Bolsonaro representa "tudo o que precisa ser varrido" da Terra, diz Haddad

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

  • Miguel SCHINCARIOL / AFP

    Haddad (PT) participa de ato no Tuca, em São Paulo. Na plateia, um militante segura um cartão com o rosto de Bolsonaro (PSL) e a frase "ele não"

    Haddad (PT) participa de ato no Tuca, em São Paulo. Na plateia, um militante segura um cartão com o rosto de Bolsonaro (PSL) e a frase "ele não"

O candidato à Presidência Fernando Haddad (PT) afirmou nesta segunda-feira (22) que seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL), representa "tudo o que precisa ser varrido da face da terra".

"Ele é um anti-humano. Ele é o anti-ser humano, é tudo o que precisa ser varrido da face da terra", afirmou o petista durante ato realizado na noite de hoje no Tuca, Teatro da PUC-SP em Perdizes, zona oeste de São Paulo.

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A declaração do presidenciável rebateu uma fala de Bolsonaro, que neste domingo (21) prometeu fazer uma "faxina" e banir os "marginais vermelhos" do país, dizendo que seus opositores terão de escolher entre ir "para fora" ou "para a cadeia".

"Ontem ele fez um discurso muito grave, que eu nunca tinha visto uma pessoa ter coragem de fazer. Ameaçar de morte um adversário. Ameaçar a integridade física dos seus opositores, dizendo que não terão lugar no Brasil, ou é cadeia, ou é exílio", disse Haddad.

Ao criticar Bolsonaro, o petista voltou a subir o tom, como vem fazendo em suas últimas agendas de campanha, e chamou o deputado federal de "soldadinho de araque".

"Quero dizer para ele uma coisa muito simples: o projeto que ele representa já perdeu, já está derrotado", afirmou Haddad.

O petista ainda associou o apoio a Bolsonaro a um momento de "delírio" e de "perturbação".

"A humanidade jamais vai concordar com o arbítrio. Ela pode, até, em um momento de delírio, de perturbação, de raiva, de ódio, pode até querer abraçar o projeto que ele representa. Mas a gente acorda desse pesadelo e realiza a humanidade que tem dentro de nós", disse.

Esperança por virada

Haddad participou de um ato de campanha com juristas, religiosos e artistas no Tuca, em São Paulo. Entre os presentes, estavam o presidenciável derrotado no primeiro turno Guilherme Boulos (PSOL), os ex-ministros Paulo Sérgio Pinheiro, Celso Amorim e José Eduardo Cardozo, atores como Mônica Iozzi e Sérgio Mamberti, além de lideranças religiosas como o Padre Júlio Lancelotti e a Monja Cohen.

O teatro foi lembrado como um local de "viradas" petistas por Haddad. Em 2010 e 2014, por exemplo, o PT realizou no Tuca os atos da campanha de Dilma Rousseff para o segundo turno.

"Já vi muita virada aqui, e essa vai ser mais uma, com toda certeza", disse o petista, que está atrás de Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto.

Na saída do teatro, Haddad subiu em uma varanda para acenar à militância que acompanhou o evento do lado de fora, por um telão.

"Quero pedir para cada um de vocês um voto a mais para varrer o fascismo desse país", afirmou.

Sem frente ampla, ato tem tom de diversidade

Com o fracasso de uma aliança de lideranças partidárias em torno da candidatura de Haddad, o ato desta segunda teve tom de união em torno da diversidade.

Representantes de 69 torcidas organizadas entregaram um manifesto de apoio à candidatura de Haddad - entre elas, a Democracia Corinthiana e a Porcomunas. Rivais nas arquibancadas, os torcedores subiram ao palco lado a lado para entregar o manifesto a Haddad.

Representantes de sete religiões também declararam apoio ao petista. Entre eles, uma líder espírita, uma jovem da frente feminista judaica, um líder da comunidade muçulmana e representantes de matrizes africanas. Também manifestaram apoio a Haddad pastores evangélicos, além do padre Júlio Lancelotti, que em seu discurso falou na luta contra o fascismo.

Ainda foram entregues a Haddad manifestos de juristas, de profissionais da saúde e de escritores, editores e livreiros.

"Somos resistência. O Haddad é a nossa bandeira e o 'ele não' é a nossa oração", disse o advogado Fábio Tofic em seu discurso.

O médico e pesquisador Miguel Nicolelis fez um apelo aos cientistas: "Peço a todos os cientistas, homens e mulheres desse país: essa é a bifurcação também da ciência brasileira. Porque dependendo dessa eleição, ela também não existirá mais".

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