Alckmin subirá tom de ataques contra Bolsonaro e PT, diz centrão

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

  • Pedro Ladeira/Folhapress

Com a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência da República estagnada nas pesquisas eleitorais, os partidos aliados ao tucano se reuniram nesta terça-feira (18) e afirmaram que o tucano deverá elevar o tom sobre as candidaturas de Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). O capitão da reserva do Exército lidera a última pesquisa Datafolha com 26% das intenções de voto, divulgada na última sexta (14). O petista está empatado com Ciro Gomes (PDT), com 13% cada. O tucano aparece na quarta posição, com 9%, em empate técnico com Marina Silva (Rede), que tem 8%.

Os partidos do chamado "centrão" se encontraram por pouco mais de uma hora para discutir os rumos e afinar estratégias de campanha. Segundo os participantes, é hora de Alckmin retomar a postura tomada antes do atentado sofrido por Bolsonaro, em 6 de setembro em Juiz de Fora (MG).

"A avaliação feita é que com o atentado se suspendeu uma estratégia que vinha tendo e que, inclusive, estava dando resultados, mas que paralisou", lembrou o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, referindo-se aos ataques do grupo tucano à campanha bolsonarista, na primeira semana do horário eleitoral. "Agora vai ter que retomar e dizer o que é Bolsonaro. Não se faz campanha elogiando adversário -- tem que dizer o que significa o adversário e o risco que temos à liberdade e à democracia", definiu.

Passado mais de um mês de campanha eleitoral, Alckmin deixou a casa dos dois dígitos nas pesquisas e se vê ameaçado em seu próprio estado, que governou nos últimos oito anos, por Bolsonaro. Mas o quadro ainda pode ser revertido pelo ex-governador de São Paulo na avaliação dos aliados.

Janaína Garcia/UOL
ACM Neto participa de reunião com aliados de Geraldo Alckmin
"Há tempo suficiente de virar esse jogo e garantir a presença de Geraldo no segundo turno. Esse foi o principal objetivo da reunião de hoje", disse ACM Neto, prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM. Em sua opinião, é hora de deixar de lado o tom de cautela que se adotou por ocasião do atentado contra Bolsonaro, atacado por uma facada, no último dia 6, durante ato de campanha.

"Isso deixou todos os candidatos em compasso de espera durante um tempo, afinal de contas, não era razoável, enquanto um candidato estivesse lutando pela vida, que se fizesse um enfrentamento político. Mas não vamos deixar de expressar tudo o que precisa sobre as fragilidades da candidatura de Jair Bolsonaro, porque a racionalidade tem que prevalecer", declarou, para completar: "Não dá para ficar entre a facada [em Bolsonaro] e a prisão [de Lula]", disse.

Um integrante da campanha tucana que participou da reunião informou que o tom contra os erros em governos petistas e contra a falta de experiência de Bolsonaro deve subir já a partir desta noite, nas inserções e no programa do horário eleitoral. O entendimento é o de afastar "boatos de redes sociais" sobre supostas chances de vitória de Bolsonaro já no primeiro turno, caso o eleitor tucano veja nele uma opção anti-petista e debande do apoio ao ex-governador paulista. A aposta, nesse caso, é o de que a rejeição do capitão reformado do Exército é irreversível e deve ser explorada em tentativas de desconstrução mais firmes.

Reforço à imagem de "anti-PT"

Segundo ACM Neto, o grupo discutiu formas de se "reforçar o alinhamento e a estratégia" até como meio de mostrar que está "seguro sobre o planejamento" adotado. O presidente do DEM enfatizou que é preciso à campanha "reforçar os atributos de Geraldo" e supostas competência dele como o de "resolver grandes problemas", além de enfatizar o discurso de ser a única opção para o eleitor que rejeita o PT.

"Evidente que sabemos qual o nosso campo de atuação política: somos a verdadeira antítese de tudo de errado que aconteceu no Brasil e que foi produzido pelo PT. O responsável por essa grave crise vivida pelo país hoje é o PT. E todo mundo que está com o PT foi corresponsável por isso. O Haddad não pode fugir dessa responsabilidade, foi ministro e prefeito do PT", completou.

Para o prefeito baiano, que chamara a reunião de hoje, "não há hipótese de essa eleição acabar no primeiro turno". "Esqueça. Essa é a eleição mais pulverizada desde 1989", declarou.

Centrão unido

Além de discutir novos rumos para a campanha de Alckmin, os partidos do "centrão" trataram de reforçar o apoio ao candidato. "Foi ótima a reunião. Nunca foi discutido tirar apoio de Alckmin", resumiu Marcos Pereira, do PRTB, que se disse "animadíssimo" após o encontro.

Para Freire, o encontro só ajudou aos partidos. "O clima está até melhor do que estava antes dessa reunião", destacou. Além de Freire, Pereira e ACM Neto, estiveram presentes na reunião o próprio Alckmin e nomes como Silvio Torres, secretário-geral do PSDB, Valdemar Costa Neto (PR), Guilherme Mussi e Aguinaldo Ribeiro (ambos do PP), além do marqueteiro do PSDB, Lula Guimarães.

A discussão foi realizada na casa destinada aos debates sobre o programa de governo do Alckmin, nos Jardins (zona oeste da cidade). Foi a segunda reunião do centrão desde o registro da candidatura; a primeira havia sido em Brasília.

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