"As cidades hoje são máquinas de criar sem-teto", diz Boulos a prefeitos

Paula Bianchi

Do UOL, em Niterói (RJ)

Coordenador nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e pré-candidato à presidência pelo PSOL, Guilherme Boulos afirmou nesta terça-feira (8) que o atual modelo de urbanização torna as cidades "máquinas de criar sem-teto". Segundo ele, os programas de moradia criados até o momento como o Minha Casa Minha Vida são insuficientes e é preciso olhar com urgência para a questão.

"Não adianta enxugar gelo, apenas construir casas nas periferias. Assim você apenas cria um novo ônus de saneamento, de mobilidade. Nessa lógica atual as cidades são 'máquinas de criar sem teto'", afirmou.

Segundo ele, é necessário implementar mecanismos, muitos deles já presentes em lei, mas não colocados em prática, para frear a especulação imobiliária e possibilitar cidades menos segregadas e desiguais. "Quando o metrô chega até a periferia, a periferia foge do metrô."

Ele veio ao encontro da FNP (Federação Nacional de Prefeitos) acompanho do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), um dos principais articuladores de seu lançamento como pré-candidato à Presidência.

Boulos se filiou ao PSOL em março e teve a candidatura apoiada em discurso pelo ex-presidente Lula. Na pesquisa Datafolha mais recente, divulgada em 15 de abril, variou entre 0% e 1% das intenções de voto da pesquisa.

Renovação no Congresso

Boulos também disse esperar que a próxima eleição venha com uma renovação no Congresso Nacional. "Esperamos que a renovação não seja apenas nominal, política, mas de projeto no Congresso, hoje desacreditado", afirmou. "A forma de governabilidade no Brasil está falida, essa lógica não nos contempla a maioria dos brasileiros."

Ele também disse defender o direito do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ser candidato e que, uma vez no governo, votaria um indulto para o petista por considerar que se trata de uma prisão política. "Indulto é uma prerrogativa que existe em vários lugares do mundo para corrigir erros do judiciário. Nos EUA, por exemplo, pessoas que estão à beira da cadeira elétrica recebem indulto. Faríamos isso para Lula e para todos os brasileiros que considerarmos injustiçados."

Boulos, no entanto, evitou comentar a decisão de Joaquim Barbosa de deixar a corrida presidencial. "A desistência do Barbosa é uma questão de foro pessoal dele e não nos cabe comentar quais sejam as suas razões."

O encontro com os pré-candidatos à Presidência é parte da 73ª Reunião Geral da FNP e reúne prefeitos, vice-prefeitos, parlamentares federais, estaduais e municipais, além de secretários municipais, diretores e servidores públicos.

Além de Boulos, participam Manuela D'Ávila (PCdoB), Geraldo Alckmin (PSDB), Rodrigo Maia (DEM), Guilherme Afif Domingos (PSD), Álvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Aldo Rebelo (SD), Paulo Rabello (PSC), Marina Silva (Rede) e Henrique Meirelles (MDB).

De acordo com a FNP, foram convidados para participar do evento os pré-candidatos filiados a partidos com pelo menos cinco congressistas. O PT também estava entre os partidos convidados a participar do encontro. A legenda mantém como seu pré-candidato o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde o dia 7 de abril por determinação do juiz federal Sérgio Moro, que o condenou pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá (SP).

Segundo a FNP, os pré-candidatos Jair Bolsonaro e Flávio Rocha foram convidados para o painel "Diálogo com Presidenciáveis", mas recusaram por conta de compromissos oficiais. Já o ex-presidente Lula, que está preso, enviou à organização do evento uma carta. O documento foi entregue à imprensa.

VEJA A ÍNTEGRA DO DISCURSO DE GUILHERME BOULOS

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