Gleisi diz que Haddad visitará Lula durante campanha "se for possível"

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

  • Cassiano Rosário/Futura Press/Estadão Conteúdo

A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), disse nesta segunda-feira (8) em São Paulo que o candidato do partido à Presidência, Fernando Haddad, visitará o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na prisão durante a campanha de segundo turno "se for possível".

Haddad vinha visitando Lula toda segunda-feira, como inclusive ocorreu hoje de manhã. O candidato passou a ser advogado do ex-presidente, o que dá a possibilidade de visitar Lula em mais dias e horários.

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Questionada se Haddad continuaria mantendo a rotina de visitas, Gleisi disse que Haddad não vê "nenhum problema" em consultar Lula, que segunda a senadora talvez seja "a pessoa de maior experiência política que nós tenhamos no Brasil hoje".

"Vai depender muito da dinâmica da campanha", disse Gleisi. "Se for possível ele [Haddad] vai, se não for possível nós vamos fazer campanha."

Mais cedo, Haddad esteve com Lula na sede da Polícia Federal em Curitiba, onde o ex-presidente cumpre pena. Depois, o candidato falou com a imprensa em um hotel no centro da capital do Paraná, e não na frente da PF, como vinha fazendo quando visitava o ex-presidente.

Na entrevista, Haddad não respondeu se continuaria indo ver Lula às segunda-feiras durante a campanha do segundo turno.

A indefinição sobre as visitas ocorre no momento em que o PT busca expandir seu eleitorado e conquistar votos suficientes para superar Jair Bolsonaro (PSL) -- que teve quase 20 milhões de votos a mais do que Haddad.

Bolsonaro tem usado o fato de Lula estar na cadeia para criticar Haddad. Hoje mesmo, ao recusar a oferta do petista pela assinatura de um compromisso contra contra "calúnia e difamação anônima" nas redes sociais e no WhatsApp, o candidato do PSL chamou Haddad de "pau mandado de corrupto".

Gleisi deu entrevista coletiva em São Paulo ao fim de uma reunião da coordenação da campanha de Haddad. O encontro contou com a presença do ex-ministro Jaques Wagner, senador eleito pelo PT da Bahia. A senadora não respondeu qual será o papel de Wagner na campanha, mas a expectativa é de que ele atue na articulação para ampliar as alianças no segundo turno.

Uma medida que deve ser tomada nesse sentido é a revisão da defesa de uma assembleia constituinte, o que consta do programa de governo de Haddad. A proposta foi abertamente criticada por Ciro Gomes (PDT) durante o debate da Record TV no dia 30.

"Nós vamos sentar com os partidos agora, e possivelmente a gente tenha que fazer uma revisão", disse Gleisi. "Há uma solicitação por parte dos outros partidos para que isso não conste. Então, eu acho que é razoável e de bom tom que, aquilo que a gente puder adequar, fazer. Sem abrir daqueles princípios que são mais caros a nós na questão programática."

Antes da pergunta sobre a proposta de Constituinte, Gleisi disse que o apoio de Ciro era "muito importante". Terceiro colocado, Ciro teve 13,3 milhões de votos (12,47% dos votos válidos).

Segundo o presidente do PDT, Carlos Lupi, o partido deverá dar um "apoio crítico" a Haddad, para evitar o "mal maior" que seria a eleição de Bolsonaro.

Gleisi disse que a campanha está preocupada com um segundo turno que "não tem aspecto de debate político, mas tem aspectos já de eliminação de quem é diferente".

Segundo ela, o assassinato do mestre de capoeira Môa de Katendê, que teria sido morto por motivação política por um eleitor de Bolsonaro; a destruição de uma placa em homenagem a ex-vereadora carioca Marielle Franco, retirada por aliados de Bolsonaro; e declarações dos filhos do candidato "são preocupantes inclusive para garantir a integridade física na participação da campanha".

Gleisi também criticou o fato de filhos de Bolsonaro terem questionado a integridade da votação "porque o pai não foi eleito no primeiro turno". Segundo ela, isso revela "uma faceta que não está integrada à democracia".

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