Flávio Dino é reeleito e impõe nova derrota a Roseana Sarney no Maranhão
Carlos Madeiro
Colaboração para o UOL, em Maceió
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Ernesto Rodrigues -11.ago.2015/Folhapress/
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), 50, foi reeleito já em primeiro turno neste domingo (7) para mais quatro anos de mandato. Dino derrotou a ex-governadora Roseana Sarney (MDB), com quem polarizou durante a campanha.
Com a vitória deste domingo, Dino impõe a derrota de 2010 para a mesma Roseana, que naquele ano conseguira a reeleição ao governo do Estado ainda em primeiro turno.
Com mais de 99% das urnas apuradas às 23h50, Dino tinha mais de 59% dos votos válidos e Roseana, pouco mais de 30%. Consulte o placar com todos os índices de votação no Maranhão.
Advogado, Dino já exerceu o cargo de juiz federal antes de deixar a toga para entrar na política, em 2006, quando se candidatou e foi eleito deputado federal. Ele foi presidente da Embratur no primeiro governo Dilma Rousseff. Em 2014 se candidatou ao governo e se elegeu também em primeiro turno.
Governadora por quatro vezes, Roseana amarga sua segunda derrota na disputa pelo governo maranhense. Em 2006, ela foi derrotado por Jackson Lago, que acabou cassado em 2009 e abriu caminho então para a volta ao poder de Roseana --segunda colocada na disputa daquele ano-- por vias judiciais.
Para chegar novamente ao governo, Dino construiu um grande arco de alianças do PCdoB com mais 15 partidos: PRB, PDT, PPS, DEM, PSB, PR, PP, PROS, PT, PTB, Patri, PTC, Solidariedade, PPL e Avante.
Até a segunda-feira (1º), Dino havia declarado ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) arrecadação de R$ 6,8 milhões pra sua campanha, sendo R$ 6,1 milhões destinados pelo diretório nacional do PCdoB. À Justiça Eleitoral, o governador disse possuir bens num valor total de R$ 885 mil.
Troca de farpas
A campanha no Maranhão foi marcada por constante troca de farpas os dos dois principais candidatos. Do lado de Dino, um dos argumentos mais usados foi o de que a família Sarney governou o estado por quase meio século e deixou o Maranhão no topo da pobreza do país.
Sempre que questionado sobre índices, afirmava que estava lutando para reverter o cenário deixado. "Não se resolve o problema de tantos anos em apenas quatro", disse Dino em entrevista à TV Mirante, de propriedade dos Sarney, durante a campanha.
Dino também repetia que o clã Sarney estava com "abstinência do poder" e que, por isso, fazia duros ataques e contava "mentiras" sobre seu governo.
Já Roseana criticou muitas vezes o governo de Dino afirmando que o Maranhão retrocedeu nos quatro anos em que o adversário esteve no poder. "Infelizmente muita coisa parou, mas nunca é tarde para recuperar o tempo perdido. Eleita, vamos reduzir os impostos aos níveis praticados no meu último governo, teremos o retorno das ações sociais e, tenho certeza, retomaremos o crescimento no Maranhão", disse, em campanha na semana final, sempre repetindo que desistiu de sua aposentadoria anunciada por conta do chamado do povo.
Um dos pontos mais quentes da campanha ocorreu há duas semanas da votação, quando aliados de Roseana afirmaram que Dino estaria inelegível por conta de uma condenação de um juiz em primeira instância, em agosto.
Dino reagiu acusando adversários de desespero. "A soma de desespero com falta de caráter resultou em um boato ridículo de que estou inelegível. Não estou. Essas baixarias são típicas de quem está com a pior das inelegibilidades: a falta de votos", afirmou o governador, por meio de seu Twitter.
Veja as promessas de campanha do governador
Em seu plano de governo registrado no TRE (Tribunal Regional Eleitoral), Dino apresenta 65 promessas e divide as ações à frente do governo em quatro eixos fundamentais: enfrentar as injustiças sociais, cuidar bem do dinheiro público, promover o desenvolvimento para todos e ampliar a infraestrutura e logística.
Entre as propostas, o destaque são os projetos para a educação, área em que Dino prevê ampliar para 150 o número de escolas com ensino em tempo integral e para 100 o número de institutos estaduais.
Além disso, o governador reeleito promete a construção de novas unidades de saúde, a redução de impostos para empresa optantes do Simples, a criação do Estatuto Estadual da Igualdade Racial --para "assegurar a execução de políticas públicas" para negros -- e a construção de laboratórios multiusuários regionais para desenvolvimento de pesquisa científica e tecnológica.
Para Senado, Weverton e Eliziane desbancam Lobão e Sarney
Na disputa pelo Senado, a chapa de Dino também saiu vitoriosa. Foram eleitos os senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (?PPS). Ambos são deputados federais.
Para se eleger, Eliziane gastou R$ 1,2 milhão, segundo declaração ao TSE. Já Weverton gastou R$ 1,8 milhão na campanha.
Eles derrotaram a dupla da chapa de Roseana? e tiraram dois nomes de peso da política local: Edson Lobão (MDB) e Sarney Filho (PV).
Weverton iniciou a vida pública em 2000, ainda como assessor da Prefeitura de São Luís. Foi candidato pela primeira à Câmara Federal em 2010, mas não se elegeu e ficou como suplente, vindo a assumir a vaga em 2012.
Já Eliziane iniciou na política como deputada estadual em 2007 e ficou na Assembleia Legislativa por dois mandatos, até 2015, quando a deixou para assumir o posto na Câmara. Em 2016, concorreu à Prefeitura de São Luís, mas acabou ficando fora do segundo turno.
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