Como Bolsonaro, Alckmin posta recepções em aeroportos nas redes sociais

Luciana Amaral*

Do UOL, em Brasília

Assim como Jair Bolsonaro (PSL), um de seus principais adversários à Presidência da República nas eleições de outubro deste ano, a equipe do pré-candidato Geraldo Alckmin (PSDB) postou nesta semana duas recepções calorosas a ele em aeroportos nas redes sociais.

A primeira mostrou a chegada de Alckmin ao Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, na quarta-feira (13). No desembarque, ele é recebido por cerca de 30 pessoas com abraços e sob gritos de "Brasil pra frente. Geraldo presidente!"

A segunda postagem retrata a chegada do pré-candidato no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, nesta quinta (14). Alckmin é recebido, desta vez por um grupo maior, formado por militantes do PSDB, também sob gritos de "Geraldo presidente" e cartazes de apoio.

"Chegando de viagens, nada melhor do que ser recepcionado dessa forma em São Paulo. Impossível não se contagiar por essa energia. Agradeço a todas e todos pelo apoio! A intolerância e o preconceito não calarão as muitas vozes que querem um Brasil melhor", escreveu ao agradecer a presença da claque.

A tática de mostrar vídeos sendo bem recebido por grupos de simpatizantes em terminais pelo país vem sendo adotada por Bolsonaro há meses. Este inclusive, avisa aos seguidores nas redes onde estará para que possam se programar e comparecer às chegadas do deputado federal. Já a convocação dos tucanos teria acontecido em grupos de aplicativo de mensagens, e, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, seria feita por dirigentes do próprio partido.

Nas redes sociais, apesar de mensagens de apoio, os vídeos têm sido bastante criticados por internautas. Eles os consideraram uma imitação da estratégia de Bolsonaro e disseram que o apoio das pessoas era "ensaiado". A edição dos vídeos também não passou impune. Em resposta, alguns mostraram a chegada de Bolsonaro com uma multidão à sua espera em diferentes cidades.

Nesta quinta, Bolsonaro postou vídeo da chegada dele em São Luís do Maranhão – mais uma vez, lotando o lobby do aeroporto – e preferiu não fazer menções diretas a Alckmin. Agradeceu a consideração e disse seguir a agenda de compromissos no estado.

O UOL entrou em contato com a assessoria de Alckmin para saber a motivação dos vídeos e o posicionamento quanto às críticas de que estes são uma imitação da pré-campanha de Bolsonaro e aguarda retorno.

Bolsonaro testa popularidade em aeroportos pelo país

Pré-campanha não decola e cria desconfiança

As postagens acontecem em um momento em que a pré-campanha de Alckmin é considerada estagnada, levando-se em conta o fato de ter sido quatro vezes ex-governador de São Paulo e pré-candidato à Presidência em 2006.

A última pesquisa Datafolha sobre a corrida presidencial, divulgada em 10 de junho deste ano, mostra que, nos cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso pela Operação Lava Jato, Alckmin aparece em quarto lugar.

Jair Bolsonaro lidera com 19% das intenções de voto, seguido por Marina Silva (Rede), com 15%. Ciro Gomes aparece em terceiro com até 11% das intenções enquanto Alckmin fica em quarto, com 7%. Se considerada a margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, Ciro e Alckmin estão tecnicamente empatados.

Em cenário com Lula, Alckmin também aparece em quarto lugar, mais perto de Ciro Gomes e com menos intenções de voto. Cada um atinge, nesse caso, 6%.

A falta de gás de Alckmin nas pesquisas tem sido motivo de discussões internas no PSDB e levaram a colocar a própria candidatura dele em xeque. Até o momento, o PSDB não fechou aliança à Presidência com outros partidos.

Para driblar críticas de ser centralizador e impopular nacionalmente, Alckmin escalou o ex-governador tucano de Goiás Marconi Perillo a fazer sua coordenação política. A expectativa é que Perillo consiga reunir siglas de centro em torno de Alckmin. Embora seja esperado que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) desista de sua candidatura, os demais ainda afirmam não abrir mão da disputa.

Nesta sexta (15), Alckmin prometeu haver conversas "com sete ou oito partidos" para uma eventual coligação – ainda que, publicamente, ele só tenha confirmado, até agora, diálogos com PSD, PV, PTB e PPS. Sobre o fato de ainda não ter decolado, Alckmin defende que as pessoas só passarão a se interessar pelas eleições após a Copa do Mundo de futebol na Rússia, que termina em 15 de julho.

*Colaborou Janaina Garcia, em São Paulo

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