Bolsonaro representa "tudo o que precisa ser varrido" da Terra, diz Haddad
Ana Carla Bermúdez
Do UOL, em São Paulo
-
Miguel SCHINCARIOL / AFP
Haddad (PT) participa de ato no Tuca, em São Paulo. Na plateia, um militante segura um cartão com o rosto de Bolsonaro (PSL) e a frase "ele não"
O candidato à Presidência Fernando Haddad (PT) afirmou nesta segunda-feira (22) que seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL), representa "tudo o que precisa ser varrido da face da terra".
"Ele é um anti-humano. Ele é o anti-ser humano, é tudo o que precisa ser varrido da face da terra", afirmou o petista durante ato realizado na noite de hoje no Tuca, Teatro da PUC-SP em Perdizes, zona oeste de São Paulo.
Leia também:
- CNT/MDA: Bolsonaro lidera com 57% de votos válidos; Haddad tem 43%
- "Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria", diz Bolsonaro
- Duas semanas após 1º turno, Marina Silva declara "voto crítico" em Haddad
- Gleisi diz que fala de Bolsonaro é pior que Hitler; PT promete acionar STF
A declaração do presidenciável rebateu uma fala de Bolsonaro, que neste domingo (21) prometeu fazer uma "faxina" e banir os "marginais vermelhos" do país, dizendo que seus opositores terão de escolher entre ir "para fora" ou "para a cadeia".
"Ontem ele fez um discurso muito grave, que eu nunca tinha visto uma pessoa ter coragem de fazer. Ameaçar de morte um adversário. Ameaçar a integridade física dos seus opositores, dizendo que não terão lugar no Brasil, ou é cadeia, ou é exílio", disse Haddad.
Ao criticar Bolsonaro, o petista voltou a subir o tom, como vem fazendo em suas últimas agendas de campanha, e chamou o deputado federal de "soldadinho de araque".
"Quero dizer para ele uma coisa muito simples: o projeto que ele representa já perdeu, já está derrotado", afirmou Haddad.
O petista ainda associou o apoio a Bolsonaro a um momento de "delírio" e de "perturbação".
"A humanidade jamais vai concordar com o arbítrio. Ela pode, até, em um momento de delírio, de perturbação, de raiva, de ódio, pode até querer abraçar o projeto que ele representa. Mas a gente acorda desse pesadelo e realiza a humanidade que tem dentro de nós", disse.
Esperança por virada
Haddad participou de um ato de campanha com juristas, religiosos e artistas no Tuca, em São Paulo. Entre os presentes, estavam o presidenciável derrotado no primeiro turno Guilherme Boulos (PSOL), os ex-ministros Paulo Sérgio Pinheiro, Celso Amorim e José Eduardo Cardozo, atores como Mônica Iozzi e Sérgio Mamberti, além de lideranças religiosas como o Padre Júlio Lancelotti e a Monja Cohen.
O teatro foi lembrado como um local de "viradas" petistas por Haddad. Em 2010 e 2014, por exemplo, o PT realizou no Tuca os atos da campanha de Dilma Rousseff para o segundo turno.
"Já vi muita virada aqui, e essa vai ser mais uma, com toda certeza", disse o petista, que está atrás de Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto.
Na saída do teatro, Haddad subiu em uma varanda para acenar à militância que acompanhou o evento do lado de fora, por um telão.
"Quero pedir para cada um de vocês um voto a mais para varrer o fascismo desse país", afirmou.
Sem frente ampla, ato tem tom de diversidade
Com o fracasso de uma aliança de lideranças partidárias em torno da candidatura de Haddad, o ato desta segunda teve tom de união em torno da diversidade.
Representantes de 69 torcidas organizadas entregaram um manifesto de apoio à candidatura de Haddad - entre elas, a Democracia Corinthiana e a Porcomunas. Rivais nas arquibancadas, os torcedores subiram ao palco lado a lado para entregar o manifesto a Haddad.
Representantes de sete religiões também declararam apoio ao petista. Entre eles, uma líder espírita, uma jovem da frente feminista judaica, um líder da comunidade muçulmana e representantes de matrizes africanas. Também manifestaram apoio a Haddad pastores evangélicos, além do padre Júlio Lancelotti, que em seu discurso falou na luta contra o fascismo.
Ainda foram entregues a Haddad manifestos de juristas, de profissionais da saúde e de escritores, editores e livreiros.
"Somos resistência. O Haddad é a nossa bandeira e o 'ele não' é a nossa oração", disse o advogado Fábio Tofic em seu discurso.
O médico e pesquisador Miguel Nicolelis fez um apelo aos cientistas: "Peço a todos os cientistas, homens e mulheres desse país: essa é a bifurcação também da ciência brasileira. Porque dependendo dessa eleição, ela também não existirá mais".
Receba notícias do UOL. É grátis!
Veja também
- Boulos vai ao STF contra Eduardo Bolsonaro por calúnia e difamação
- Após "apoio crítico" de Cid, Haddad se apoia em Camilo para crescer no CE
-
- New York Times faz editorial sobre "escolha triste do Brasil" por Bolsonaro
- Atacar o Judiciário é atacar a democracia, diz Toffoli
- Ministro do TSE veta programa de Haddad que associa Bolsonaro à tortura