Alckmin comete gafe ao falar de desigualdade salarial entre sexos

Do UOL, em São Paulo

  • Johnny Morais/Futura Press/Estadão Conteúdo

    4.set.2018 - O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, em visita ao Hospital Santa Marcelina, em São Paulo

    4.set.2018 - O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, em visita ao Hospital Santa Marcelina, em São Paulo

O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, disse em entrevista à Rádio Globo, nesta terça-feira (4), que "está estudando" incorporar ao programa de governo uma lei alemã que dá publicidade à média salarial paga a homens e mulheres em cargos semelhantes nas empresas. Para o tucano, isso ajudaria a combater a desigualdade salarial de acordo com critérios de gênero.

Há uma semana, o assunto ficou mais evidente após o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, insinuar à apresentadora Renata Vasconcellos, em entrevista ao "Jornal Nacional", da TV Globo, que a jornalista receberia salário menor que o do editor-chefe do programa, William Bonner. Ela o havia questionado sobre desigualdade salarial entre homens e mulheres, e, diante da resposta do deputado federal, fez um discurso que viralizou nas redes sociais. Renata é editora-executiva do telejornal, cargo hierarquicamente inferior ao de Bonner.

Nos cenários das principais pesquisas eleitorais sem o ex-presidente Lula, cuja candidatura foi indeferida na madrugada de sábado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Bolsonaro lidera as mais recentes pesquisas de intenção de voto; Alckmin aparece em quarto lugar, atrás também de Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT).

Conforme Alckmin, a lei "determina a publicação dos salários" de modo a garantir "total transparência". Alckmin havia sido questionado sobre a tentativa dele de se aproximar do público feminino por meio da escolha da senadora Ana Amélia (PP-RS) como candidata a vice, ainda que não tivesse incorporado à campanha temas essencialmente feministas, como a descriminalização do aborto.

"Em relação ao aborto, sou contra: o caminho é evitar a gravidez indesejada", disse. Em seguida, salientou: "Não tem nenhuma razão para discriminar mulheres, que, às vezes, são até superiores em relação aos homens em suas atividades", resumiu.

Em seu perfil oficial no Twitter, após a entrevista, o tucano reforçou a proposta: "Para combater a desigualdade salarial entre homens e mulheres, pensamos em adotar uma boa ideia da Alemanha. Lá, foi aprovada uma lei que garante a funcionárias o direito de saber a média salarial paga a colegas em cargos semelhantes", escreveu.

A legislação mencionada pelo presidenciável é a Lei de Transparência da Remuneração, válida desde janeiro deste ano na Alemanha. Por ela, a funcionária ou funcionário que trabalha em uma empresa com mais de 200 pessoas tem o direito de perguntar ao chefe ou ao conselho de funcionários quanto a firma paga por trabalhos equivalentes ao seu.

Apesar de os empregados ainda não ficarem sabendo quanto o colega da mesa ao lado ganha por mês, é possível classificar o próprio salário – e, eventualmente, pedir um aumento.

Ponto frágil de Bolsonaro, mulheres são maioria entre indecisos e nulos

O movimento do tucano em direção ao eleitorado feminino tem como pano de fundo não apenas a maior parcela do eleitorado - elas representam 52% do total - como o fato de a maior rejeição das eleitoras ser justamente a Bolsonaro. O capitão reformado do Exército tem sido o principal alvo de Alckmin nos programas e inserções do horário eleitoral, incluindo vídeos com ofensas feitas pelo candidato do PSL a mulheres no passado.

É também entre o eleitorado feminino a maioria dos votos brancos e nulos declarados em pesquisas de intenção de voto para presidente da República. Segundo recorte feito pelo Ibope a pedido do jornal "O Estado de S.Paulo", em julho deste ano, seis em cada dez eleitores dispostos a não votar nos pré-candidatos apresentados são mulheres na faixa etária dos 35 aos 44 anos, desiludidas com os recorrentes escândalos de corrupção envolvendo a classe política e preocupadas com o rumo da economia.

A mesma preponderância feminina é observada no grupo dos eleitores indecisos. Em ambos os casos, a participação de mulheres é superior se comparada ao número de votos que detêm no país.

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