Suplicy sofre segunda derrota no Senado e perde vaga para Mara e Olimpio
Luiz Alberto Gomes
Do UOL, em São Paulo
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PAULO LOPES/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
O petista Eduardo Suplicy sofreu a sua segunda derrota consecutiva na disputa pelo Senado. Após liderar as pesquisas Datafolha e Ibope durante todo o período eleitoral, ele acabou sendo superado por Mara Gabrilli (PSDB) e Major Olimpio (PSL), que foram eleitos neste domingo (7) para representar São Paulo no Senado Federal.
Em 2014, o petista foi derrotado por José Serra (PSDB), que recebeu mais de 11,1 milhões de votos e terminou com 58,49% dos votos válidos. Suplicy foi o escolhido por 6,1 milhões, com 32,53%.
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O vereador da cidade de São Paulo começou a cair nas pesquisas nas últimas duas semanas, quando passou a ser atacado principalmente por Ricardo Trípoli (PSDB), adversário por uma vaga no Senado. Na reta final, Trípoli ficou fora do Senado, mas viu a correligionária Mara Gabrilli ser eleita. Ela foi vereadora por São Paulo em 2008, após ser secretária municipal entre 2005 e 2007. Dois anos depois, Mara foi eleita deputada federal e ficou por dois mandatos na Câmara.
Em evento realizado em São Paulo, a nova senadora paulista agradeceu aos eleitores. "Quero agradecer a toda militância do PSDB. Eu sou o típico exemplo de que sozinha, não faço coisa alguma", disse, emocionada, no primeiro discurso após ter sido eleita.
"O que eu venho fazendo é dar voz a muitos brasileiros invisíveis que nunca tiveram oportunidade de serem ouvidos. Estou muito feliz, muito satisfeita", complementou a senadora, enquanto militantes do partido comemoraram aos gritos de "Fora, Suplicy".
O outro eleito foi Major Olimpio, que colou sua imagem ao do candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, e ganhou força na reta final. O militar entrou para a política também em 2006, quando foi eleito deputado estadual. Olímpio foi reeleito em 2010 e voltou a triunfar em 2014, mas agora na disputa para deputado federal.
"Volta Suplicy" frustrado
Durante a campanha, o petista se aproveitou da sua popularidade e usou o slogan "volta, Suplicy" para marcar a busca por votos. Em propagandas para rádio, TV e redes sociais, o político ressaltou seu passado, apareceu fazendo café em casa e até ao lado dos filhos cantando um jingle pelas ruas do centro de São Paulo.
Em seu site, o senador afirmou que as principais metas do mandato seriam implementar o Renda Básica de Cidadania (projeto aprovado em 2004 que assegura uma espécie de salário mensal para todos os brasileiros), a defesa de direitos e oportunidades para minorias, o enfrentamento à violência e o fortalecimento da democracia.
A maior vantagem da renda básica de cidadania é justamente elevar o grau de dignidade e liberdade (a todos)
Eduardo Suplicy em debate entre candidatos de São Paulo ao Senado
Segundo dados do DivulgaCandContas, site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que registra informações de candidatos, Suplicy recebeu R$ 1,3 milhão até a última sexta-feira (5) para fazer sua campanha, sendo que 95% vieram do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC). As despesas do senador também somaram R$ 1,2 milhão e a maior parte foi para propagandas no rádio e na TV e o impulsionamento de conteúdos em redes sociais.
Nova frustração na tentativa de ir ao Senado
Economista e professor universitário, Suplicy foi eleito para um cargo político pela primeira vez em 1978, quando se lançou deputado estadual pelo MDB em SP. Depois disso, ajudou a fundar o PT, venceu uma eleição para deputado federal em 1982, foi eleito vereador na capital do estado em 1988 e ganhou três pleitos seguidos para o Senado, onde ficou por 24 anos consecutivos.
Em 2014, com a disputa por uma cadeira no Senado, o petista foi derrotado por José Serra (PSDB). Longe do Congresso, Suplicy foi secretário municipal de Direitos Humanos em São Paulo, na gestão de Fernando Haddad (PT). Em 2016, o político se candidatou a vereador na capital e obteve a maior votação para um candidato ao cargo desde 1988, com 5,62% dos votos válidos.
Sua carreira política ficou marcada pela defesa dos direitos humanos, o projeto de renda básica de cidadania e por momentos inusitados, como quando o senador recitou em 2007 a música do grupo Racionais MC's durante uma sessão da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).