Com base forte no Nordeste, campanha de Ciro vai reforçar ataques ao PT

Gilberto Amendola e Ricardo Galhardo

Em São Paulo

  • Alice Vergueiro - 2.ago.2018/Estadão Conteúdo

    Quatro em cada dez eleitores de Ciro estão na região Nordeste

    Quatro em cada dez eleitores de Ciro estão na região Nordeste

De cada dez eleitores do presidenciável Ciro Gomes (PDT), quatro estão no Nordeste. Segundo a mais recente pesquisa Ibope, o pedetista tem 14% das intenções de voto na região (o que significa 42% dos votos dele). Com esses dados, nomes fortes da campanha de Ciro afirmam que o cenário ideal, pelo menos para levá-lo ao segundo turno, seria a sua consolidação entre o eleitorado nordestino, dobrando suas intenções de voto e evitando a transferência de eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva --condenado e preso na Lava Jato-- para o ex-prefeito Fernando Haddad, vice na chapa petista.

Segundo o presidente do PDT, Carlos Lupi, Ciro é forte no Nordeste e deve consolidar ainda mais sua liderança no Ceará. "E, nos demais Estados, vamos contar com palanques competitivos", disse Lupi. Apesar do otimismo, a matemática não é tão simples, já que o jogo de alianças regionais do PDT atinge um arco que vai do MDB de Renan Calheiros (em Alagoas) ao próprio PT. Ou seja, a lealdade eleitoral se desenha bastante difusa e pragmática.

A situação já é curiosa no próprio Ceará, Estado dominado pela família Gomes. O candidato de Ciro é o governador Camilo Santana, do PT. Líder isolado nas pesquisas, ele não segue a lógica do seu partido e tem empenhado apoio claro ao candidato do PDT em nível nacional. A presença de Cid Gomes, irmão de Ciro e candidato ao Senado, também é considerada fundamental na região.

Já nos outros Estados nordestinos, o PDT vai ter de trabalhar muito para garantir seu espaço. Em Alagoas, o partido está na coligação do líder das pesquisas, o governador Renan Filho (filho de Renan Calheiros). A chapa de Renan Filho também terá o apoio do PT. As inclinações do MDB local são totalmente lulistas - o que deve dificultar a vida de Ciro no Estado.

No Maranhão a relação também é conflituosa. O PDT está na coligação (com outros 14 partidos) pela reeleição do governador Flávio Dino (PCdoB). Como a deputada estadual Manuela D'Ávila, que também é do PCdoB, é cotada para ser a vice de Haddad, a máquina maranhense deve trabalhar, em nível nacional, pela candidatura petista.

Em Pernambuco, o PT tratou de isolar Ciro ao retirar a candidatura própria e apoiar o governador Paulo Câmara. Assim, restou à legenda apoiar Maurício Rands (PROS), que hoje tem 2% de intenção de voto. No Piauí e na Bahia, os pedetistas estão compondo a coligação do PT. Situação um pouco mais confortável o partido só encontra no Rio Grande do Norte (onde tem candidato próprio), Paraíba e Sergipe (onde aparecem na vice do PSB).

A campanha de Ciro vai reforçar ataques ao PT e ao próprio Haddad no Nordeste. A missão pedetista é evitar que o ex-prefeito de São Paulo herde os votos de Lula. Para isso, já trabalham com o discurso da "irresponsabilidade petista" e de carimbar em Haddad a ideia do "poste" e de alguém com poucas ligações com o Nordeste.

Ciro quer conquistar o eleitor que estiver "órfão" do ex-presidente ao tentar desconstruir a imagem de Haddad. As agendas e ações no Nordeste devem se intensificar na medida em que o ex-prefeito já está visitando os Estados da região. Hoje, segundo a pesquisa Ibope, Haddad tem apenas 5% dos votos dos nordestinos.

Outras regiões

O presidenciável do PDT também busca eleitores no Sudeste. Nesta semana, Ciro focou esforços, e suas primeiras ações de rua, na Grande São Paulo, mais especificamente Guarulhos (anteontem) e Osasco (ontem).

Apesar de pouca militância nas ruas, a proposta do PDT é buscar o eleitorado petista na região --abrindo mão do voto do interior de São Paulo, que já considera perdido para Geraldo Alckmin (PSDB) e Jair Bolsonaro (PSL).

Para sobreviver na corrida presidencial, afirmam interlocutores, Ciro vai ter de correr - mantendo "um olho no peixe e outro na gato". A agenda dele nos próximos dias confirma essa avaliação.

Hoje, Ciro estará em Brasília e, amanhã, segue para uma extensa agenda no Tocantins --região de Kátia Abreu, vice em sua chapa.

As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".

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