Ciro nega enganar eleitor sobre SPC e tem embate com Bonner sobre Lupi

Do UOL, em São Paulo

  • Reprodução/TV Globo

    27.ago.2018 - O candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) durante entrevista ao "Jornal Nacional"

    27.ago.2018 - O candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) durante entrevista ao "Jornal Nacional"

Em entrevista ao "Jornal Nacional" nesta segunda-feira (27), o candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) defendeu sua promessa de tirar o nome dos brasileiros do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e negou que a proposta seja simplista, levando os eleitores a acreditar em uma possível troca de favores. A entrevista ainda ficou marcada por um embate do candidato com o apresentador William Bonner sobre o histórico de acusações e denúncias contra o presidente do PDT, Carlos Lupi.

Ciro foi o primeiro de quatro presidenciáveis entrevistados pelos jornalistas William Bonner e Renata Vasconcelos nesta semana. Nesta terça (28), será a vez de Jair Bolsonaro (PSL), seguido por Geraldo Alckmin (PSDB) na quarta-feira (29) e por Marina Silva (Rede) na quinta (30).

Logo no início da entrevista, Bonner informou que, apesar de aparecer em primeiro lugar nas pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi proibido pela Justiça de conceder entrevistas. Ele está preso em Curitiba desde o dia 7 de abril.

Ao longo da campanha, Ciro tem prometido que irá ajudar a "limpar o nome" de mais de 63 milhões de brasileiros que estão negativados no SPC. Concorrentes do pedetista têm criticado a proposta.

Questionado por Bonner se sua promessa não levaria o eleitor a acreditar que, caso venha a ser eleito, Ciro irá eliminar a dívida dos cidadãos, o candidato afirmou que irá fazer um refinanciamento –segundo ele, tirando os juros de 500% aplicados pelos bancos para de 10 a 12% por um período de 36 meses.

"Não tem nenhuma coerência com minha prática", afirmou Ciro, negando que esteja enganando o eleitor: "Quem transformou isso em hit da campanha não fui eu, foram meus adversários".

"Fui o governador mais popular do Brasil, o prefeito de capital mais popular do Brasil, porque eu honro minha palavra", disse. "Se a pessoa não quiser, não posso fazer, mas quem quiser, eu vou ajudar a tirar o nome do SPC. Não porque sou bonzinho, mas porque tenho propostas práticas de reativar a economia", afirmou.

Ao longo da entrevista, Ciro chegou a entregar a Bonner o que chamou de um manual que, segundo ele, explicaria como colocar em prática sua proposta. "Está tudo aí, inclusive as garantias", disse o candidato, comparando a proposta ao Refis, programa de refinanciamento de dívidas com a Receita Federal. "Para refinanciar parcela mínima disso [SPC], é um escarcéu. (...) Está todo mundo vendo que é óbvio e possível fazer". O documento não foi lido durante a entrevista.

Desentendimentos sobre Lupi

Questionado por Bonner sobre o presidente do PDT, Carlos Lupi, Ciro e o jornalista apresentaram informações desencontradas.

Bonner afirmou que Ciro já declarou que "bota a mão no fogo por Lupi". Em seguida, pediu ao candidato permissão para "atualizar" o telespectador sobre o histórico do presidente do partido –disse, então, que Lupi responde a inquéritos e que é réu em um processo por improbidade administrativa no Distrito Federal.

"Se eu for eleito, Lupi terá em meu governo a posição que quiser", declarou Ciro, que logo complementou: "A mim surpreende essas informações. Réu com certeza ele não é. Então estou surpreendido. E me comprometo a adicionar qualquer manifestação no meu site".

Bonner ainda voltou a dizer que mantinha a informação de que Lupi é réu na Justiça e questionou se, diante disso, Ciro manteria sua posição.

"Eu não ofereci nada a ninguém, mas Carlos Lupi tem a minha confiança cega".

Ao final do programa, Bonner voltou ao assunto, já sem Ciro no estúdio, e informou até mesmo o número da ação na 6ª Vara Federal do Distrito Federal.

Ciro: ele e Kátia "se completam"

Ao longo da entrevista, Ciro refutou a imagem de que seria o candidato responsável por unir as esquerdas –"nunca me apresentei assim"—e defendeu sua candidata a vice, a senadora Kátia Abreu (PDT-TO), figura que Bonner apontou ser criticada por setores da esquerda por algumas de suas posições, como ser mais liberal ao porte de armas e contra a demarcação de terras indígenas.

"Ela é uma pessoa que conhece a economia rural como poucas. Foi ministra, votou contra o impeachment, contra o golpe, contra a reforma trabalhista. Nós queremos uma reforma trabalhista nova, mas uma reforma trabalhista que respeita o trabalhador", disse Ciro sobre a parceira de chapa.

Perguntado por Bonner se os dois estariam "de pleno acordo", o candidato respondeu: "Estamos de pleno acordo que nós nos completamos. Não parece o Lula com o Zé Alencar [José de Alencar, empresário e ex-vice-presidente do petista por oito anos]?".

"Lula com Zé Alencar foi sua inspiração?", replicou então o jornalista. "Não, foi a realidade brasileira. Precisamos encerrar essa luta odienta entre coxinhas e mortadelas. Nossa nação está indo para o brejo. Precisamos arregaçar as mangas", respondeu Ciro.

Mais cedo, o candidato do PDT atribuiu as afirmações de que esperava uma aliança com PT à imprensa e disse, ainda, que elas "não têm fundamento". Mesmo assim, declarou que acredita em uma aliança entre as esquerdas no segundo turno.

"Para mim o Lula não é um satanás, como setores da imprensa pensam, nem um deus, como setores do PT pensam. Conheço o Lula há 30 anos. Foi um presidente que fez muita coisa boa pelo país", afirmou.

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