FHC pede luta pela democracia e confiança em quem tem "plano de voo"

Téo Takar

Do UOL, em São Paulo

  • Tiago Ribeiro

    Os ex-presidentes dos Estados Unidos, Bill Clinton (esq.), e do Brasil, Fernando Henrique Cardoso

    Os ex-presidentes dos Estados Unidos, Bill Clinton (esq.), e do Brasil, Fernando Henrique Cardoso

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou nesta sexta-feira (21) que a solução para superar o momento de quebra de confiança na democracia é "reconstruir a credibilidade" da política e apresentar uma "utopia viável".

"Democracia para mim é um valor. Porque eu vivi a ditadura. Eu acho que vale a pena lutar por ela", disse FHC, em uma palestra para investidores promovida pela XP Investimentos, em São Paulo.

"No Brasil hoje falta confiança. Houve uma quebra da confiança por parte dos homens que conduzem o país. É preciso restaurar a credibilidade. Mas ninguém ganha confiança de novo se não mostrar uma perspectiva melhor para o futuro", declarou o ex-presidente.

"Você não vai para frente se não tiver uma utopia viável. Não basta ser uma utopia, tem que ser viável, para que as pessoas sintam que esse é o caminho", declarou. "Temos que ver quem tem plano de voo. Sem ele, não se chega a lugar nenhum."

As declarações do ex-presidente vêm um dia depois de ele, em carta pública, pedir a união das campanhas de centro em torno de um único nome à Presidência da República para combater as candidaturas de extremos. Neste momento, as principais pesquisas de intenções de voto para o Planalto apontam liderança isolada de Jair Bolsonaro (PSL), seguido por Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT). Ao todo, a corrida eleitoral conta com 13 presidenciáveis.

"Sem que haja escolha de uma liderança serena que saiba ouvir, que seja honesto, que tenha experiência e capacidade política para pacificar e governar o país; sem que a sociedade civil volte a atuar como tal e não como massa de manobra de partidos; sem que os candidatos que não apostam em soluções extremas se reúnam e decidam apoiar quem melhores condições de êxito eleitoral tiver, a crise tenderá certamente a se agravar", afirmou FHC na carta.

Explicações e convencimento

Nesta sexta, FHC afirmou que um caminho para restaurar a credibilidade seria melhorar a comunicação com a população, de forma simples e transparente. Ele citou como exemplo a criação do plano real, em 1994, quando era ministro da Fazenda do governo Itamar Franco.

"Não sou economista. Mas a minha função, como ministro da Fazenda naquela época, era explicar o que seria o plano real. Ao contrário do que fizeram os outros governos que vieram antes, que fizeram diversos planos, nós antecipamos tudo o que iríamos fazer. Começamos a explicar. Aquele cenário de criação do real é parecido com o que temos que fazer agora", afirmou.

Ele disse ainda que o futuro presidente da República terá que convencer o Congresso da necessidade de fazer as reformas estruturais. "Convencer é vencer juntos. Temos que mexer no Orçamento, ganhar o Congresso. Ninguém ganha Congresso sem apoio do povo. E para isso temos que explicar com mais clareza [a importância das reformas]. Ou fazemos isso, ou vamos pagar o preço."

Bill Clinton pede otimismo

Ao lado de FHC na palestra, o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton afirmou que, apesar de todos os problemas enfrentados pelo Brasil, os brasileiros precisam ser menos pessimistas e valorizar mais o próprio país.

"Nunca pensem no seu país somente no sentido negativo. Vocês têm muitas dádivas. Tem muita gente que daria tudo para ter o que vocês têm aqui", disse. "Pensem o que vocês podem fazer para melhorar, com criatividade. Mas não desistam do seu país. Façam o que precisa ser feito".

Ele recomendou que as pessoas trabalhem pelo futuro do país, pensando especialmente nos filhos. "Como eu quero que o Brasil seja quando meus filhos estiverem com a minha idade? Que decisões eu tenho que tomar agora para que isso aconteça?", questionou.

"Se tiver um buraco no seu telhado, você pode esperar chover para reclamar de quem construiu o telhado. Ou pode consertar antes de chover. Então não esperem, consertem o telhado", declarou Clinton.

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