Contra avanço de Haddad, Ciro faz maratona no Nordeste: 5 estados em 2 dias

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

  • Divulgação/Twitter Ciro Gomes

    Ciro Gomes (PDT) visita o açude do Boqueirão, na Paraíba, no começo do mês

    Ciro Gomes (PDT) visita o açude do Boqueirão, na Paraíba, no começo do mês

O candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, volta ao Nordeste neste fim de semana em uma maratona de agendas com a missão de barrar o avanço do adversário Fernando Haddad (PT) sobre os eleitores da região.

São cinco estados da região a serem visitados em dois dias: no sábado (22), Ciro visitará Salvador (BA) e a cidade de João Câmara (RN). No domingo (23), é a vez de Teresina (PI), Timon (MA) e Recife (PE).

Ciro resolveu acelerar a campanha no Nordeste, porque, em um período de sete dias, Haddad disparou e mais do que dobrou as intenções de voto na região, passando de 13% para 31% na preferência dos entrevistados, de acordo com a última pesquisa Ibope. Ciro aparece em segundo lugar, com 17%, empatado tecnicamente com Jair Bolsonaro (PSL), com 16%, considerada a margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Na pesquisa Datafolha desta quinta (20), no Nordeste, Haddad avançou de 20% para 26%, Ciro oscilou de 18% para 17% e Bolsonaro permaneceu com 17%. A margem de erro também é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Foco no "Ciro nordestino e preparado"

Para recuperar o terreno e garantir uma vaga no segundo turno, ele defenderá ser o único presidenciável ligado ao Nordeste do país e ter experiência de gestão – nascido em Pindamonhangaba (SP), ele e sua família construíram a carreira política no Ceará. Apesar de substituto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pernambucano, Ciro dirá que Haddad está ligado ao Sudeste do país, não conhece a realidade dos nordestinos e é um "poste do Lula sem preparo, assim como Dilma Rousseff".

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"Ele deve investir na fala de que o Haddad será um presidente por procuração e então questionar os eleitores se viram no que deu uma pessoa assim", disse um aliado de Ciro, em referência à crise econômica vivida pelo Brasil no governo da ex-presidente. O pedetista não deverá subir o tom contra Lula, uma vez que foi seu ministro e depende da simpatia dos eleitores lulistas.

Nessa fase da disputa ao Planalto, Ciro também investirá no eleitorado de centro ao se apresentar como alternativa para quem está cansado da polarização entre PT e Bolsonaro.

A intenção é abocanhar votos de Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede), apostando na força do "voto útil". A expressão é usada quando se vota em um candidato que não é de sua preferência para evitar que outro adversário vença a eleição. Eles têm os eleitores menos decididos e, enquanto Alckmin aparece estagnado nas pesquisas, Marina se vê em queda livre.

O presidente estadual do PDT na Bahia, deputado federal Félix Mendonça Junior, afirmou ser preciso consolidar Ciro Gomes como o candidato mais bem preparado e não deixar Haddad se isolar no segundo lugar geral.

"O Ciro é o candidato mais experiente, vivido. Vamos mostrar o resultado na educação do Ceará quando ele foi governador como prova. Ele também é um nordestino por opção", afirmou.

Barreira do PT e palanques enfraquecidos

Um desafio a mais para Ciro no fim de semana no Nordeste será convencer os eleitores a votarem nele mesmo sem o apoio dos líderes aos governos dos estados. Tanto na Bahia como no Piauí, Ciro não contará com a presença no palanque dos respectivos governadores petistas e candidatos à reeleição, Rui Costa e Wellington Dias, ainda que o PDT esteja em suas coligações estaduais. Os dois governadores lideram com folga a disputa em seus estados e privilegiam Fernando Haddad.

"O PT faz campanha sozinho na Bahia. É uma dificuldade de nascença do partido. O Rui Costa não sobe no palanque do Ciro de jeito nenhum. Por enquanto, cada um no seu quadrado", declarou Félix Mendonça Junior.

O presidente estadual do PDT no Piauí, deputado federal Flávio Nogueira, não nega a forte influência de Haddad na região e o potencial consumido de Dias em alavancar a força do concorrente petista. Contudo, afirma que isso era esperado e acredita que a rejeição ao PT e ao Bolsonaro falará mais alto.
"Temos de ter um candidato que possa conduzir o Brasil de volta à estabilidade política e econômica. O brasileiro vai refletir e ver que Ciro é o mais preparado. Acho que o discurso dele está bom em relação ao Haddad. Não se pode pensar em colocar qualquer um [na Presidência]. Especialmente na crise, não dá para improvisar", disse.

Em Pernambuco, o PDT apoia a candidatura de Maurício Rands (Pros) ao governo estadual. Porém, o presidente do PDT local, deputado federal Wolney Queiroz, já subiu no palanque do adversário Paulo Câmara (PSB) com direito a troca de elogios. Câmara aparece na frente das pesquisas no estado com cerca de 35% das intenções de voto. Rands está na faixa dos 2%.

No Rio Grande do Norte, mais uma vez, o PT vem barrando o avanço do PDT. Os pedetistas têm como candidato ao governo do estado o ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo Alves, em segundo lugar nas pesquisas eleitorais atrás da senadora petista Fátima Bezerra.

Ciro esteve no Nordeste no começo de setembro, no Ceará e na Paraíba, mas o corpo a corpo foi menos intenso – algumas atividades chegaram a ser suspensas devido ao ataque sofrido por Jair Bolsonaro.

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