. Esses musaranhos são quase do tamanho de um inseto", relatou Praktir Jain, pesquisador da Academia de Ciências da Califórnia, ao jornal.
Apesar de pequenos, os musaranhos conseguem enfrentar as nevascas e temperaturas abaixo de zero que atingem a região. De acordo com Jain, o Musaranho do Monte Lyell conta com uma alta taxa metabólica e se alimenta em intervalos de poucas horas, em uma dieta baseada em insetos e aracnídeos encontrados na vegetação ou no solo, sendo ativos durante todo o ano. A constante busca por alimentos faz com que o musaranho tenha um papel importante no ecossistema dos locais onde vive.
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A aparição e o estudo desta espécie de musaranho são raros. Segundo a publicação oficial, o Musaranho do Monte Lyell foi visto somente "em algumas ocasiões". "Que eu saiba, não há estudos de campo dessa espécie", explicou James Patton, especialista em pequenos mamíferos da Universidade da Califórnia em Berkeley.
A distribuição da espécie na região pode revelar detalhes sobre o comportamento do musaranho. Os especialistas explicam que o pequeno mamífero é "altamente vulnerável" aos impactos das alterações climáticas devido à dependência de habitats de grande altitude, "que estão desaparecendo rapidamente". Segundo dados citados pelos cientistas responsáveis pela pesquisa, estudos indicam que 50 a 90% dos habitats naturais do Musaranho do Monte Lyell irá desaparecer até 2080.
A espécie é considerada "de especial preocupação" pelos especialistas. A definição indica uma espécie, subespécie ou população distinta de um animal que pode se tornar ameaçada ou em perigo devido a características biológicas e ameaças identificadas, podendo entrar em extinção.
Catalogar a espécie pode auxiliar o acompanhamento das populações de musaranhos na região. Com os dados e as imagens coletados na expedição recente, os cientistas pretendem definir os esforços necessários para a conservação do Musaranho do Monte Lyell.
2 comentários
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Sílvio Maurício Silva Mallet
Parabéns a equipe de cientistas que encontrou o Musaranho na natureza depois de tantos anos sem registros. É sempre muito legal a descoberta ou encontrar alguma espécie não conhecida ou desaparecida. Tomara que o maior predador deste mundo, o ser humano, não destrua o habitat nem os Musaranhos.
Antonio Carlos Peres
Dá uma dor no coração em saber que a expectativa de existência dessa espécie de animais é pequena e a culpa é do ser humano.