Com Doria e França, São Paulo volta a ter 2º turno ao governo após 16 anos
Guilherme Mazieiro
Do UOL, em São Paulo
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Arte/UOL
Após três eleições seguidas com vitórias do PSDB no primeiro turno, a chapa de João Doria (PSDB) terá que disputar a cadeira de governador em uma nova votação, no próximo dia 28, contra Márcio França (PSB), que atualmente ocupa a vaga. O resultado foi divulgado após a apuração dos votos deste domingo (7).
Com a votação deste domingo, os paulistas terão que voltar às urnas no segundo turno no próximo dia 28 para determinar quem será o novo governador. Essa situação não acontecia desde 2002, quando Geraldo Alckmin (PSDB) derrotou José Genoino (PT). Nas eleições seguintes, José Serra (PSDB) venceu no primeiro turno, em 2006, assim como o próprio Alckmin em 2010 e 2014.
Com 98,28% das urnas apuradas, Doria tinha 31,77% dos votos válidos, França atingia 21,48% e Skaf registrava 21,13%. Além disso, Luiz Marinho (PT) registrou 12,66% e Major Costa e Silva (DC) recebeu 3,69%. Consulte a lista completa com os resultados da votação de São Paulo.
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O resultado do primeiro turno reforça uma disputa que se iniciou antes da campanha eleitoral, em março, quando ambos batalhavam para ter o apoio de Geraldo Alckmin (PSDB), então governador do estado. Naquele período, Doria começou uma briga jurídica com diversas representações eleitorais contra França acusando-o de uso da máquina para pré-campanha.
O tom da guerra entre os dois ficou ainda mais evidente no último debate, realizado pela Globo, na última terça-feira (2), quando os dois protagonizaram um duelo durante uma pergunta de França para Doria. A briga se estendeu no dia seguinte pelas redes sociais.
"João, tudo na sua campanha parece marketing, não parece verdadeiro. Você não manda nas pessoas, tudo ou é do seu jeito ou não pode falar", criticou França. Apesar não estar no seu tempo de fala, Doria rebateu dizendo que o atual governador foi "líder do PT". "[Você] fez parte do conselho político do governo Lula. Quais conselhos ofereceu ao Lula, que está prisioneiro? Você é de esquerda", disse.
Márcio França manteve um crescimento constante em todas as pesquisas. Os organizadores de sua campanha apostaram principalmente nas peças publicitárias para vencer o maior desafio do candidato do PSB para chegar ao segundo turno: ser conhecido pelo eleitorado.
João Doria deixou prefeitura para disputar governo
O empresário João Doria, 59, é ex-prefeito de São Paulo e declarou possuir patrimônio de R$ 189,8 milhões em bens. O tucano se elegeu para a Prefeitura de São Paulo com vitória em 1º turno sobre Fernando Haddad (PT), que tentava a reeleição, em 2016. Ele descumpriu a promessa que fez de permanecer por quatro anos à frente da gestão do município e deixou o cargo em abril de 2018 para disputar o governo do Estado.
João Doria apresentou em seu plano de governo diretrizes sobre descentralização, participação, eficiência, transparência e inovação. Uma das promessas que o tucano mais citou durante a campanha foi a ampliação do número de Baeps (Batalhão de Ações Especiais da Polícia) no estado, atualmente com cinco unidades. Nas últimas semanas, Doria subiu o tom no discurso de segurança tentando pegar carona nos votos de Bolsonaro.
No meu governo, será polícia nas ruas e bandido na cadeia
Doria várias vezes durante a campanha, em discurso que soa semelhante aos discursos de Paulo Maluf (PP), que pregava "Rota na rua".
Outro programa é a ampliação do Corujão da Saúde, projeto implantado na cidade de São Paulo. O modelo de atendimento público em horários ociosos da rede particular, segundo Doria reduziu as filas de exame na capital. O Tribunal de Contas do Município contesta os dados.
A coligação do tucano tem os partidos DEM, PSD, PRB, PP e PTC. O candidato a vice é Rodrigo Garcia (DEM).
A trajetória de Márcio França
Márcio França tem 55 anos e é o atual governador de São Paulo. O advogado de formação atua na política desde a década de 1990. Passou pelos cargos de prefeito de São Vicente (SP) e deputado federal, e é uma das principais lideranças do PSB nacional.
França passou a maior parte da campanha trocando acusações com Doria. Em uma das propagandas, apresentou reportagens negativas sobre a gestão do adversário na área da saúde, uma das vitrines do tucano à frente da Prefeitura de São Paulo.
Em diversos momentos, também afirmou que Doria "mente", porque "abandonou" a prefeitura. Em uma propaganda de rádio, sua chapa fez, inclusive, um samba em que menciona o assunto.
O candidato diz que pretende ampliar a integração entre as Polícias Civil e Militar e dividir o orçamento das duas corporações, para que tenham mais autonomia. Já na educação, promete valorização de "forma permanente" para os professores.
Eu sou o novo governador de São Paulo."
Slogan de Márcio França (PSB), candidato a governador de São Paulo
O slogan adotado por França foi usado para ajudar a quebrar uma de suas maiores barreiras, o fato de não ser conhecido fora do seu reduto eleitoral, o litoral de São Paulo.
Além do PSB, a coligação de França é composta por PSC, PPS, PTB, PV, PR, Podemos, PMB, PPL, PHS, PRP, Patriotas, Pros, Solidariedade e Avante. A candidata a vice-governadora na chapa é a Coronel Eliane Nikoluk (PR).
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PSDB perde espaço para Bolsonaro no campo contra PT
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