Ciro diz que alianças são "naturais" e que pode ter 250 deputados na base

Mirthyiani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

  • Diego Padgurschi / Folhapress

    O pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, se reune com empresários do setor de máquinas e equipamentos a fim de debater reformas econômicas

    O pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, se reune com empresários do setor de máquinas e equipamentos a fim de debater reformas econômicas

O pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, afirmou durante evento com empresários do setor de máquinas industriais, na tarde desta terça-feira (17), em São Paulo que trabalha "com charme e delicadeza" para ter 250 deputados federais na sua base aliada caso seja eleito presidente da República.

Aos jornalistas após o evento desta tarde, ele afirmou serem "naturais" as conversas dele, de seus assessores e coordenadores de campanha com partidos de diferentes espectros ideológicos, além de acenar positivamente para reivindicações do chamado "centrão" – bloco de partidos cujo núcleo duro formado pelo DEM, PP, SD e PRB – a pontos do seu programa de governo.

"Neste momento estou trabalhando pesadamente para chegar na Presidência da República com 250 deputados. Se eu vou ter sucesso ou não vamos ver. Todo mundo está trabalhando contra, mas eu, com minhas unhas, com meu charme, com a minha delicadeza, estou conversando. Democratas, Partido Progressista, SD, PR, PSB, PCdoB. Isso aqui dá um amplo quadro de centro-esquerda que permite ao presidente chegar com certa força", afirmou.

Mauro Benevides Filho, economista responsável por seu programa de governo, teve uma reunião com representantes do DEM também nesta terça para debater seis pontos econômicos que seriam polêmicos e poderiam atrapalhar uma eventual aliança. "Não conversei com Mauro Benevides Filho. Pedi para ele atender o convite gentil do Democratas ainda hoje. [...] Não tive ocasião de conversar com ele ainda, pedi para ele mandar um e-mail resumindo a questão", disse o presidenciável.

Ciro não quis detalhar que pontos são esses e se os partidos entrariam em um acordo em torno deles. Dos seis, apenas um teria causado divergência entre as partes. Apesar de ter dito não ter conversando com o economista, Ciro afirmou que nenhuma das "sugestões" dos democratas "feriam princípios", sinalizando um possível acordo com vistas à aliança com o partido. "As sugestões todas são bem-vindas e nenhuma delas vai ferir princípios. Porque isso não é possível. Mauro me disser que nenhuma fere princípio nenhum", afirma.

No mesmo dia em que Mauro Benevides Filho articulava uma aliança com os partidos do centrão, Ciro estava em Pernambuco conversando nesta manhã com lideranças do PCdoB a fim de firmar uma aliança já no primeiro turno. Ciro negou que a sua ida a Pernambuco teve como um dos objetivos tentar trazer para sua chapa a pré-candidata do PCdoB à Presidência, Manuela D'Ávila, afirmando que a conversa com a presidente nacional do PCdB, Luciana Santos, visou a um apoio a um eventual governo dele, caso ele seja eleito.

"Em nenhum momento deixamos de considerar, com muito respeito aliás que tem se desenvolvido de forma brilhante da Manuela [D'Ávila]. Eu apenas quis comunicar, como nós temos lá trás o entendimento, os meus passos diretamente a eles, porque eu espero governar com eles", disse.

Direita ou esquerda?

Ciro Gomes afirmou não ver contradição em dialogar com partidos de posições ideológicas diversas, devido às alianças que o PDT tem estabelecido no Ceará.

"Foi assim que redemocratizamos o Brasil lá trás e é assim que governamos o Ceará com grande êxito. Todos esses partidos fazem parte da nossa aliança no Ceará o que dá uma certa naturalidade nesse diálogo para mim", disse.

"Problema brasileiro é tão grave tão complexo que é absolutamente ilusória a ideia de que qualquer um de nós como pré-candidato vai ter capacidade de resolver o problema do Brasil sem amplo diálogo com forças contraditórias às nossas forças originais", completou.

Aliança com o PSB

Ciro Gomes disse ainda que a indefinição do PSB se embarca ou não com ele na campanha presidencial é "um problema para eles". "PSB tem sido muito correto comigo em explicitar a contradição. Salvo o que já está acertado na base, você tem o PSB de Pernambuco, meus companheiros e amigos, que tem uma preferência de aliança com o PT, e cá em São Paulo, meu querido amigo Márcio França tem uma preferência de aliança com o PSDB. Isso dá um problema para eles, para mim não, eu compreendo completamente", afirmou.

As conversas entre Ciro e os socialistas estavam sendo direcionados para um acordo entre os dois partidos, mas as declarações do governador de Pernambuco, Paulo Câmara, que é vice-presidente nacional do PSB, de que ele apoiará o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial complicaram as tratativas. Câmara confirmou apoio logo após reunião com a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, na semana passada, no Recife. Ele tenta evitar que o PT lance Marilia Arraes, neta do ex-governador Miguel Arraes e prima de Eduardo Campos, morto em 2014, como candidata do partido ao governo de Pernambuco.

Ciro disse que "quer muito o PSB" e por isso tem conversado com lideranças do partido "de baixo para cima" para ajudar a legenda a ter uma definição favorável a ele. "Eu quero o PSB muito. Estou tentando fazer o que? Aliança. Apoio o governador de Pernambuco, quero apoiar o Márcio França, apoio o PSB de Minas Gerais. Estamos de baixo para cima tentando minimizar a contradição de maneira a tornar o máximo confortável possível o caminho deles em direção a vir ajudar a gente a construir esse projeto", disse.

A cúpula do PSB deve bater o martelo sobre quem apoiará nas eleições deste ano na próxima quinta-feira (19), quando está marcada uma reunião da direção do partido.

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